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Popularidade: Lula cumprimenta convidados da posse de Aloizio Mercadante e Marco Raupp, observado por Dilma | Gustavo Miranda/ Agencia O Globo
Popularidade: Lula cumprimenta convidados da posse de Aloizio Mercadante e Marco Raupp, observado por Dilma| Foto: Gustavo Miranda/ Agencia O Globo

Popularidade

Lula rouba a cena na festa de Haddad

Das agências

A posse era de Aloizio Mercadante no Ministério da Educação (MEC) e de Marco Antônio Raupp na Ciência e Tecnologia. O palanque estava montado para exaltar os feitos de Fernando Haddad no MEC, aliviar o peso do ex-ministro pelos problemas do Enem e, assim, impulsioná-lo na campanha à prefeitura de São Paulo. Mas a estrela da festa acabou sendo o ex-presidente Lula, que participou da solenidade de ontem e demonstrou mais uma vez sua popularidade e força política.

Em tratamento contra um câncer de laringe, Lula fez questão de prestigiar a despedida de Haddad, que havia sido ministro do ex-presidente por cinco anos e que foi mantido no primeiro ano de Dilma. A escolha dele para concorrer à prefeitura paulistana teve a participação decisiva de Lula, que articulou nos bastidores a desistência da senadora Marta Suplicy. Ela pretendia ser candidata, mas cedeu à pressão do ex-presidente.

Aplausos

Lula chegou ao Palácio do Planalto, onde ocorreu a posse dos ministros, pela garagem. Foi recebido por Dilma e servidores. Tirou fotos e, em seguida, se reuniu com a presidente no gabinete dela. De terno e chapéu preto, Lula desceu a rampa do salão nobre de braços dados com Dilma. Foi recebido pelos convidados de Haddad e de Aloizio Mercadante com o coro "Olê, olê, olê, olá, Lula". Sentou, tirou o chapéu e foi aplaudido de pé.

Dilma, no discurso, teceu longos elogios ao ex-presidente. "Lula mudou de forma significativa a qualidade do desenvolvimento econômico no nosso país", disse ela.

Esta foi a segunda vez que Lula retorna ao Palácio do Planalto desde que deixou o poder em 1º de janeiro de 2011. Ele havia participado, em março do ano passado, do velório de seu vice, José Alencar.

Interatividade

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  • Mercadante e Dilma: MEC é trampolim para o governo paulista

Duas das três primeiras mudanças no governo promovidas pela presidente Dilma Rousseff em 2012 furaram o cerco do loteamento partidário e valorizaram mais critérios técnicos que políticos. As nomeações do físico Marco Antonio Raupp para o Ministério de Ciência e Tecnologia e da engenheira química Maria das Graças Foster para a presidência da Petrobras geraram novas perspectivas sobre o rumo da reforma ministerial. Há poucas chances de que as escolhas apartidárias sejam estendidas para as trocas em pastas comandadas por legendas aliadas, como os ministérios das Cidades e do Trabalho, dirigidos respectivamente por PP e PDT.

Com a posse de Raupp, ontem, o número de ministros sem atuação política chegou a 11, ou 28% do total de 39 órgãos considerados de primeiro escalão. A maioria dos nomes sem filiação partidária ocupa pastas essencialmente técnicas e sem grandes orçamentos – Se­­cretaria de Aviação Civil, Contro­ladoria-Geral da União, Advocacia-Geral da União, Banco Central, Defensoria Pública da União, Se­­cretaria de Comuni­cação Social e Gabinete de Segu­rança Insti­tucional. Além da Ciên­cia e Tec­no­logia, há mais três ministérios "plenos" na lista: Cultura, Meio Ambi­ente e Relações Exteriores.

Para o cientista político Carlos Melo, do Instituto de Ensino e Pesquisa de São Paulo (Insper), as nomeações de Raupp e Graças Foster fazem parte de uma "cota pessoal" de Dilma. "De alguma forma a presidente está protegendo a maior joia da coroa", diz Melo, referindo-se à Petrobras. Depois do anúncio da troca de comando, as ações da estatal subiram 5,18% em dois dias (em parte também pelo boicote da União Europeia ao petróleo produzido pelo Irã).

Pós-doutor em Administração Pública e professor da PUCPR, Denis Alcides Rezende diz que as nomeações técnicas ajudam a melhorar a gestão. "É bem melhor optar por nomes com conhecimento da área. Mas não dá para ser ingênuo de achar que não há influência política mesmo nas indicações apartidárias. Sempre há", opina Rezende.

Em nenhuma das sete trocas de ministros ocorridas no ano passado Dilma optou por substitutos sem atuação política. Em apenas um caso a presidente mudou a distribuição entre partidos na Es­­planada, quando escalou Celso Amo­rim (PT) para o lugar de Nel­son Jobim (PMDB) na Defesa. Os petistas, apesar da perda da Ciência e Tecnologia, continuam com a maioria dos ministérios – 17, contra cinco dos peemedebistas. Ain­da assim, a insatisfação com a indicação de Raupp levou o PT paulista, que queria indicar o novo mi­­nistro, a boicotar a posse de Raupp.

Avaliação política

"Nada leva a crer que o sistema de loteamento vai sofrer alguma modificação mais profunda. Em 2012 devemos ter mais um ano cheio de escândalos e desvios no ministério", critica o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno. Para o parlamentar, Dilma dificilmente vai brigar com os aliados e mexer em ministérios que são alvos de denúncias desde o ano passado, como Cidades e Inte­gração Nacional, dirigido pelo PSB.

Do outro lado, o vice-líder do governo na Câmara, Alex Canziani (PTB), diz que Dilma está buscando um equilíbrio entre critérios técnicos e políticos. "Esse é o caminho ideal e ajuda a preservar a governabilidade."

Mudança na Educação atende a interesse eleitoral do PT paulista

Apesar das escolhas técnicas para a Petrobras e Ciência e Tecnologia, a substituição de Fernando Haddad por Aloizio Mercadante manteve uma importante fatia de poder da Esplanada nas mãos do PT. Além de liberar Haddad para concorrer à prefeitura de São Paulo em outubro, a troca dá visibilidade para Mercadante voltar a concorrer ao governo paulista em 2014, pois o Ministério da Educação (MEC) é um dos que tem o maior orçamento. Ele perdeu em 2006 e 2010 para os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, respectivamente. Mercadante tomou posse ontem.

"Mercadante pode não ser o nome mais querido do PT de São Paulo, mas agora o principal representante desse grupo no primeiro escalão", afirma o cientista político Carlos Melo. "Essa é uma mostra de como são feitas as escolhas em Brasília: primeiro é visto de qual partido é o sujeito, depois de qual estado e, por último, se tem capacidade técnica. Deveria ser justamente o contrário."

No caso da Petrobras, a saída de José Gabrielli também reforça o PT da Bahia. O ex-presidente da estatal vai assumir um cargo no governo do colega petista Jaques Wagner e, em 2014, é cotado para ser o candidato do partido a sucedê-lo. Outra representante do PT que deve deixar o governo de olho nas eleições é a secretária de Política para as Mulheres, Iriny Lopes, que deve ser candidata a prefeita de Vitória (ES).

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