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Luiz Eduardo alega que não tinha dinheiro “nem para fechar” a JD Consultoria após a prisão do irmão pelo mensalão. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Luiz Eduardo alega que não tinha dinheiro “nem para fechar” a JD Consultoria após a prisão do irmão pelo mensalão.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Em depoimento à Polícia Federal nesta quinta (6), o irmão de José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, disse que a JD Consultoria recebeu “doações” de empresas enquanto o ex-ministro estava preso. Segundo o advogado Roberto Podval, o cliente “passava por necessidades” e precisava do dinheiro para sobreviver. Podval disse que Dirceu não é “dinheirista” e que as alegações de que ele era o chefe de um esquema de desvio de recursos é “a coisa mais estúpida” que já ouviu.

Duas empreiteiras investigadas pela Lava Jato, a UTC e a OAS, fizeram repasses à JD Consultoria, de propriedade de Dirceu e do irmão, após a prisão do ex-ministro, em novembro de 2013. Segundo despacho do juiz Sérgio Moro, esse dinheiro se tratava de propina. Entre 2009 e 2014, teriam sido pagos R$ 29,3 milhões, sendo que R$ 8,6 milhões por diversas empreiteiras envolvidas na Lava Jato.

Segundo Podval, como a JD Consultoria teve os contratos de consultoria rompidos após a prisão de Dirceu, Luiz Eduardo não tinha dinheiro “nem para fechar” a empresa. “Ele não pediu propina, ele pediu ajuda. Ele estava em uma situação financeira ruim e pediu ajuda para pessoas com quem já tinha trabalhado. Por isso que houve recebimento quando o Zé [Dirceu] não trabalhava”, afirmou.

De acordo com o advogado, Dirceu e o irmão não cometeram ilegalidades, e a consultoria prestou serviços para receber esses recursos – exceto o que foi doado. Ele alegou que o dinheiro recebido dessas empresas foi gasto, principalmente, com custos operacionais da empresa, incluindo o fretamento de aeronaves. “Todo esse valor está contabilizado”, defendeu.

O advogado criticou as alegações de que Dirceu seria o chefe do esquema, e alegou que todas as suas atividades de consultorias foram legais. “Vocês podem fazer a crítica que quiser, mas o Zé não é dinheirista. Você vê um delator devolvendo R$ 249 milhões, e o Zé está com o irmão pedindo dinheiro para sobreviver. Aí ele é o chefe da quadrilha? Essa é a coisa mais estúpida que eu já ouvi. Se o chefe da quadrilha precisa pedir dinheiro e o subalterno está devolvendo R$ 249 milhões, esse mundo está maluco”, comentou.

De acordo com o advogado, Luiz Eduardo respondeu a todas as perguntas feitas durante o depoimento para que não houvesse necessidade de um novo pedido de prisão. “Se isso não for reconhecido pela Justiça, tanto faz as pessoas ajudarem ou ficar caladas”, disse Podval. Ao contrário da prisão de Dirceu, que é preventiva, a do irmão é temporária, e vence nesta sexta-feira (7). Dirceu deve depor a partir da próxima semana.

Podval voltou a dizer que Dirceu “morre na cadeia antes de fazer uma delação premiada”. “É só conhecer o Zé. Ele não é um homem que busca enriquecer, ele não é um homem que admite, por sua estrutura e história, fazer uma delação”, afirmou.

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