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Silvio Barro, Cida Borghetti e Ricardo Barros (à direita): estratégia conjunta para 2014 | Jorge Eder/AEn
Silvio Barro, Cida Borghetti e Ricardo Barros (à direita): estratégia conjunta para 2014| Foto: Jorge Eder/AEn

Análise

Ausência de regras facilita manobras, afirma especialista

Candidatos ligados a um mesmo grupo e que disputam a mesma eleição demonstram um enfraquecimento do sistema político. A opinião é do professor de Direito da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Miguel Etinger de Araújo Júnior, para quem deveria haver restrições a esse tipo de manobra. "Não existe ressalva neste sentido. Mas é claro que, socialmente ou judicialmente, podemos fazer diversos questionamentos morais."

Para Araújo, seria superficial afirmar que o eleitor não consegue perceber as semelhanças entre os partidos, já que os grupos são liderados por figuras conhecidas. "As pessoas estão tão preocupadas com problemas pessoais que entregam os cuidados da vida em sociedade a qualquer um. Isso é fruto de uma sociedade patriarcal, que elege o outro para ser responsável e resolver seus próprios problemas."

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Os recentes movimentos par­­tidários e trocas de legendas deixaram a família do secretário de estado de Indústria e Comércio, Ricardo Barros, no coman­do de três partidos no Paraná: Partido Progressista (PP), Par­­tido Republicano da Or­dem Social (Pros) e Partido Humanista da Solidariedade (PHS). A mulher de Barros, a deputada federal Cida Borghetti, e o irmão dele, o ex-prefeito de Maringá Silvio Barros, deixaram recentemente o PP e migraram para outras legendas.

Cida assumiu a presidência estadual do Pros, partido que obteve recentemente o registro no Superior Tribunal Eleitoral; já Silvio Barros foi para o PHS. Os dois dizem que poderão concorrer ao governo do estado em 2014. Segundo o ex-prefeito, a possível candidatura dependerá do partido. Já Cida afirma que o Pros planeja disputar uma candidatura majoritária e deve montar uma chapa própria para a disputa da eleição proporcional. "A legenda [Pros] foi criada para ser protagonista nos cenários nacional, estadual e municipal", diz ela.

Para Ricardo Barros, as mudanças de partido são uma oportunidade para que Cida e Silvio Barros tenham um destaque maior nas próximas eleições. "Acho que os dois têm muito a oferecer e chegou a vez deles de disputarem eleições majoritárias, como eu fiz em 2010, quando concorri ao Senado", comenta o presidente estadual do PP.

Na avaliação do secretário, as saídas de seus familiares do PP não enfraquecem o partido. Para ele, a mudança amplia a possibilidade de alianças do PP nas futuras disputas eleitorais. "A política brasileira é feita com base em alianças e coligações."

Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi, a estratégia de Ricardo Barros em manter parentes em partidos políticos diferentes é bastante comum. "Quem controla ou tem o apoio de diversos partidos tem, também, o controle de diversos fundos partidários", lembra.

Cervi salienta que a representação na Câmara e o tempo no horário eleitoral gratuito são as principais peças de barganha. "Mesmo um partido nanico consegue negociar seu apoio por esse motivo. Se o partido grande agaranhar diversos partidos menores, conquista uma representatividade expressiva."

Além disso, Cervi diz que é comum que as eleições sejam disputadas por diversos candidatos com o mesmo perfil. "A maioria é, na verdade, candidato de fachada, testa de ferro mesmo. Mas são os votos conquistados por eles que desenham uma eleição."

Para o cientista político, há poucas diferenças ideológicas entre os partidos. Ele defende que, atualmente, só existem três partidos no Brasil: PSDB, PT e o PMDB. "As outras siglas ficam orbitando em volta dos três grandes partidos e são fundamentais para o atual sistema eleitoral."

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