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O ex-diretor de Recursos Humanos do Senado Ralph Campos Siqueira, que deixou o cargo na última terça (23), afirmou ao G1 nesta sexta-feira (26) que não tinha conhecimento dos atos secretos que favoreceram servidores da Casa.

O próprio Siqueira teve aumento de salário no fim do ano passado após um ato que não foi publicado.

O boletim suplementar 4092-S2, entre os que a comissão de sindicância do Senado classificou como secretos, traz a designação de Siqueira, servidor efetivo no cargo de técnico legislativo com salário de cerca de R$ 6 mil, para função comissionada de analista FC-9, com adicional de salário de mais de R$ 4 mil.

"Eu não fazia nem idéia de que (a designação) tinha saído em ato secreto", afirmou ao G1. Segundo ele, "pelo conteúdo" dos atos considerados secretos, "não haveria motivo para eles não terem sido publicados".

Ele afirmou que não foi demitido do cargo por suposto envolvimento com os atos secretos, mas sim porque o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI) decidiu designar para o cargo "uma pessoa mais de confiança da diretoria-geral".

"Fui falar sobre esse assunto. O presidente (José Sarney) declarou - eu não ouvi, mas me disseram que me elogiou - , disse que não tinha problema nenhum, que sou de carreira, mas a única coisa é que elas eram diretorias [de RH e geral ] siamesas e precisava de alguém que tivesse afinidade maior com a pessoa que havia sido indicada [para a diretoria geral)."

Siqueira disse que não podia atribuir culpa a ninguém sobre a não publicação dos atos. "Eu realmente não sei, é só a apuração que vai nos dar com precisão a responsabilidade de cada um ou falha por ordem de alguém. Tem que analisar cada um dos atos e ver quantos foram [secretos] por questões operacionais e quantos intencionais."

O ex-diretor disse que nunca trabalhou diretamente com o ex-diretor Agaciel Maia e o com o antecessor na diretoria de RH João Carlos Zoghbi, que assinaram a maioria dos atos considerados secretos e, portanto, não poderia comentar sobre as gestões dos dois.

Siqueira disse que seu salário após deixar a diretoria de RH diminuiu. Ele tinha gratificação FC-9 e agora, segundo ele, tem FC-7, com gratificação de cerca de R$ 3 mil.

O ex-diretor, que agora está lotado na Advocacia do Senado, afirmou que os servidores estão trabalhando em clima de "tensão". "A rotina dos trabalhos é alterada em razão das denúncias. O próprio órgão de imprensa sempre solicitando informações, a mudança de rotina, gera tensão. Todo servidor está submetido a uma tensão, mas, na medida do possível, o trabalho tem que continuar."

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