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Gaeco faz o transporte de um dos presos na Operação Publicano: ônibus para levar até a PEL II. | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Gaeco faz o transporte de um dos presos na Operação Publicano: ônibus para levar até a PEL II.| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

O Gaeco deflagrou, na manhã desta quarta-feira (10), a segunda fase da Operação Publicano, que investiga uma suposta organização criminosa formada por auditores fiscais, contadores e empresários para facilitar a sonegação fiscal mediante o pagamento de propina. Estão sendo cumpridos 68 mandados de prisão em pelo 10 cidades paranaenses, entre elas Curitiba, Londrina, Arapongas e Apucarana.

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No total, estão sendo cumpridos 68 mandados de prisão e 65 mandados de busca e apreensão em 10 cidades paranaenses. Foram pedidos também 59 quebras de sigilo bancário, principalmente de empresários do estado. Dos mandados de prisão, 50 são contra auditores fiscais. Em Curitiba há 10 mandados de prisão. Em Londrina, 23 pessoas já foram presas até o momento.

Foi preciso um ônibus para levar para a Penitenciária Estadual de Londina (PEL) II. No total, 28 pessoas foram presas e levadas ao Gaeco de Londrina pela manhã. Houve algum tumulto por conta da falta de estrutura do prédio onde fica a sede do Ministério Público. A solução encontrada foi dar dez minutos para cada advogado conversar com o seu cliente. A Comissão de Defesa das Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) esteve no Gaeco para acompanhar o trabalho e o acesso dos advogados aos seus clientes.

Segundo o delegado Jorge Costa, 47 pessoas foram presas agora pela manhã em nove cidades. Em Curitiba, oito pessoas foram presas. No cálculo dos 47 presos estão pessoas que já foram presas em outras fases das investigações. Costa vai conceder entrevista coletiva em instantes.

A ação desta quarta centrou fogo na cúpula da Receita Estadual, no que o Gaeco considera o “núcleo político” do esquema criminoso, já que envolve a estrutura de coordenação do órgão. Apesar de os nomes ainda não terem sido divulgados, a Gazeta do Povo conseguiu apurar que altos dirigentes da Receita tiveram mandado de prisão decretada.

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Até o momento, foram presos: Márcio de Albuquerque Lima, considerado o líder do grupo e que foi inspetor geral de fiscalização da Receita entre julho do ano passado e março desse ano; Lidio Franco Samways Junior, que assumiu o posto de inspetor geral deixado por Lima; José Aparecido Valêncio da Silva, ex-coordenador geral da Receita, que deixou o cargo em maio, em meio às investigações; e Jaime Kiochi Nakano, ex-inspetor da Receita da Londrina e que hoje trabalha em Curitiba. Também foi preso J oão Marco Souza, auditor de Curitiba.

Luiz Abi Antoun, primo distante do governador Beto Richa (PSDB), também teve a prisão decretada, mas ainda não foi localizado pelo Gaeco. Outros mandados estão sendo cumpridos.

Segundo o promotor Renato de Lima Castro, de Londrina, a organização criminosa é “altamente sofisticada” e hierarquizada, com divisão de tarefas e distribuição da propina arrecadada para manutenção da própria organização. Ele diz que o esquema acontece “há décadas”, e que novos agentes eram cooptados a integrar a organizar na medida em que passavam no concurso público.

“Não dá para dizer que chegamos ao âmago [da organização], mas chegamos a estratificação importante. Só não dá para dizer que não há outras, a investigação está em andamento”, afirma Castro.

A segunda fase da Publicano foi possível, em grande parte, por informações em delação premiada de auditores, fiscais e empresários, como a dos irmãos e auditores fiscais Luiz Antônio de Souza e Rosângela Semprebom.

Colaborando desde o começo de maio, Souza confirmou a existência das práticas e da organização do grupo e já se dispôs a devolver parte do patrimônio obtido por meios ilícitos ao estado, como forma de compensação financeira. Ele tenta antecipar a devolução de duas fazendas com valor estimado em R$ 20 milhões – a devolução só deveria ser efetuada ao final do processo.

“Com a nossa investigação, tivemos uma grande radiografia da organização de fora pra dentro. E com as delações, tivemos uma visão de dentro pra fora. Tivemos aprimoramento até hoje nunca obtido”, disse Castro.

Lima e Luiz Abi mantém relação próxima com o governador. O ex-inspetor geral é companheiro do governador em provas de automobilismo, e Abi era visto, nos bastidores, como uma “sombra” de Richa.

Segundo o Bom Dia Paraná, da RPC TV, um carro do Gaeco foi batido no começo da operação, quando uma esposa de auditor tentava fugir. O marido dela foi preso.

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