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A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou nesta quarta-feira (17) que permanecerá no cargo enquanto a presidente Dilma Rousseff quiser e "entender que" ela deva ficar.

Graça e cinco dos seis diretores convidaram jornalistas para um café da manhã, em tradicional encontro de fim de ano com os profissionais.

Durante a reunião, foram reapresentados números operacionais, e a executiva disse ter conversado "duas ou três vezes sobre saída" com Dilma.

"Qual foi a resposta? A gente está aqui sentado [referindo-se aos diretores]. Fico na Petrobras enquanto contar com a confiança da presidenta 'e' entender que eu deva ficar. Tem um 'e' aqui. Mais importante é a Petrobras. Minha motivação é não travar a assinatura do balanço da Petrobras", disse.

Sobre a funcionária Venina Velosa da Fonseca, que segundo reportagem do "Valor Econômico" avisou a Petrobras sobre irregularidades na construção da refinaria de Abreu e Lima e na comercialização de combustível de navios, Graça informou que não havia clareza nas mensagens da funcionária.

Na segunda-feira (15), a empresa informou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que a funcionária não havia informado Graça "sobre as referidas irregularidades".Venina era gerente de abastecimento, subordinada ao ex-diretor Paulo Roberto Costa até 2009, quando se desentenderam.

Na época, Venina havia determinado a investigação de desvios na área de comunicação no Abastecimento."Recebi e-mails de 2009 de Venina, no momento em que ela teve uma briga com Paulo Roberto Costa, não sei por quê. O assunto era a comunicação. Eu falei para o Paulo que eles deveriam conversar", relatou.

"Depois, em 2011, veio um novo e-mail. Ela fala em esquartejamento de projeto. Não sei o que é. Licitação ineficiente. Também não sei. Quando ela coloca 'tarde demais' e 'você sabe', eu só sabia do que ia para a reunião de diretoria, que era um 'quebra-pau' danado sobre projetos. Eu não tenho como saber outra parte. A outra parte vem de onde? Das delações, das não conformidades da comissão interna", disse Foster.

A presidente da estatal disse que "não há a menor segurança" de que o balanço trará informações confiáveis sobre os descontos feitos no patrimônio atribuído a corrupção, possivelmente nem nos próximos dois anos, devido às denúncias que ainda possam surgir.

"Não há a menor segurança de que em 46 dias, 360, 730 dias, que virão todas as informações nessa amplitude. Nós vamos acompanhar todos os depoimentos da delação premiada. Estamos ansiosos pela delação do Barusco [Pedro Barusco, ex-gerente executivo que assinou delação premiada e topou devolver US$ 97 milhões desviados]. Então, nós estamos trabalhando, aprofundando agora para que a gente possa fazer a avaliação do real valor do ativo."Para Graça, Barusco e Venina ajudarão a empresa com seus depoimentos. Venina deverá depor ainda esta semana à Justiça Federal em Curitiba.

CorrupçãoSegundo Graça, a Operação Lava Jato a "entristece e motiva". "A Petrobras tem uma Lava Jato nas costas e a gente tem que resolver isso. Só uma coisa me motiva mais do que curva de produção. É acabar com esse descrédito. Essa Lava Jato me motiva mais do que a curva de produção", afirmou.Segundo a presidente da Petrobras, o ano de 2014 vai marcar a companhia.

"Em março, tivemos a prisão do Paulo Roberto Costa e a nossas palavras, introdução, cabeça de poço, cracker, gás, outras começaram a fazer parte do nosso dia a dia. Crime, lavagem de dinheiro, organização criminosa, peculato. Talvez o Jurídico falasse isso com mais fluidez do que nós e tivemos de aprender a conviver com essas palavras tão incomuns na nossa vida", disse.

Graça disse que, até outubro, a empresa tentou negar que as denúncias fossem verdade. "Ficávamos na espera de que não poderia ser verdade, que não era assim. Mas, em 8 de outubro [dia em que Costa relatou à Justiça o esquema de corrupção na companhia], tivemos acesso ao depoimento e a confirmação dessas palavras que a gente queria negar. Cartelização, excedente... tudo isso tomou ar de realidade, que tomou ar inequívoco.""E veio outra questão inacreditável que foi nosso balanço. Pela primeira vez, na nossa história em 61 anos, um balanço não auditado, por conta de denúncias", prosseguiu.

Segundo Graça, foi assinado na terça-feira (16) contrato com a empresa que vai trazer três nomes como sugestão para a nova diretoria de "compliance". Em trinta dias, a lista será apresentada para que o Conselho de Administração da companhia escolha o novo diretor.

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