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Itaipu estaria resistindo em investigar o caso uma vez que diretores e conselheiros dos dois países que autorizaram a licitação em 2011 continuam na usina. | Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional/Divulgação
Itaipu estaria resistindo em investigar o caso uma vez que diretores e conselheiros dos dois países que autorizaram a licitação em 2011 continuam na usina.| Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional/Divulgação

Determinada pelo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, a investigação para apurar suspeita de superfaturamento na construção de uma linha de transmissão em Itaipu Binacional, há quatro anos, não teria sido aberta pelo fato de a maioria dos diretores e conselheiros brasileiros – além de alguns paraguaios − da usina serem justamente aqueles que autorizaram e avalizaram o processo licitatório. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (26) pelo jornal ABC Color.

Ao determinar a apuração, Cartes levou em conta que o custo da obra, feita por um acordo de 2011 entre o país vizinho e o Brasil, é quase o dobro do gasto com linha semelhante recém-instalada. A linha sob suspeita − com 500 kV, 347,74 quilômetros e 758 torres entre a Usina de Itaipu, em Hernandárias, e a subestação de Villa Hayes, na Grande Assunção − custou US$ 170,8 milhões, numa obra gerida pelo consórcio CIE-Elecnor. Agora, outra linha de mesma potência, 363 quilômetros e 792 torres, a ser gerida pelo consórcio CIE-Somagec, custou US$ 89 milhões.

O que mais chamou a atenção das autoridades paraguaias é que as empresas responsáveis pelas duas obras são praticamente as mesmas. Além disso, na comparação com obras semelhantes de países vizinhos feitas por volta de 2011, os valores pagos são muito mais altos: US$ 258,6 mil por quilômetro de linha no Uruguai; US$ 350 mil na Argentina; US$ 390 mil no Peru; contra US$ 488,5 mil no Paraguai.

De acordo com o ABC Color, Itaipu estaria resistindo em investigar o caso uma vez que diretores e conselheiros dos dois países que autorizaram a licitação em 2011 continuam na usina. O fato teria levado o diretor-geral paraguaio da empresa, James Spalding, a se reunir com o presidente Horacio Cartes para tratar do assunto.

À reportagem, Spalding garantiu que a usina “vem cumprindo ao pé da letra” a determinação de Cartes para investigar a suspeita de superfaturamento. Segundo ele, um documento de 1.076 páginas já foi encaminhado à Controladoria Geral da República do Paraguai, a quem caberia fazer uma investigação imparcial.

Outro lado

Em nota, a Itaipu afirmou que “tem todo o interesse de demonstrar a lisura” da licitação investigada e informou que já enviou todos os documentos solicitados pela Controladoria Geral do Paraguai.

Em relação à obra sob suspeita, a usina voltou a defender que a comparação de valores entre a construção das duas linhas deveria levar em conta a inflação e, principalmente, a variação cambial entre 2001 e 2015, quando o dólar saltou de R$ 1,80 para R$ 3,80.

A usina afirmou ainda que o financiamento anterior privilegiou a aquisição de fornecedores do Mercosul e adquiriu quase 90% dos insumos no Brasil, cujos valores sofreram variação cambial. Outro argumento foi que há diferenças nas características do solo e do perfil do terreno entre as duas obras. Itaipu argumentou também que o prazo da obra atual é de 24 meses e a anterior, levou 14, o que exigiu mais equipamentos, tecnologia e mão de obra. Por esses fatores, as obras teriam custos equivalentes.

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