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Contradição: Gardolinski nega que soubesse do vídeo. Mas, nas imagens, ele aparece inicialmente longe da câmara (na primeira imagem, só suas pernas).  Depois,  se aproxima, mexe em algo, e o enquadramento da imagem muda. Gardolinski, então, volta à mesa | Fotos: reprodução
Contradição: Gardolinski nega que soubesse do vídeo. Mas, nas imagens, ele aparece inicialmente longe da câmara (na primeira imagem, só suas pernas). Depois, se aproxima, mexe em algo, e o enquadramento da imagem muda. Gardolinski, então, volta à mesa| Foto: Fotos: reprodução

Denunciante diz que suspeitas foram confirmadas

O ex-servidor da prefeitura de Curitiba Rodrigo Oriente, que foi apontado por Alexandre Gardolinski como responsável pelo dinheiro distribuído aos dissidentes do PRTB, disse que o depoimento de ontem "foi uma tentativa infeliz de tentar descaracterizar a compra de apoio político" pelo PSDB. Ela afirmou ainda que as declarações de Gardolinski confirmam sua denúncia de que houve caixa 2 na campanha de reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB).

"Ele (Gardolinski) confirma que eu paguei parte das despesas do comitê. Essa foi a minha motivação para fazer a denúncia. Eu só quero meu dinheiro de volta", disse. "Ele confirma que fui eu que paguei parte desses valores e, como não me foi dado nenhum recibo eleitoral referente a estes pagamentos, na minha opinião o Alexandre (Gardolinski) me ajudou a sustentar a minha denúncia de caixa dois, já que não tenho nenhum recibo eleitoral desses pagamentos", completou Oriente.

O ex-servidor municipal, que trabalhou no Comitê Lealdade, afirmou que teve um prejuízo de R$ 47 mil no comitê. "Emprestei esse dinheiro para ele, mas ele não me pagou. Depois de tentar por várias vezes cobrar essa dívida, resolvi fazer a denúncia." (KK)

Veja o vídeo dos ex-candidatos recebendo dinheiro das mãos de Alexandre Gardolinski, coordenador do comitê pró-Beto

  • Contradição: Gardolinski nega que soubesse do vídeo. Mas, nas imagens, ele aparece inicialmente longe da câmara (na primeira imagem, só suas pernas). Depois, se aproxima, mexe em algo, e o enquadramento da imagem muda. Gardolinski, então, volta à mesa
  • Contradição: Gardolinski nega que soubesse do vídeo. Mas, nas imagens, ele aparece inicialmente longe da câmara (na primeira imagem, só suas pernas). Depois, se aproxima, mexe em algo, e o enquadramento da imagem muda. Gardolinski, então, volta à mesa

O coordenador do Comitê Lealdade de dissidentes do PRTB, Alexandre Gardolinski, descartou ontem em depoimento qualquer envolvimento do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), no caso que levantou suspeitas de compra de apoio político e de caixa dois na campanha tucana do ano passado.

Gardolinski negou ainda a suspeita de "compra" dos dissidentes pelo PSDB. E afirmou que as despesas do comitê, "ao que sabe", foram declaradas pelos tucanos à Justiça Eleitoral, o que descartaria a suspeita de caixa 2. Ele disse, porém, desconhecer a origem do dinheiro que financiou o comitê. E afirmou que quem distribuía os recursos financeiros aos dissidentes era o ex-servidor municipal Rodrigo Oriente, que denunciou o esquema.

As afirmações foram dadas em depoimento que ele prestou à Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná, que investiga as denúncias. O depoimento de Gardolinski, além de isentar o prefeito, também foi marcado por contradições em relação a declarações que ele próprio havia dado à imprensa anteriormente e com a gravação que tornou público o caso.

Gardolinski foi ouvido porque aparece num vídeo dando dinheiro em espécie para pelo menos 23 ex-candidatos a vereador do PRTB, que abriram mão de disputar uma cadeira na Câmara Municipal para apoiar Richa. A desistência dos ex-candidatos e a fundação do Comitê Lealdade foram uma reação de uma ala de dissidentes do PRTB à uma decisão judicial que obrigou o partido a se coligar com o PTB, do então candidato a prefeito Fabio Camargo. Ontem, o coordenador do comitê disse que o dinheiro não se destinava à "compra" do apoio dos dissidentes, mas para financiar atividades da campanha.

No depoimento prestado ao procurador Néviton Guedes, ao qual a reportagem teve acesso, Gardolinski descarta qualquer envolvimento de Richa no caso, mas diz que ficou decepcionado com o prefeito "por não ter tido um cargo melhor, uma vez que vem se dedicando a apoiá-lo, com muito trabalho e desgaste pessoal, há nove anos". Logo depois que a Gazeta do Povo mostrou a denúncia, Gardolinski foi exonerado do cargo que ocupava na Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego, com salário de quase R$ 3 mil.

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Sobre a gravação, Gardolinski responsabilizou o ex-servidor municipal Rodrigo Oriente, que também trabalhou no comitê, pela autoria do vídeo. Segundo Gardolinski, Oriente tinha um "plano para obter cargo, poder ou vantagem junto à prefeitura".

Oriente havia sido justamente quem denunciou o suposto esquema de compra de apoio político em troca de dinheiro e cargos na administração municipal à Procuradoria Eleitoral.

Na versão apresentada ontem, Gardolinski é categórico ao dizer que "o vídeo foi produzido exclusivamente por Rodrigo Oriente, sem o seu conhecimento". Ele ainda afirmou que "não concordaria ser filmado". No entanto, em entrevista à Gazeta do Povo, publicada no dia 21 de junho, o próprio Gardolinski assume que foi ele quem fez a gravação. Ao ser questionado sobre porque ele gravou os pagamentos, Gardolinski respondeu na ocasião: "Por motivo de segurança, roubo, assalto. Até porque, como não tinha nada de errado, não tinha porque ocultar nada".

Além da declaração à Gazeta, o próprio conteúdo do vídeo sugere que Gardolinski sabia da gravação. Num determinado momento, ele olha para a câmera e parece mexer nela para "enquadrar melhor" o ex-candidato Manassés de Oliveira – que na época tinha se licenciado do cargo de Secretário Municipal do Emprego e Trabalho para concorrer a uma cadeira na Câmara de Vereadores.

No depoimento de ontem, Gardolinski disse ainda que, "ao que sabe, as despesas com o comitê (Lealdade) foram declaradas na prestação de contas do candidato Carlos Alberto Richa (Beto Richa)".

Para a Gazeta do Povo, na entrevista do último dia 21, o discurso foi outro. Quando perguntado se não foi feita a prestação de contas do Comitê Lealdade, ele respondeu: "Não, não. Era independente (o comitê). Era todo mundo voluntário". Questionado novamente se não houve prestação das contas dos dissidentes, ele respondeu: "Não, até porque (o comitê) não era do PSDB". A não declaração dos valores à Justiça Eleitoral, conforme a primeira versão, poderia caracterizar caixa 2 eleitoral.

Gardolinski também ontem deu outra versão quanto à origem do dinheiro que foi repassado por ele aos desistentes do PRTB, conforme mostra o vídeo. Para a Gazeta do Povo, ele havia afirmado que "vários amigos fizeram contribuição", sem citar nenhum nome dos supostos amigos. Ontem, no depoimento, ele disse que "foi o sr. Rodrigo Oriente que lhe entregou (os recursos), não dizendo a origem do dinheiro".

O advogado Eduardo Duarte Ferreira, que representa Gardolinski, explicou as contradições. Segundo ele, seu cliente não mexeu na câmera, mas sim numa prateleira que estava em cima do notebook onde a câmera estava instalada. "Ele desconhecia até então que se tratava de um vídeo que foi feito no notebook do Rodrigo (Oriente). O Gardolinski só sabia da câmera que foi instalada no teto por questões de segurança".

Em relação à origem do dinheiro, Ferreira comentou que quando saiu o vídeo, Gardolinski perdeu a noção dos fatos. "Ontem, ele abriu o jogo para o procurador do que aconteceu. Ele na verdade jamais acreditaria que o amigo íntimo poderia tê-lo traído. A entrevista (à Gazeta) foi dada para acobertar o Rodrigo Oriente, porque ele era o melhor amigo dele."

Sobre a prestação de contas, o advogado explicou que as notas de gastos do Comitê Lealdade eram encaminhas por Gardolinski ao comitê central (da candidatura do Beto Richa) e o PSDB fez a prestação de contas conjunta dos demais comites oficiais.

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