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Bibinho: demissão de Pequeno da Assembleia ocorreu dois anos após ele já estar trabalhando nas fazendas do ex-diretor do Legislativo | Jonathan Campos / Gazeta do Povo
Bibinho: demissão de Pequeno da Assembleia ocorreu dois anos após ele já estar trabalhando nas fazendas do ex-diretor do Legislativo| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada em 1996 acabou unindo o contador Douglas Bastos Pequeno e o ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o Bibinho. Ironica­­­mente, 14 anos depois, os dois romperam relações em decorrência das denúncias de desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa do Paraná que são investigadas pela própria PF e pelo Ministério Pú­­­blico Estadual (MP).

Bastos Pequeno contou, em depoimento aos promotores de Justiça, que foi detido por agentes da PF sob a acusação de que estaria produzindo bonés com imagens de maconha. Por ter trabalhado nos anos 60 como contador de uma empresa de Miguel Abib – pai do ex-diretor –, Bastos Pe­­­queno resolveu procurar Bibinho para pedir ajuda (o depoimento não esclarece que tipo de auxílio). "(...) Ele [Bibinho] poderia conhecer alguém que pudesse ajudá-lo", diz trecho do relatório do depoimento do contador ao MP.

Dez dias depois, foi a vez de Bi­­­binho solicitar ajuda, pedindo que Bastos Pequeno fosse até a As­­­­sembleia Legislativa para conversar. "Queria que o declarante [Bas­­­tos Pequeno] administrasse uma pedreira que ele [Bibinho] tinha arrendado, mas que estava tendo prejuízo", relata o documento.

Durante seis anos, Bastos Pe­­­queno trabalhou para o ex-diretor do Legislativo na pedreira. O trabalho se estendeu até 2003. No ano seguinte, Bastos Pequeno foi nomeado para um cargo de confiança na Assembleia.

O contador confessou ainda ao MP que também entregou documentos pessoais para o ex-diretor – ele nem sequer soube precisar ao certo quando passou a ser funcionário do Legislativo. Mas tem certeza de que foi demitido em 2007, por ordem de Bibinho.

A exoneração foi apenas uma cautela do ex-diretor. "O Bibinho (...) disse que não seria bom que o declarante [Bastos Pequeno], que estava trabalhando nas fazendas dele [do ex-diretor], tivesse também vínculo com a Assembleia", diz o relatório do MP.

Segundo o depoimento, em 2005, dois anos antes de ser demitido do Legislativo, Bastos Pequeno foi chamado por Bibinho para administrar suas fazendas na cidade de São João D’Aliança, em Goiás. Ou seja, o contador admite que foi servidor fantasma da Assembleia. O trabalho nas fazendas lhe rendeu R$ 2 mil por mês e ele passou a administrar nove propriedades.

Em depoimento, Bastos Pequeno também acusou Bibinho de ter usado um artifício para pagar menos imposto em suas propriedades rurais. "Bibinho não possui firma agropecuária, atua como pessoa física com fins jurídicos, o que acarreta grande redução do valor dos impostos", disse o contador ao MP.

Uma equipe da Gazeta do Povo e da RPC TV esteve em Goiás em março e conheceu uma das fazendas de Bibinho, a Isabel – uma das maiores produtoras de soja da região. A propriedade, avaliada em mais de R$ 80 milhões, tinha dois aviões e contava com uma avançada tecnologia de irrigação – o que valoriza as terras. Bastos Pequeno, ao MP, disse que Bibinho tinha dois aviões – um ele negociou e o outro deu para o atual administrador da propriedade.

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