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Seguro de estar fazendo um bom trabalho em defesa da imagem do Parlamento, o presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), reage firme quando se põe em dúvida a coerência, o rigor e o senso de justiça do colegiado que preside e assegura: não há dois pesos e duas medidas nas decisões do Conselho.

O GLOBO ONLINE perguntou aos leitores o que achavam das decisões do Conselho e 87% dos 783 internautas que responderam à enquete desconfiam do trabalho dos conselheiros. Eles escolheram a opção "Há dois pesos e duas medidas. Casos semelhantes são julgados de forma diferente". Apenas 10% disseram que o Conselho é coerente em suas decisões. Os 3,96% restantes escolheram a opção "Eles julgam todos da mesma maneira, sem considerar as diferenças entre os casos".

Para o petebista, há incompreensão da opinião pública com o trabalho do Conselho e um desejo de punição por parte da sociedade. Por isso decisões como a absolvição do ex-líder do PP Pedro Henry (MT) não estariam sendo bem aceitas. Mas Izar não tem dúvida de que o colegiado agiu corretamente ao poupar Pedro Henry por falta de provas consistentes para a cassação.

- Eu acho que há uma incompreensão. Na maioria das vezes, o público em geral quer que casse e nós estamos analisando o processo. É difícil agradar a todos. É quase que impossível - afirma.

Izar diz que o Conselho tem julgado com prudência e reage às declarações do deputado João Magno (PT-MG), que acusou o relator de seu processo, Jairo Carneiro (PFL-BA), de ser duro com ele e condescendente com seu colega pefelista Roberto Brant (MG). Segundo Izar, João Magno jogou a opinião pública contra o Conselho e tentou desacreditar o relator ao dizer que os dois casos eram iguais. E não tem dúvida em afirmar que os casos não eram iguais.

- Aquela imagem do João Magno quase chorando dizendo que houve dois pesos e duas medidas correu o Brasil. É difícil isso. Mas são bem diferentes os casos. O João Magno pegou dinheiro diversas vezes para usar na campanha, o Brant não - reage enfático, acrescentando que mesmo levando em conta as diferenças dos dois casos, o Conselho foi coerente e recomendou a cassação de ambos por entender que cometeram irregularidades, embora em graduações diferentes.

- Se tivesse dois pesos e duas medidas seria pela absolvição do deputado Roberto Brant e pela cassação do João Magno. Você vê que o voto de minerva foi meu, mesmo ele sendo meu amigo há 20 anos. Não houve não, não houve dois pesos e duas medidas - repete.

Satisfeito com o trabalho dos colegas do Conselho, Izar só reclama da decisão de absolver seu próprio colega de partido Romeu Queiroz (PTB-MG), derrubando o relatório aprovado pelos conselheiros que recomendava a cassação. Para Izar, no entanto, o custo político da absolvição cairá sobre o plenário, já que contrariou recomendação do Conselho.

Izar não tem dúvida de que o Conselho cumpriu seu papel durante a convocação extraordinária do Congresso, mantendo o ritmo dos trabalhos e concluindo cinco processos de cassação. Disposto a concluir mais quatro dos cinco que ainda tramitam no Conselho em março, Izar afirma que o último deles, o de José Janene (PP-PR), agora é um problema da Mesa da Câmara, a qual deve decidir sobre o futuro do deputado, que até agora não compareceu ao Conselho amparado numa licença médica há três meses.

- É um problema da Mesa agora. Não é meu mais - afirma.

Embora evite falar em números, Izar admite que o plenário pode não acompanhar a recomendação do Conselho em três ou quatro casos. E não esconde sua insatisfação com a absolvição de Queiroz.

- A tendência é que o plenário acompanhe o Conselho, com três ou quatro exceções. O resultado do plenário depois da absolvição do Romeu Queiroz a gente não sabe o que pode acontecer. Surpreendeu demais e provocou certa revolta no Conselho - afirma.

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