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Os deputados governistas têm guardadas cinco propostas de criação Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), já com o número mínimo de 18 assinaturas coletadas, prontas para serem apresentadas. A medida seria tomada caso a ameaça da oposição de protocolar a proposta de CPI da Corrupção se torne concreta. Pelo regimento interno da Assembléia Legislativa, só podem estar em funcionamento cinco CPIs simultaneamente.

A estratégia de deixar prontos os requerimentos para cinco CPIs foi acertada em reunião de bancada na manhã de ontem. Entre os temas das CPIs governistas estão possíveis irregularidades no pagamento de R$ 10 milhões à DM Construtora, a criação do consórcio Dominó para compra de ações da Sanepar e supostas irregularidades na venda e alienação de florestas pertencentes à Banestado Reflorestadora.

Os governistas haviam combinado na reunião que, apesar da coleta das assinaturas, o assunto ficaria em segredo. Mas alguns deputados declararam que receberam os requerimentos para assinar. Foi o caso do deputado Mauro Moraes (PMDB). "Assinei quatro (CPIs). Não assinei a que pedia investigação do DER", disse ele. Moraes sequer sabia dizer o tema de todos os pedidos que assinou. "Foi definição de bancada e por isso eu assinei."

Depois da "gafe" de Moraes, o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), inicialmente negou que o governo estaria com CPIs na manga para impedir a investigação das denúncias de corrupção na administração estadual. Mas ele brincou logo em seguida: "Vamos ter uma verdadeira CPI da Corrupção", disse ele, referindo-se aos assuntos que seriam investigados nas outras CPIs, todos relativos a fatos ocorridos no governo de Jaime Lerner.

Esse seria o caso da CPI do DER, que atinge diretamente o prefeito de Curitiba, Beto Richa. De acordo com denúncia feita pelo governador Roberto Requião, o DER teria repassado R$ 10 milhões para a construtora DM, em um acordo que teria sido assinado pelo irmão de Beto Richa, José Richa Filho, quando este era diretor do DER. A acusação é de que o repasse teria sido usado para a campanha de Beto Richa, em 2002.

O líder do PMDB, Waldyr Pugliesi, também não confirmou que haveria o pedido das CPIs governistas, mas deu a entender que sim. "Eles estão vindo com uma proposta de CPI e estamos nos preparando para o jogo. Essas estratégias são coisas do dia-a-dia da política", disse Pugliesi.

Em fevereiro, quando a oposição conseguiu o número de assinaturas necessário para a abertura da CPI das ONGs, o governo usou da mesma estratégia e protocolou cinco pedidos de CPIs. Até agora, a CPI das ONGs não foi instalada e o governo retirou, em junho, os pedidos de abertura das outras comissões.

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