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O jornalista Luiz Carlos Bordoni, responsável desde 1998 pelas campanhas eleitorais de rádio do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), afirma ter recebido R$ 40 mil em dinheiro das mãos do tucano, como primeira parcela dos serviços que prestou na campanha de 2010. O pagamento, segundo ele, foi feito pouco antes do início do horário eleitoral, no escritório político do governador, em Goiânia. Perillo nega.

Bordoni sustenta que ao menos três pessoas o viram entrar no gabinete de Perillo: uma secretária, um prefeito e um advogado do então candidato. "O primeiro pagamento foi feito por ele antes mesmo de começar o horário eleitoral", declarou Bordoni ao Grupo Estado. "O Marconi me chamou pra uma sala do fundo, uma pequena divisória atrás do gabinete dele, da mesa dele, e me passou R$ 40 mil em dinheiro. Foi o primeiro pagamento."

O jornalista diz ainda que Perillo retirou um envelope de dentro de um refrigerador desligado. Dentro do envelope, havia outros quatro menores, cada um com R$ 10 mil em dinheiro vivo.

"Por incrível que pareça, ele tirou de dentro de um frigobar que estava lá. Na parte posterior da mesa dele tem uma divisória que tem uns quadros, fotografias dele, e, atrás dessas divisórias, uma pequena copa. Tinha um frigobar que ele abriu e tirou um pacote, um envelope para mim. Só podia estar desligado, pois o dinheiro não estava gelado."

Bordoni afirma que não emitiu nenhuma nota por esse pagamento. Segundo ele, Perillo chegou a perguntar se queria que um contrato fosse firmado, mas o jornalista sustenta ter declinado porque confiava no tucano.

"Eles só trabalham com notas fiscais com os marqueteiros. Quem é da raia miúda... Essa dos R$ 40 mil não apresentei nota fiscal. Ele me pagou em dinheiro vivo e eu não emiti nota para ele, não" diz o jornalista, que é locutor das campanhas de Perillo no rádio. "Você trabalha em campanha, leva muitos canos. Quando aparece o dinheiro para te pagar, se você for esperar que te deem um cheque bonitinho, é difícil. Quem é da casa eles não tratam com respeito".

Indagado sobre a necessidade legal da contabilização dos recursos nas campanhas, Bordoni disse: "Eu trabalhei, tinha que receber e recebi. A origem do dinheiro, se é caixa 2, se é de bicheiro, não sei". Bordoni relata ainda outros pagamentos em dinheiro que diz ter recebido de homens de confiança de Perillo, por seu trabalho nas campanhas. Um deles, também em 2010, recebeu do então tesoureiro de Perillo, Jayme Rincón. Embora não se recorde do valor, diz que recebeu a quantia em um encontro em uma transportadora de Rincón.

Segundo Bordoni, outros dois pagamentos foram feitos em espécie em 2002, na campanha de Perillo pela reeleição. O pagador, de acordo com o jornalista, foi o assessor especial do governador, Lúcio Fiúza, que teria entregue o dinheiro em seu apartamento na capital goiana.

Relato "descabido"

A assessoria do governador Marconi Perillo (PSDB) afirmou, em nota, que o tucano "sempre recebeu jornalistas em seu escritório entre eles o sr. Luiz Carlos Bordoni" e que "os temas das conversas sempre se referiam aos temas políticos da época", mas afirmou que o pagamento relatado por Bordoni é "descabido".

A nota diz ainda que "o governador jamais fez e não faz pagamentos a quem quer que seja". O governo de Goiás explica que no escritório político "não existia copa, apenas uma cozinha, que se situava distante da sala usada pelo governador". Em outro trecho, afirma que "na sala de despachos do governador não havia frigobar".

A nota sustenta também que Jayme Rincón, então tesoureiro de Perillo e hoje presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), "jamais fez qualquer tipo de pagamento ao sr. Bordoni". A mesma versão é apresentada pelo assessor especial do governador, Lúcio Fiúza. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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