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Juiz Sergio Moro quer a prisão preventiva do ex-ministro José Dirceu. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Juiz Sergio Moro quer a prisão preventiva do ex-ministro José Dirceu.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O juiz federal Sergio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, encaminhou ofício ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, defendendo a prisão preventiva do ex-ministro José Dirceu. O juiz lembrou que Dirceu mandou que seu amigo e lobista Fernando Moura se refugiasse no exterior, quando estourou o escândalo do mensalão, “até a poeira baixar”, que passou a receber propina para permanecer em silêncio. Além disso, afirmou Moro, o ex-ministro encerrou as atividades da JD Consultoria ao saber que estava sendo investigado. O ofício de Moro tem como base pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do ex-ministro.

Preso na 17.ª fase da Operação Lava Jato, junto com José Dirceu, Moura assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Contou que participou, junto com o então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, da indicação para 32 mil cargos para o governo federal quando Dirceu assumiu a Casa Civil, no primeiro mandato do governo Lula. Quando Pereira foi flagrado no escândalo do Mensalão, por ter recebido uma Land Rover da empresa GDK, o lobista também ficou com medo e procurou Dirceu, no início de 2005, tendo sido orientado a ficar fora do país “até a poeira baixar”.

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Moura disse que recebia US$ 30 mil dólares da empresa Etesco Construções, a cada três meses, por ter participado da indicação de Renato Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobras. Ele era amigo dos sócios da Etesco, que teria fechado contratos milionários com a estatal por meio de Duque. Segundo ele, a Etesco que era uma empresa pequena, chegou a fazer parceria com a OAS e com a Toyo para operar navios sondas. Era comum, afirmou, que ela ganhasse um contrato com a Petrobras e, em seguida, negociasse a cessão para empresas de maior porte.

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O lobista, que ajudou campanhas de Dirceu antes de o PT chegar ao governo, disse que também aproximou da Petrobras, por meio de Duque, as empresas Hope e Personal, cujos contratos também aumentaram de preço – o da Hope, que era de R$ 10 milhões, teria passado para R$ 40 milhões. O contrato da Personal, afirmou, que inicialmente de R$ 40 milhões, foi depois aumentado para R$ 300 milhões.

Segundo ele, a propina sobre o valor dos contratos era de 3% e dois terços eram pagos em espécie para o diretório regional do PT, para custear as campanhas municipais de 2004. Moura disse ter viajado com Sílvio Pereira para levar dinheiro para os diretórios do Rio, Vitória e Fortaleza.

Moura disse que, na lógica do PT, “era aceitável receber dinheiro para sustentar o partido e campanhas, mas não receber bens para enriquecimento pessoal”, o que levou Pereira a se afastar do partido depois do escândalo do mensalão. Segundo ele, Sílvio Pereira também teria recebido “cala boca” pago pelas empresas OAS e UTC.

Ao deixar o Brasil, por recomendação de Dirceu, no início de 2006, Moura passou a receber R$ 100 mil por mês para viver em Miami, nos Estados Unidos. Comprou um apartamento na Avenida Collins, em Miami Beach, e um automóvel Aston Martin, depois trocado por outro modelo mais novo. O pagamento foi feito até o fim de 2013.

Moura disse ter sido trocado pelo operador Mílton Pascowitch e que chegou a ouvir de Duque que deveria se preocupar com negócios grandes, “do tamanho da Petrobras”, não com contratos menores, como os da Hope e da Personal.

O PT não se pronunciou quando foi divulgada a delação de Moura. A defesa do ministro José Dirceu informou que o conteúdo da delação de Fernando Moura só corrobora o argumento de que ex-ministro não teve participação na indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras. A reportagem não localizou o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira.

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