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O líder do PSDB no Senado, senador Alvaro Dias (PR), vai requerer à CPI do Cachoeira que convoque para depor a empresária Raimunda Ximenes Linhares, dona da relojoaria que recebeu dois depósitos no valor de R$ 101,30 mil da empresa de fachada Alberto & Pantoja Ltda., tida pela Polícia Federal como ponto de lavagem do dinheiro arrecadado pela organização criminosa comandada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

A Operação Monte Carlo grampeou a empresária acertando a transferência do dinheiro com Geovani Pereira da Silva, tesoureiro e responsável pela ocultação do dinheiro da quadrilha. Geovani conseguiu escapar da polícia e continua foragido.

Ele ligou para Raimunda em janeiro do ano passado para acertar o envio do dinheiro. No diálogo grampeado pela PF, os dois parecem próximos. O tesoureiro pede que ela diga o número da conta para fazer a transferência "que já faz tempo" (que anotou os dados) e a chama por "Raimundinha". "Vou mandar hoje depois do almoço", ele avisa sobre o envio de R$ 51,30 mil, antes de pedir que ela comunique sobre o recebimento do valor. "Assim que eu fizer (o depósito) eu ligo avisando, tá bom, pra você conferir lá". Minutos depois, ele volta a ligar para ela avisando: "É, mandei lá, você dá uma confirmada lá depois. Por favor". Raimunda agradece e se despede com "um abração pra você, breve eu vou por aí". O tesoureiro encerra a conversa dizendo "tá OK, mês que vem eu mando o restante".

Para o senador, a conversa mostra que a empresária participa do esquema de Cachoeira, no comando de empresas para lavar dinheiro sujo."Parece que ela se encarregava da lavagem do dinheiro, é uma laranja, não há dúvidas de que é próxima de Cachoeira". Raimunda não foi encontrada na relojoaria, nem no telefone em que falou com o jornal O Estado de S. Paulo há cerca de cinco meses, quando se passou por alguém que teve os números de documentos utilizados ilegalmente pela quadrilha. O jornal entrou em contato com ela, na ocasião, por causa de outro grampo em que o próprio Cachoeira aparece pedindo a Geovani que "entregue R$ 159 mil para Raimundinha". A R. Ximenes Joias foi criada em 1997, com capital de R$ 20 mil, sendo 80% das cotas em nome dela e 20% em nome de Paulo Roberto Linhares. Ela também aparece como sendo sócia de uma imobiliária e de um estabelecimento chamado Ouro e Arte Comercial Ltda.

A pedido da CPI, Raimunda Ximenes Linhares encaminhou cópia das duas transferências eletrônicas feitas pela Alberto & Pantoja Ltda., em janeiro e fevereiro do ano passado, no valor de R$ 51 30 mil e R$ 50 mil, segundo ela para pagamento de oito peças em ouro e pedras preciosas. A explicação da empresária é que a empresa teria pago as joias compradas por Carlos Cachoeira.

No último dia 3, Raimunda enviou à CPI cópia de uma nota fiscal em que Cachoeira aparece como sendo o consumidor das joias. Dois detalhes chamam atenção: o fato de a nota estar datada de fevereiro do ano passado, um mês após a realização da compra e o fato dos preços das peças negociada por uma empresa aparentemente popular, serem mais caros do que as disponibilizadas por marcas de luxo. A empresária enviou fotos das peças à CPI. Segundo ela, Cachoeira teria comprado de uma vez só "uma pulseira com fios de brilhantes", no valor de R$ 23 182, três anéis ao custo de R$ 9 mil, R$ 12,28 mil e R$4,20 mil e quatro brincos, de R$ 25,14 mil, R$12,28 mil, R$ 5, 81 mil. Uma argola em ouro, cujo modelo numa relojoaria de grife, ficaria em torno de R$ 6 mil, custou R$ 9,39 mil na R. Ximenes, localizada no centro de Fortaleza.

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