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Em sua estreia nas ruas como candidata à Presidência da República, a ex-senadora Marina Silva (PSB) fez um afago ao ex-governador José Serra (PSDB), do partido um de seus adversários de campanha Aécio Neves. Ao discursar neste sábado (23) no Recife, Marina disse que vai contar, caso seja eleita, com apoio de políticos cujas siglas não a apoiam. Citou Pedro Simon (PMDB-RS), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Cristóvão Buarque (PDT-DF), Eduardo Suplicy (PT-SP) e o próprio Serra. "Mesmo que estejamos em palanques diferentes, se não for o Suplicy e for o Serra, eu tenho certeza que ele não vai nos faltar. Porque não é possível que as pessoas não aprendam que nós temos que nos libertar da velha República", disse a senadora ao criticar "alianças inadequadas".

Em São Paulo, apesar da contrariedade de Marina, o PSB está aliado com o PSDB, partido ao qual fez críticas diretas e Serra era o nome de parte dos tucanos para disputar a Presidência até pouco antes do fim dos prazos estabelecidos pelo TSE. "O PT e o PSDB fazem a polarização. Não se escutam. E se eles não se escutam, como vão escutar a sociedade brasileira?", questionou a ex-ministra em cima de um pequeno tablado sob o sol de meio-dia no bairro pobre de Casa Amarela, zona norte do Recife, terra do candidato Eduardo Campos, morto no último dia 13 em acidente aéreo, em Santos, no litoral paulista.

Após a substituição de Campos por Marina, pessebistas enfrentam dificuldades em palanques em outros Estados como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Alagoas. O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), apresentado nesta manhã ao grande público como vice da chapa, ficou o tempo todo ao lado da candidata. "A nossa política de alianças vai ser essa que vai ser respaldada pela sociedade brasileira", disse Marina.

"Eu sempre disse, desde 2010, que nós haveremos de ter maioria para governar com a ajuda dos homens e mulheres de bem do Congresso Nacional que existem em todos os partidos", afirmou a ex-senadora.

Filme bonitinho

A candidata também fez críticas ao governo de Dilma Rousseff, outra adversária de Marina nestas eleições, e rebateu a presidente, que disse na sexta-feira (22) que a redução da meta de inflação implicaria em cortes em programas sociais."Nós temos que ter a clareza que essa lógica [de não permitir a redução da meta de inflação] é daqueles que não querem cortar outras coisas, inclusive o inchaço da máquina pública, onde já temos quase 40 ministérios, inclusive os desvios do dinheiro público e o privilégio de alguns setores que de uma hora para outra são ungidos", afirmou Marina.

Para ela, combater a corrupção também ajuda. "Se acabar com o toma lá da cá em torno dos ministérios, combatendo a corrupção, com certeza vamos conseguir combater a inflação, mantendo as prioridades para as políticas sociais. Isso é uma questão de escolhas. O problema é que tem gente que não quer mudar as escolhas", disse. "Não adianta fazer filme bonitinho dizendo que está tudo azul, que está tudo cor de rosa, quando a inflação ameaça corroer o salário dos trabalhadores, quando o baixo crescimento é, sim, uma ameaça ao emprego daqueles que precisam trabalhar para sustentar suas famílias."

Banco de reservas

Segundo Marina, tem gente boa que está de fora do governo Dilma ou "no banco de reservas". "A sociedade brasileira tem que virar o técnico desta seleção para chamar os melhores para governar o Brasil." Sem citar nominalmente Dilma, Marina criticou o estilo "gerente" de governar. "Quando se tem visão estratégica, [quando] sabe unir a equipe, a gente consegue os melhores gerentes", afirmou.

Na semana em que Dilma e Aécio visitaram cidades nordestinas, Marina se referiu à região como "solução" e não "problema" para o Brasil, "desde que não seja visitado e afagado no tempo das eleições para diminuir a diferença dos votos".

Após o discurso, Marina Silva respondeu a perguntas de jornalistas. No entanto, a entrevista coletiva foi feita em meio a dezenas de militantes.

Os jornalistas tiveram de fazer suas perguntas num microfone que transmitia tudo em caixas de som. Quando um repórter perguntou sobre a propriedade do jatinho em que estava Eduardo Campos e outras seis pessoas, ele foi vaiado e chamado de "petista".

Questionada sobre o formato da coletiva, a assessoria da senadora disse que o evento era público e que as entrevistas não poderiam ser tratadas como algo "privado".Quanto ao avião, Marina não respondeu e coube a Beto Albuquerque dizer que as informações necessárias estão sendo apuradas. O candidato a vice também disse querer "justiça". "Queremos saber, e ainda não foi explicado, como esse avião caiu e matou o nosso líder. Queremos justiça nesse caso", disse o deputado.

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