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Líder do PT cobrou que o PSDB condenasse o episódio; tucano comparou o ocorrido com outros casos em que governos petistas também teriam se excedido | /Agência Senado
Líder do PT cobrou que o PSDB condenasse o episódio; tucano comparou o ocorrido com outros casos em que governos petistas também teriam se excedido| Foto: /Agência Senado

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) travaram uma discussão áspera na tarde desta quinta-feira no plenário sobre o confronto de manifestantes e a polícia em Curitiba, quando mais de 200 pessoas saíram feridas. Costa cobrou que os tucanos fizessem uma condenação ampla contra o episódio. Aloysio reagiu, dizendo que se o uso da força transbordou dos limites legais, dos limites da prudência, os responsáveis tinham que ser punidos, mas que o governador Beto Richa o faria, mas não precisava das lições de democracia do líder petista, para cumprir os seus deveres.

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Na troca de farpas, o ex-líder tucano lembrou outros episódios em que governos petistas também teriam se excedido, como o ex-governador Jaques Wagner, na Bahia, para conter manifestantes, inclusive professores. Costa rebateu que ele estava procurando “defender o indefensável” comparando o confronto de Curitiba com outras ações do PT. E cobrou uma manifestação do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que não esteve ontem no plenário. “Aliás, causa-me espécie o fato de que o novo paladino da luta dos trabalhadores, de que o defensor dos direitos da população trabalhadora brasileira, de que o defensor-mor da democracia no Brasil, o candidato derrotado Aécio Neves, não veio hoje a esta tribuna, sequer ao Parlamento, para explicar o modus operandi do PSDB no que aconteceu ontem no Estado do Paraná”, cobrou o petista da tribuna.

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Em aparte, Aloysio Nunes pediu que Humberto Costa justificasse a tentativa de invasão da assembleia legislativa, para impedir a votação de um projeto de lei. Disse que os manifestantes iriam impedir a votação, ocupar os lugares na assembleia, os lugares dos representantes do povo, para impedir que a sessão se realizasse, “prática é comum nos ditos movimentos sociais que são correias de transmissão” do PT.

“Veja o que aconteceu em Brasília, o MST, que recebeu agora uma homenagem, a medalha da Inconfidência, o seu líder, em Minas Gerais. Tentaram invadir o Palácio do Planalto! Houve 30 policiais militares feridos. Em seguida Dilma recebeu Stédile no palácio com honras de chefe de estado. Em São Paulo, o tal MTST do Sr. Guilherme Boulos, foi estimulado pelo prefeito do PT a ocupar a Câmara Municipal de São Paulo para, na marra, impedir a votação de um projeto de lei de zoneamento. A tal Via Campesina, que é também outra das queridinhas do PT, invadiu a sede da CTNBio, para impedir a deliberação de um órgão técnico, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a respeito de transgênicos. Então, veja, não há inocentes neste caso”, disse Aloysio Nunes.

“A diferença é que, nas situações em que vivenciamos, não estiveram lá 200 pessoas desarmadas, feridas, entre elas mais de 30 em estado grave. A utilização descabida e exagerada dos mecanismos de repressão contra um grupo de trabalhadores que, certamente, poderiam querer ocupar a Assembleia Legislativa. Nós não somos favoráveis a isso, mas entendemos que não é da maneira como o Governo do Paraná enfrentou os grevistas que se deve construir o entendimento e construir a ação democrática do governo “, respondeu Humberto Costa.

Na continuação da discussão, o tucano disse que o PT é o menos autorizado para, entre todas as agremiações políticas, preconizar a prudência e a moderação, porque, quando se trata de promover os interesses políticos do partido, por via dos chamados movimentos sociais, não há moderação, o que há é a tentativa de impor na marra os seus pontos de vista.

“Como, aliás, tentaram fazer os seus amigos na Apeoesp, em São Paulo, que, com barras de ferro, tentaram forçar as portas da Secretaria de Educação, no meu Estado. E foram repelidos, sim, pela polícia militar, como é o dever da polícia militar. De modo que eu confio na ponderação, no espírito democrático, na tradição democrática do Governador Beto Richa, para que ele mande proceder às apurações, com rigor, para que, se houve indícios de excessos que possam ser atribuídos a membros das forças de segurança, eles sejam punidos. Penso que os episódios são lamentáveis, são chocantes, quem assistiu à televisão seguramente ficou consternado com o que viu, mas é preciso ponderação, é preciso prudência antes do decreto condenatório”, admitiu Aloysio Nunes.

Mais cedo a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que acompanhou o episódio, também ocupou a tribuna para condenar o que estão chamando de o massacre de Curitiba. Ela fez um relato do confronto e contou que estava na porta da Assembleia, com o senador Roberto Requião (PMDB-PR), conversando com os deputados, quando começaram a ouvir as bombas estourarem sem que ninguém tentasse entrar no local. Disse também que andou no meio do povo e ninguém estava fazendo resistência, mas as bombas continuavam.

“Ocupo com tristeza essa tribuna porque o meu Estado, o Estado do Paraná está de luto. Está de luto pela forma como foram tratados os professores, os trabalhadores na educação que faziam ontem um manifesto na Assembleia Legislativa”, protestou a senadora petista.

Em seguida o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi a tribuna igualmente condenar a violência usada contra os trabalhadores. “Não tenho a menor dúvida de que os tais ajustes de austeridade no Paraná têm sido acompanhados com atenção por diversos governos, pelo Brasil afora, que querem fazer exatamente o mesmo: cortar direitos trabalhistas para cobrir o rombo das suas administrações. Para eles, se der certo no Paraná, por que não dará em seus Estados e Municípios? No entanto, a resistência dos servidores do Paraná reforça o que já sabíamos. Os trabalhadores não irão se curvar às tentativas conservadoras que visam corroer direitos trabalhistas historicamente conquistados e mantidos com tanto suor e, como ficou, evidentemente, ontem provado, também com sangue“, disse Lindbergh.

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