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Cunha, presidente da Câmara. | Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados./Fotos Públicas.
Cunha, presidente da Câmara.| Foto: Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados./Fotos Públicas.

Na denúncia que apresentou nesta quinta-feira, 20, contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, relatou em detalhes a pressão a que o peemedebista teria imposto ao delator da Operação Lava Jato Julio Camargo para pagar U$ 10 milhões em propinas – US$ 5 milhões para o próprio parlamentar e US$ 5 milhões para seu aliado, o lobista do PMDB na Petrobras, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano.

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“Eu preciso que você me pague”, ameaçou Cunha, segundo o delator. O presidente da Câmara nega.

Na peça encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, o chefe do Ministério Público Federal afirma que, entre os anos de 2006 e 2009, o presidente da Câmara recebeu parte de um total de U$ 40 milhões em contrato de multinacionais para construção de dois navios-sonda da Petrobras.

Os pagamentos eram feitos pelas empresas via Julio Camargo, que repassava a Fernando Baiano o dinheiro que tinha Cunha como destinatário final.

De acordo com o procurador-geral, em julho de 2010 a propina foi suspensa. Nessa ocasião, Júlio Camargo passou a ser pressionado por Baiano para efetuar o pagamento atrasado de US$ 15 milhões. A pressão sofrida foi relatada em julho pelo lobista em depoimento à Procuradoria-Geral da República. Camargo relatou que Baiano, ao cobrar o dinheiro, falou que era “assunto de interesse” do deputado Eduardo Cunha.

Segundo a Procuradoria, o deputado, o delator e o lobista do PMDB se encontraram em setembro de 2011 em um prédio comercial no Rio. Na reunião, segundo a denúncia, Cunha cobrou Camargo diretamente. “Júlio, em primeiro lugar eu queria dizer que não é um problema pessoal em relação a você. Acontece que o Fernando não me paga porque diz que você não o paga. Como Fernando não tem capacidade de me pagar, eu preciso que você me pague”, disse Cunha, segundo relato de Júlio Camargo à Justiça.

O delator disse que ainda tentou explicar o motivo da suspensão dos pagamentos, mas Cunha foi irredutível. “Eu não sei de história e não quero saber”, teria dito. “Eu ainda tenho 5 milhões de dólares para receber em relação a este pacote”.

Segundo o Ministério Público Federal, ficou acertado na reunião que o lobista iria transferir US$ 5 milhões a Cunha e o mesmo valor a Baiano. O dinheiro passaria por contas no exterior e seria repatriado por operações de empresas do doleiro Alberto Youssef.

Depois, Júlio Camargo perguntou ao deputado sobre o andamento dos requerimentos protocolados pela então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) – aliada de Eduardo Cunha – para fustigar o lobista e as empresas que ele representava. O Ministério Público Federal atribui a Cunha a autoria intelectual dos requerimentos. Cunha teria dito que não haveria mais com o que se preocupar. Os requerimentos foram arquivados.

Os pagamentos foram feitos entre os meses de outubro de 2011 e 2012. Camargo relatou ainda que a pressão cessou após o pagamento da última parcela da propina. O lobista relatou que encontrou o parlamentar em um momento posterior e que “não só foi cumprimentado por ele de maneira efusiva como (Cunha também) se colocou à disposição para qualquer outro assunto”.

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