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Dilma Rousseff ganhou em Minas Gerais, terra natal de Aécio, com 43% dos votos válidos | Paulo Fonseca/Efe
Dilma Rousseff ganhou em Minas Gerais, terra natal de Aécio, com 43% dos votos válidos| Foto: Paulo Fonseca/Efe

Tradição

Presidenciáveis tucanos costumam bater petistas no Paraná

O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais no Paraná confirmou a tendência de vitórias tucanas nas eleições nacionais no estado. Em 2006, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) obteve 53% dos votos batendo o presidente eleito Lula (PT), que teve 37% dos votos dos paranaenses no primeiro turno.

Na eleição seguinte, José Serra fez 300 mil votos a mais que Dilma no primeiro turno e venceu aqui com uma diferença de 43% a 38%. No segundo turno, há quatro anos, Serra também venceu Dilma por 55% a 44%.

Para o professor da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, este cenário "deve se manter e até se ampliar" no segundo turno das eleições 2014.

O resultado da eleição presidencial por estado mostra que a maior parte das unidades da federação manteve suas convicções políticas nos últimos quatro anos. Dos 18 estados que deram vitória para Dilma Rousseff (PT) em outubro de 2010, somente três mudaram de opinião.

INFOGRÁFICO: Confira a relação de votos por região

Veja o resultado da apuração dos votos para presidente em todo Brasil

Veja o resultado da apuração dos votos para presidente no Paraná

Aécio Neves (PSDB) tomou o primeiro lugar do PT em Goiás e Espírito Santo, e Marina Silva (PSB) ganhou liderança em Pernambuco – o estado de Eduardo Campos, que morreu na queda de um avião em agosto, com quem ela concorria como vice. O Acre, que deu vitória ao candidato tucano quatro anos atrás (José Serra), desta vez se rendeu a Marina, nascida na capital Rio Branco (veja infográfico ao lado).

No final das contas, Dilma ficou com 15 das 27 unidades da federação (nove no Nordeste). O PSDB tinha oito no primeiro turno de 2010 e chegou a dez com Aécio (oito no corredor de Rondônia a Santa Catarina, incluindo o Paraná). E Marina, que havia vencido no Distrito Federal, teve duas vitórias estaduais (PE e AC).

Mudanças decisivas

As mudanças mais significativas ocorreram na proporção dos votos dos concorrentes à Presidência nos colégios eleitorais mais fortes do país. E, apesar de ter ficado em terceiro, Marina protagonizou essas alterações.

No estado com maior número de eleitores, São Paulo, Dilma perdeu 2,85 milhões de votos, passando de 37% (primeiro turno de 2010) para 26% dos votos válidos agora. Marina conseguiu atrair cerca de 850 mil eleitores extras e subiu quatro pontos (de 21% para 25%). E o PSDB cresceu três pontos atraindo 680 mil votos que supostamente eram da campanha petista (passando de 41% para 44%).

Já no segundo colégio eleitoral do país, Minas Gerais, terra natal de Aécio, o tucano ampliou a margem do PSDB de 31% para 40%, com 1,1 milhão de votos extras. Tirou mais votos de Marina (21% em 2010 para 14% ontem) do que de Dilma (47% para 43%), que obteve vitória em ninho tucano.

Tanto em São Paulo como em Minas, os eleitores de Marina passam a ser disputados como carta decisiva para o segundo turno. São 5,8 milhões e 1,6 milhão de votos dados ao PSB, respectivamente. Em outros dois estados os eleitores de Marina passam de 2 milhões: Rio de Janeiro (2,6 milhões) e Pernambuco (2,3 milhões). Nos três estados do Sul, o total de votos de Marina chegou a 2 milhões.

Clube dos sete

Para tirar a liderança de Dilma no segundo turno, Aécio terá de ampliar seu desempenho em sete estados (SP, MG, RJ, PE, RS, SC e PR), onde Marina somou 14 milhões de votos. Não só pela alta concentração de eleitores, mas principalmente pela afinidade desses estados com o PSDB. Aécio mostrou maior penetração no Centro-Sul do que no Norte e Nordeste, redutos eleitorais do PT.

Dilma ampliou de 10 para 12 o número de estados na metade norte do país, onde obteve 50% dos votos ou mais no primeiro turno. Em seis deles, alcançou 60% ou mais, passando de 70% no Piauí.

No PR, Aécio Neves venceria no 1.º turno

Sandro Moser

Se dependesse apenas do voto do eleitor paranaense, o candidato Aécio Neves (PSDB) teria vencido a corrida presidencial já no primeiro turno. Na votação de ontem, o candidato tucano obteve 3.018.548 votos (49,7%) contra 1.972.761 (32,5%) da presidente Dilma Rousseff (PT) e 860.685 (14,2%) de Marina Silva (PSB).

A votação expressiva de Aécio reforça o Paraná como um reduto eleitoral tucano. Nas duas últimas eleições presidenciais, os candidatos do PSDB bateram os adversários petistas no estado. Neste ano, porém, a diferença entre o tucano e a presidente Dilma, segunda colocada, foi de mais de 1 milhão de votos – o equivalente a 17 pontos porcentuais –, a maior amplitude registrada entre os partidos nos últimos três pleitos em que os tucanos foram derrotados no país, e nos quais sempre venceram com folga no estado (leia mais ao lado).

De acordo com o professor de ciência política da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Bianco Zalmora Garcia, parte da votação expressiva de Aécio deve-se à ascendência do governador Beto Richa (PSDB), cuja campanha que o reelegeu em primeiro turno acabou orientando uma boa parcela de votos para o presidenciável tucano.

Por outro lado, afirma Garcia, a campanha enfraquecida e mal estruturada do Partido dos Trabalhadores no estado "abriu um flanco para a ofensiva de Aécio". "Houve um distanciamento muito grande do discurso e da prática do governo federal e da campanha petista com a política paranaense, especialmente sentido pelas prefeituras do interior do estado", avalia.

Onda Marina

O professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Costa de Oliveira concorda que as reeleições de Richa e do senador Álvaro Dias (PSDB) turbinaram a vitória de Aécio, mas também coloca o esvaziamento da terceira força da disputa nesta conta.

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