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Veja que Assembleia reconhece que pagou salários de um funcionário que estava morto

Promotor diz que MP é subserviente e que protege Justus

O promotor de Justiça Fuad Faraj voltou ontem a criticar o Ministério Público (MP) do Paraná. Ele classificou a instituição de "subserviente" e de proteger o presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus, e o presidente do Tribunal de Contas (TC) e ex-presidente do Legislativo, Hermas Brandão. As afirmações foram feitas em ofício encaminhado à Corregedoria do MP, que havia intimado Faraj a explicar a denúncia sobre a existência de uma rede de "solidariedade" envolvendo integrantes de vários poderes feita à RPCTV no dia 26 de março.

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A Assembleia Legislativa do Paraná admitiu ontem em nota oficial que contratou uma pessoa morta para "trabalhar" na Casa e depositou cerca de R$ 600 mensais de salários para o funcionário comissionado por dois anos e cinco meses – totalizando R$ 21,4 mil. Ontem, reportagem da Gazeta do Povo e da RPCTV mostrou o caso de Dirceu Pavoni, que foi contratado em 2001 para trabalhar no gabinete do deputado Neivo Beraldin (PDT), exonerado em 1.º de novembro de 2002, e recontratado pelo gabinete do pedetista Beraldin em 3 de maio de 2004, quando já estava morto. Pavoni faleceu em 12 de junho de 2003, vítima de um AVC (acidente vascular cerebral) e só foi demitido em outubro de 2006.

A contratação de Pavoni foi assinada pelo presidente da Casa, e pelos 1.º e 2.º secretários, respectivamente, Hermas Brandão (PSDB), Nereu Moura (PMDB) e Geraldo Cartário (PMDB).

A nota da Assembleia informou que de 2004 até a exoneração de Pavoni, em outubro de 2006, foram feitos depósitos mensais em uma conta do banco Itaú. A titular da conta é a viúva de Dirceu Pavoni, Maria Ber­­nadete Affornali Pavoni – vice-prefeita de Almirante Tamandaré, na Grande Curtiba.

Pedindo explicações

Procurada pela reportagem na semana passada, a viúva afirmou que protocolou um requerimento na As­­­sembleia pedindo informações sobre a conta bancária em que os repasses foram feitos no período em que o marido morto estava contratado pela Casa. A Gazeta do Povo e da RPC TV procuraram ontem Dete Pavoni, como é conhecida a vice-prefeita em Almirante Tamandaré, para ela comentar os depósitos, mas ela não foi encontrada. O advogado de Dete Pavoni, Luiz Gustavo de Andrade, informou que ela só notou os depósitos na conta neste ano e que a viúva não teve a intenção de se apropriar do dinheiro. De acordo com Andrade, a vice-prefeita protocolou um requerimento na Casa para devolver os recursos. A assessoria do Legislativo estadual, no entanto, disse que não há qualquer requerimento por parte de Dete Pavoni. "Ela não teve a intenção de se apropriar (do dinheiro). Ela pensou que fosse parte da remuneração dela como vereadora da Câmara (de Almirante Tamandaré)", disse Andrade.

Ministério Público

O presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), encaminhou a documentação referente a vida funcional de Dirceu Pavoni na Casa ao Ministério Público do Pa­­­raná para que investigue o caso.

A reportagem procurou Hermas Brandão, Nereu Moura e Geraldo Cartário para comentarem a nomeação de uma pessoa morta, mas eles não foram localizados. A assessoria do TC informou que Hermas estava viajando e que não conseguiu encontrá-lo.

Procurado pela reportagem, Neivo Beraldin não soube explicar como Pavoni foi recontratado pela As­­sembleia para trabalhar no gabinete dele e passou a responsabilidade para os diretores da Casa.

Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.

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