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Único governista que vinha comparecendo às reuniões para a instalação da CPI da Petrobras, cujo requerimento foi protocolado há quase dois meses, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) só pretende ir a uma nova sessão depois de um acordo entre os líderes dos partidos no Senado. Por ser o parlamentar mais velho na comissão (81 anos), é dele o papel de conduzir a reunião de instalação da CPI. Para ele, não é a crise em torno do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), que atrasa a investigação, mas a própria oposição, que boicota o início dos trabalhos ao se dar conta, diante da reação popular, de que o preço eleitoral de atacar a Petrobras pode ser muito alto.

"A CPI não empolga nem a oposição porque o povo está a favor da Petrobras. Os senadores não são bobos, sabem que ficar contra a Petrobras é perigosíssimo para os políticos. A empresa tem que ser preservada e não atacada. Tem que ser tratada com muito carinho e cuidado", disse Duque. "Por duas vezes eu já tentei instalar essa CPI. Agora só vou mesmo reunir pela terceira vez quando houver um acordo. Não há problema nenhum para mim em aplicar o regimento." Autor do requerimento, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) quer a substituição dos faltosos e ameaça ir ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Suplente do governador Sérgio Cabral (PMDB), forte aliado do presidente Lula, Duque diz que o principal defeito da CPI é a falta de um objetivo claro. "A lei exige um fato determinado para uma CPI. E o que há de mais concreto no requerimento é o naufrágio da plataforma P-36, em 2001. O resto é só suspeita, ilações. Esse é o grande problema da CPI", avaliou.

Crise

Para o senador carioca, Sarney permanecerá no cargo e o Senado voltará à normalidade assim que a pressão da imprensa arrefecer. Lembrando que é preciso coragem atualmente para defender o presidente da Casa, diz que o cerco a Sarney é uma injustiça com a sua biografia. Embora reconheça a força da "batida dos jornais", Duque avalia que, ao contrário da ameaça à Petrobras, a crise do Senado não mobiliza tanto as pessoas.

"Não vejo ninguém por aí com raiva do Sarney, as pessoas estão cuidando das suas vidas", afirmou, seguindo a linha de defesa adotada por Lula. "Ninguém está negando os fatos denunciados, mas Sarney está sendo vítima de uma ação política enorme. Não pode ser tratado como um réu comum, tem muitos serviços prestados. Ele não vai sair, tem personalidade para aguentar o tranco", prevê.

Para o veterano Duque, uma eventual queda de Sarney não afetaria a governabilidade, muito menos ameaçaria a construção da aliança nacional do PMDB com o PT em torno da ministra Dilma Rousseff em 2010, que também beneficiaria a reeleição do governador do Rio, Sérgio Cabral.

Para ele, o presidente Lula saiu em defesa de Sarney em respeito ao seu passado na consolidação da democracia e sua contribuição para a estabilidade da base do governo petista. "Sarney é um homem de bem, digno. É um homem sério. Como ele, Lula também é hoje um homem vivido. Entende essas coisas."

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