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Celso Russomanno (acima) e Marcelo Crivella - PRB lidera nas duas maiores cidades do país | Montagem - Marcell Roncon/Estadão Conteúdo e Divulgação/Marcelo Crivella
Celso Russomanno (acima) e Marcelo Crivella - PRB lidera nas duas maiores cidades do país| Foto: Montagem - Marcell Roncon/Estadão Conteúdo e Divulgação/Marcelo Crivella

O avanço da Operação Lava Jato atingiu em cheio a imagem do PT neste ano de eleições municipais, mas as pesquisas de opinião mostram que outros partidos tradicionais também estão perdendo espaço nas capitais brasileiras. Atualmente, 14 siglas diferentes dividem a preferência do eleitorado em 26 municípios. Em 2012, apenas 11 partidos tinham sido eleitos nesses locais.

Por enquanto, o PT é o mais atingido. Com base nas pesquisas realizadas pelo Ibope no mês de setembro e agosto, o partido lidera em apenas uma capital: Rio Branco (AC), onde o candidato Marcus Alexandre tenta a reeleição. Em 2012, o PT ganhou em São Paulo (SP), Goiânia (GO) e João Pessoa (PB).

INFOGRÁFICO: a dispersão dos votos entre os partidos em capitais

Tendência é que partidos nanicos driblem cláusula de barreira

Para a cientista política Roseli Coelho, é difícil imaginar um cenário sem partidos pequenos no Brasil. A proliferação de siglas levou o Congresso a discutir novas cláusulas de barreira. “O Supremo já decidiu uma vez que a cláusula era inconstitucional. Se for aprovado algo parecido, de restrição ao fundo partidário e espaços políticos, os partidos com certeza vão recorrer”, avalia.

Segundo levantamento do portal G1, a cláusula, na forma como tramita hoje no Senado, poderia dificultar o funcionamento de 14 siglas. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 36/2016 foi apresentada pelos senadores Ricardo Ferraço (ES) e Aécio Neves (MG), ambos do PSDB. Na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa aprovou o texto, que cria regras de desempenho a serem cumpridas a partir das eleições de 2018: pelo menos 2% de votos válidos distribuídos em 14 estados, e desempenho crescente no pleito seguinte.

O PSDB, grande oponente dos petistas no cenário nacional, não mostrou avanços até agora. Em 2012, venceu em quatro capitais. Atualmente, lidera também em quatro. O PMDB do presidente Michel Temer, porém, tem mostrado avanços recentemente. Na eleição municipal anterior, havia conquistado apenas as prefeituras do Rio de Janeiro (RJ) e Boa Vista (RR). Em 2016, está na liderança em Boa Vista, Florianópolis (SC) e Goiânia (GO).

A tendência, porém, é de difusão. Partidos médios, que também se posicionaram pelo impeachment de Dilma Rousseff, perderam terreno, como o PPS e o PP, que não estão na frente em nenhuma capital atualmente, e o DEM, que lidera apenas em Salvador, contra duas conquistas em 2012.

Em Curitiba, o nanico PMN, que não tem representatividade na Câmara Federal, aparece na liderança, mas pelas mãos de um político tradicional: Rafael Greca. Outras legendas que não figuravam entre os vencedores em 2012 e agora lideram pesquisas são o PRB – o partido ligado à Igreja Universal está na preferência do eleitorado das duas maiores capitais brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro; o PSol, à frente em Belém (PA) e Cuiabá (MT); SD em Vitória (ES) e a Rede, em Macapá (AP).

Esgotamento

Na avaliação do professor de Ciência Política da Uninter Doacir Quadros, as manifestações de 2013 marcaram o início do declínio dos grandes partidos. “De lá para cá, houve uma grande migração partidária e criação de novos partidos”, observa.

Atualmente há 32 partidos com representatividade na Câmara dos Deputados. A proliferação de siglas suscita uma série de críticas, mas tem funcionado bem aos políticos. “Do ponto de vista deles, é uma estratégia eficiente, pois fogem das legendas tradicionais, envolvidas, a grande maioria, em uma série de escândalos”, diz. Neste cenário, o eleitor tende a definir o voto pelo candidato, e não pelo partido. “Isso já acontece, mas torna-se cada vez mais forte”, acrescenta. Ele ressalta que a definição do voto na eleição municipal é bem imediatista, e por isso os temas nacionais causam pouco impacto.

A professora de Ciência Política Roseli Coelho, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp), pondera que o apoio dos grandes partidos continuará fundamental, principalmente no segundo turno. Para ela, a eleição de 2012 mostra a formação de novos agrupamentos partidários, mas que não se sustentam sem a estrutura dos maiores.

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