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Cunha deixa a Justiça Federal, em Curitiba | Antônio More/Gazeta do Povo
Cunha deixa a Justiça Federal, em Curitiba| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Em depoimento prestado por três horas ao juiz Sergio Moro na tarde desta terça-feira (7), o deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que tem um aneurisma igual ao que matou a ex-primeira-dama Marisa Letícia na semana passada, após um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo o ex-parlamentar, o local onde ele está preso não tem estrutura para atendê-lo caso ocorra uma emergência médica semelhante à vivida pela mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu gostaria também de dizer que eu sofro do mesmo mal que acometeu a ex-primeira dama Marisa Letícia, um aneurisma cerebral. Aproveito até para prestar minha solidariedade à família pelo acontecimento”, disse Cunha ao juiz federal. “O presídio onde ficamos não tem a menor condição de atendimento se alguém passar mal. São várias noites em que presos gritam sem sucesso por atendimento médico e não são ouvidos pelos poucos agentes que lá ficam à noite”, completou.

Assista ao depoimento de Cunha em vídeo

Atualmente, o ex-presidente da Câmara está preso no Complexo Médico Penal (CMP), que fica em Pinhais, cidade da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Ele está encarcerado desde o dia 19 de outubro do ano passado, sendo que ficou inicialmente na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) no bairro Santa Cândida, sendo posteriormente transferido, sob protestos de seus advogados de defesa, ao CMP.

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Cunha também manifestou preocupação com sua segurança no presídio. “Eu quero listar que o juízo tem também uma responsabilidade pela minha segurança”, começou Cunha. “Lá eu estou colocado em uma situação absurda. Onde nós estamos, volto a dizer, embora digno, tratamento respeitoso, não tenho o que reclamar em relação a isso, mas estamos misturados com presos condenados por violências inimputáveis (sic), onde todos estão absolutamente em risco”, afirmou o ex-deputado.

Aproveitando a visita à Justiça Federal, os defensores de Cunha protocolaram um novo pedido de liberdade para o ex-deputado, que será analisado pelo juiz Sergio Moro. No final do depoimento, Cunha disse perante Moro que acredita que pode ser libertado, uma vez que a instrução processual chegou ao fim e ele não possui contas no exterior. Nesta quarta-feira (8) o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deve analisar uma reclamação protocolada pelos advogados de Cunha, que também pede a liberdade do ex-deputado.

Julgamento político

Cunha reclamou do que chamou de julgamento político da Lava Jato. O ex-deputado criticou o fato de empresas estrangeiras, como a Samsung, não serem responsabilizadas enquanto empresas brasileiras são condenadas a pagar multas milionárias. “As punições não podem ser seletivas e poupar os corruptores internacionais. Falo com autoridade de quem foi responsável pelo impeachment da ex-presidente da República para defender a legalidade do nosso país. Não é minha prisão que vai me impedir de elencar minhas opiniões. Que os verdadeiros culpados sejam punidos, respeitando o contraditório e o devido processo legal, e que não haja antecipação de cumprimento de pena por prisão cautelar”, disse.

Cunha depôs no processo da Operação Lava Jato em que é acusado de receber propina de R$ 5 milhões em um contrato para compra de um campo de petróleo, pela Petrobras, no Benin (África), e de usar contas em bancos suíços para lavar o dinheiro.

O processo contra o ex-deputado começou no âmbito do STF. Contudo, depois que ele foi cassado e perdeu o foro privilegiado, o caso foi encaminhado ao juiz Sergio Moro.

Defesa diz desconhecer problema de saúde e defende inocência de Cunha

O advogado de defesa de Cunha, Marlus Oliveira, disse desconhecer qualquer problema de saúde apresentado pelo ex-deputado. Ele disse que Cunha não apresentou ao juiz nenhum documento médico que comprove a existência de um aneurisma. Oliveira ainda afirmou que Cunha se disse preocupado com sua segurança no presídio, principalmente por causa das situação carcerária no país.

Em relação ao processo em si, Oliveira afirmou que Cunha apresentou documentos que comprovariam a origem lícita do dinheiro em suas contas. Cunha negou ter envolvimento com irregularidades na Petrobras.

Assista a partir dos 13min21: Cunha fala sobre o aneurisma e condições da prisão

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