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O candidato mais rico do país quer ser prefeito em São Carlos, cidade de 250 mil habitantes no interior de São Paulo. Airton Garcia (PSB) diz ser dono de R$ 439 milhões, distribuídos entre investimentos em negócios imobiliários, hotelaria, fazendas e R$ 7,7 milhões em espécie.

As informações foram levantadas pela Gazeta do Povo com base nas declarações de bens divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O candidato já havia sido considerado o mais afortunado em 2012, com bens de R$ 224 milhões, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Neste ano, ele colocou do próprio bolso R$ 191 mil na campanha, cócegas perante o seu patrimônio e até mesmo em relação a outras “auto-doações” – Rafael Greca (PMN), por exemplo, investiu R$ 600 mil para conquistar o eleitorado de Curitiba.

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Nas últimas eleições, Garcia não foi o escolhido, mas agora aparece liderando as pesquisas da cidade. Em agosto, o Ibope deu 38% de intenções de voto para a sua campanha, contra 12% do atual prefeito, Paulo Altomani (PSDB).

Sobrando zeros

No entanto, por puro casuísmo, ele não lidera a lista dos 100 candidatos com as maiores fortunas do país. Antes dele, aparecem dez postulantes a vereador e um a prefeito em outras dez cidades diferentes. Todos eles com problemas de zero nas contas.

A história do candidato com a lista de bens mais gorda do Brasil é um exemplo da furada. Antônio Guimarães da Silva, filiado ao PR, ex-postulante a vereador em Bom Jesus do Amparo (MG), declarou R$ 4 bilhões ao TSE no começo de agosto, o que compreende uma casa de R$ 1,5 bilhão e lojas de R$ 2,5 bilhões.

Ele cancelou a candidatura e alegou que os problemas no registro foram do partido. Na declaração encaminhada à Justiça, ainda havia um Ford Belina 1977 de R$ 4 mil. Os bens do candidato eram quase mil vezes maiores do que o valor declarado pelo candidato mais rico de Curitiba, Ademar Pereira (Pros), que diz ser dono de R$ 4,1 milhões.

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A trama do candidato com a segunda maior lista de bens também é cascata. José Radi Neto (PEN) continua como candidato a vereador em Araguari (MG) e tem juntado aos seus documentos no TSE uma casa de R$ 3 bilhões e outra de R$ 350 mil. Esses bens o colocariam perto da 15ª fortuna do país, do banqueiro André Esteves, que tem cerca de R$ 7 bilhões, segundo dados de 2015 da revista Forbes. Para ajudar na sua eleição, ele doou do próprio bolso apenas R$ 501 para a campanha. O salário de vereador na cidade é de R$ 10 mil.

Segundo o TSE, esses valores possivelmente estão errados e os próprios candidatos ou partidos devem retificar os dados. O juiz eleitoral também pode avisar os pleiteantes. A lista desatualizada não enseja punição porque os bens têm caráter informativo para o eleitor. A assessoria do PEN em Araguari informou que alguns zeros serão tirados do placar de Neto.

Milionários

A lista dos candidatos mais ricos mostra sete “bilionários” ao acaso e outros 93 milionários, com valores que vão de R$ 37,2 milhões a R$ 650 milhões, entre bens declarados de maneira correta e os errados.

O primeiro da lista dos milionários que não chegam a ser bilionários é o candidato a vereador Carlos (PMDB), de Colinas (RS). Ele jura que um Fiat Uno 1996 que está em seu nome vale R$ 650 milhões. Em Ubá (MG), o ator Aurélio Pimenta (PSL), de 23 anos, alega ter um terreno de R$ 600 milhões. Em Curionópolis (PA), Loirinha da Serra Pelada (PR), técnica em enfermagem, declarou uma quota no Sistema Integrado de Assistência a Saúde Humana (Siashum) por R$ 540 milhões.

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Entre os postulantes, são 31 para prefeito, cinco a vice-prefeito e 64 a vereador. São 24 mulheres e 76 homens. Os estados com mais representantes são São Paulo (14), Rio de Janeiro e Minas Gerais (13), Pará e Goiás (11) e Mato Grosso (9).

O Paraná conta com apenas um representante nessa lista: Onoralino Paraguai (PTC), dono de um lote avaliado em R$ 103 milhões. Ele colocou do próprio bolso R$ 1 mil na campanha até o momento. O salário de vereador é de R$ 9 mil no município. A reportagem não conseguiu contato com o candidato para validar a informação.

Quem também está na lista, mas de maneira oficial, é Joao Doria Jr. (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo (SP), empresário e publicitário. Segundo os dados do TSE, ele tem R$ 179 milhões de patrimônio, o que compreende 165 pinturas avaliadas em R$ 29 milhões, duas empresas avaliadas (juntas) em R$ 60 milhões e investimentos financeiros na casa dos R$ 22 milhões.

A lista de milionários que concorrem a prefeito engloba ainda o prefeito Otaviano Pivetta (PSB), candidato à reeleição em Lucas do Rio Verde (MT), que declarou R$ 359 milhões ao TSE e já foi considerado um dos políticos mais afortunados do país; Antidio Lunelli (PMDB), candidato em Jaraguá do Sul (SC), que declarou R$ 280 milhões; e Rafael Góis (PRB), de São Gonçalo do Sapucaí (MG), que diz ser dono de R$ 188 milhões, a maior parte (R$ 37 milhões) de uma fazenda denominada Ouro Velho.

O candidato a vice-prefeito mais rico do país é Eduardo Farias (PSB), de Cortês (PE). Ele declarou R$ 108 milhões, a maioria (R$ 106 milhões) de ações de uma administradora e a minoria (R$ 0,63) de uma ação da empresa Telenorte Leste Participações.

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Bilionários

A lista dos bilionários por acaso de Excel conta com outros cinco representantes além de Neto (PEN) e Silva (PR). O terceiro “mais rico” é Fernando Net (PPS), de Valparaíso de Goiás (GO), que diz ter uma empresa avaliada em R$ 2 bilhões e ainda uma Hilux, um Pálio, um Gol e dois Fiat Uno. A empresa tem três mil clientes e apenas vinte funcionários. O salário na Câmara da cidade também é de R$ 10 mil mensais.

Minas Gerais e Bahia completam os estados com bilionários com mais dois representantes cada. Em Betim (MG), cidade de 400 mil habitantes, Maria Vanuzia (PHS) diz ter uma casa de R$ 1,5 bilhão, um pouco mais cara do que a de Joanir Martins Coelho, ou Branco do Amazonas (PP), que declarou ser dono de uma cobertura de R$ 1 bilhão. O partido já investiu R$ 5 mil na sua campanha.

De Teixeira de Freitas (BA) vem outro caso – além do candidato a prefeito morto. Ataléia (PMDB), postulante a vereador, declarou um ponto comercial no centro da cidade por R$ 1 bilhão e uma casa de R$ 500 mil. E Itanagra (BA) tem o único candidato ao Executivo na lista dos seres com muitos zeros para deixar de herança. Inaldo Teixeira (PRP) declarou uma casa de R$ 1,2 bilhão, mais cara que um prédio comercial (inteiro) que também está em seu nome -vale R$ 800 mil. Curiosamente, o candidato também não parece ver muito futuro na sua candidatura: investiu apenas R$ 1,7 mil do próprio bolso na campanha.

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Comparação com Curitiba

Em Curitiba, o maior patrimônio é de Ademar Pereira (Pros). O prefeito Gustavo Fruet (PDT) declarou o montante de R$ 2,9 milhões; Requião Filho (PMDB), R$ 1,9 milhões; Maria Victoria (PP), R$ 897 mil; Rafael Greca (PMN), R$ 573 mil; e Tadeu Veneri (PT), R$ 342 mil.

O candidato a vereador mais rico da cidade é Paulo Rink (PR), que informou patrimônio de R$ 9,2 milhões e tenta a reeleição. O segundo mais apessoado é Sidney Francisco da Silva (PTC), corretor de imóveis. Trinta e oito milionários estão na corrida por uma das vagas de vereador em Curitiba – a mesma quantidade das cadeiras da Câmara Municipal.

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