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James Alberti, Katia Brembatti, Gabriel Tabatcheik e  Karlos Kohlbach na Ucrânia: jornalistas montaram um banco de dados para entender o funcionamento interno da Assembleia | Esko Varho
James Alberti, Katia Brembatti, Gabriel Tabatcheik e Karlos Kohlbach na Ucrânia: jornalistas montaram um banco de dados para entender o funcionamento interno da Assembleia| Foto: Esko Varho

Prêmios

Veja quais os prêmios recebidos pela série Diários Secretos:

• Global Shining Light Award – outubro de 2011 – melhor reportagem investigativa feita em país em desenvolvimento em 2010.

• Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo – setembro de 2011 – primeiro lugar.

• Grande Prêmio Esso de Jornalismo – novembro de 2010 – melhor trabalho brasileiro.

• Troféu Tim Lopes/Embratel – novembro de 2010 – melhor reportagem investigativa.

Investigação

Esquema de corrupção desviou R$ 200 mi da Alep

A série de reportagens Diários Secretos revelou um esquema de corrupção que, pelas estimativas do Ministério Público, resultou no desvio de pelo menos R$ 200 milhões dos cofres públicos. Os diários oficiais da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) não eram públicos. Os documentos foram reunidos, digitados e organizados pela equipe de jornalistas da Gazeta do Povo e da RPC TV. Mais de 700 diários serviram de base para a sequência de reportagens. As informações culminaram em um banco de dados que mostrava toda a movimentação de funcionários do Legislativo. Foi possível desvendar um sistema de contratação de funcionários fantasmas e laranjas.

Três dos principais diretores da Assembleia foram afastados e estão sendo processados. Bens de envolvidos foram bloqueados pela Justiça. Mais de 30 pessoas chegaram a ser presas. Novas regras para o controle de frequência e para a contratação de funcionários foram estabelecidas. Por ordem judicial, os diários oficiais passaram a ser publicados na internet.

A partir da série, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) encabeçou o movimento "O Paraná que queremos", que levou milhares de pessoas às ruas, em 13 cidades do Paraná, para protestar contra os desmandos na Assembleia. Um projeto de lei de iniciativa popular, que estabelece regras de transparência para a gestão de recursos em todos os órgãos estaduais, foi apresentado e aprovado no Legislativo.

Em uma decisão unânime dos jurados, a série Diários Secretos ganhou um prêmio mundial de imprensa inédito para o jornalismo brasileiro. A sequência de reportagens, elaborada pela Gazeta do Povo e pela RPC TV no ano passado, conquistou o "Global Shining Light Award", entregue na noite de sábado, em Kiev, na Ucrânia, durante a 7.ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo. O trabalho paranaense, que mostrou um esquema milionário de desvio de recursos públicos na Assembleia Legislativa do Paraná se consagrou como melhor exemplo de jornalismo investigativo produzido em nações em desenvolvimento.

Podiam concorrer ao prêmio reportagens publicadas nos 154 países considerados emergentes. No total, 30 trabalhos foram avaliados pelos jurados. A série Diários Secretos disputou o Global Shining Light com investigações sobre a corrupção ligada à polícia na África do Sul e sobre o contrabando na China e na Coreia do Norte. Na manhã de ontem, os jornalistas Karlos Kohlbach, Katia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatcheik apresentaram aos participantes da conferência detalhes de como o trabalho foi desenvolvido.

Para o dinamarquês Henrik Kaufholz, organizador da Conferência Global que reuniu cerca de 450 jornalistas de aproximadamente 50 países, o que chamou a atenção foi a bagunça dos documentos da Assembleia Legislativa e a maneira sistemática que os jornalistas paranaenses utilizaram para organizar uma base de dados com informações encontradas nos diários oficiais e, assim, descobrir várias irregularidades.

Editora do jornal O Globo e ganhadora de dois prêmios Esso, a jornalista brasileira Angelina Nunes fez parte do grupo de jurados. "A série Diários Secretos é um exemplo de integração de mídias, persistência e jornalismo em profundidade. (...) Um material para ser estudado nas faculdades e nas redações. É uma aula de jornalismo", declarou.

O Global Shining Light Award é o segundo prêmio internacional concedido à Gazeta do Povo e à RPC TV pela série Diários Secretos. No mês passado, o trabalho conquistou o título de melhor reportagem investigativa feita na América Latina. A sequência de matérias venceu também os dois mais importantes prêmios de jornalismo no Brasil – o Grande Prêmio Esso de Jornalismo e o prêmio Tim Lopes de reportagem investigativa.

Premiação mostra importância do jornalismo do PR

Para o presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Fernando Rodrigues, a conquista do Global Shining Light coroa o trabalho feito pelo Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom). "A premiação da série Diários Secretos é mais um merecido reconhecimento para uma das mais completas reportagens de jornalismo investigativo feitas no Brasil. É um orgulho para o jornalismo investigativo brasileiro esse novo prêmio, justamente num dos fóruns mais respeitados do jornalismo investigativo mundial."

Já o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, Márcio Rodrigues, destacou a transformação social promovida pela série, com foco no interesse do cidadão. "As denúncias colocaram a público irregularidades que ainda estão sendo apuradas, mas o ponto central é a responsabilidade dos jornalistas em apontar soluções para problemas da gestão pública."

Para Eduardo Aguiar, chefe de redação da Gazeta do Povo, a série é uma demonstração evidente de que a imprensa é fundamental para a sociedade na fiscalização do poder público e no combate à corrupção. "Todos esses prêmios recebidos são um reconhecimento a um dos principais trabalhos de investigação jornalística já feitos no Brasil, cuja apuração perfeita, fruto de uma incessante coleta de provas documentais e depoimentos de dezenas de envolvidos, resultou numa verdadeira revolução política no Paraná."

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