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O amigos Eric Sdroiewski, Yoahann Sade, Vinícius Presente e Thuan Gritz apostaram em abrir um escritório de advocacia logo que saíram da faculdade. | Antônio More/Gazeta do Povo
O amigos Eric Sdroiewski, Yoahann Sade, Vinícius Presente e Thuan Gritz apostaram em abrir um escritório de advocacia logo que saíram da faculdade.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Quando começar?

Depende de cada um, mas é importante que o advogado se sinta seguro para atuar sozinho ou com colegas que também estejam iniciando a vida profissional. Essa decisão envolve, sobretudo, planejamento: alguns estudam a abertura de escritório próprio já nos últimos anos de faculdade e, logo após a aprovação no Exame de Ordem, estão aptos a executar o plano, que exige definição dos sócios, áreas de atuação, aporte financeiro inicial, entre outros detalhes. A experiência em outros escritórios também pode ser um diferencial. Seja atuando como estagiário ou depois de formado, observar a rotina e estudar os problemas do trabalho advocatício antecipadamente podem ser importantes para abrir as portas.

Estrutura mínima necessária

Hoje existem algumas alternativas que facilitam o início da profissão mesmo que o advogado não possua recursos para montar um escritório próprio, tais como espaços de salas compartilhadas e estrutura disponibilizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Porém, é preciso que o advogado iniciante se preocupe em ter uma sede em médio prazo. Graças às tecnologias existentes – processo eletrônico, ferramentas de gestão financeira e de carteira de clientes –, não é necessário um grande espaço físico, mas é importante pensar na apresentação, já que o cliente busca um espaço confortável e receptivo. Investir em uma sala de reuniões e numa máquina de café podem ser diferenciais. Muitos advogados também têm escolhido trabalhar “em domicílio”, o que facilita a inserção do profissional no mercado.

Sociedade

Para formar uma sociedade, é necessário, pelo menos, dois advogados. A formação da equipe está relacionada ao alinhamento dos objetivos e não necessariamente ao número de sócios. O advogado não deve formar uma sociedade com base exclusivamente em vínculos de amizade ou afetivos. É necessário que todos os envolvidos possuam interesses profissionais comuns e partilhem metas similares em curto, médio e longo prazos. As áreas de atuação do escritório também devem ser observadas: um sócio a mais pode agregar um diferencial ao trabalho oferecido.

Como captar novos clientes

O tema é complexo, já que advogados não podem fazer propaganda. É preciso estudar em detalhe as previsões do Código de Ética e do Estatuto da OAB. De maneira geral, a propaganda deve ser feita com moderação, ser de caráter informativo e não envolver práticas de mercantilização, tais como anúncios pagos. Mas nada impede que o profissional mantenha um site, blog ou perfil nas redes sociais para compartilhar notícias do mundo jurídico e artigos próprios com sua rede de contatos. A chave para o sucesso é saber se relacionar. O advogado iniciante não deve passar o dia fechado em uma sala, em frente ao computador. A melhor publicidade que um advogado pode ter decorre da indicação feita por um colega ou por antigos clientes, mas isso depende do networking que o iniciante deve construir diariamente.

Recursos necessários

O advogado deverá reservar algum recurso inicial para montar seu escritório com previsão de disponibilidade de caixa para fazer frente às despesas decorrentes do exercício da profissão, como custas para obtenção do certificado eletrônico, gastos fixos do escritório ou taxas cobradas por espaços compartilhados, além de uma reserva para despesas pessoais até que a atividade produza lucro. Porém, o investimento inicial não precisa ser elevado, já que existem diversas ferramentas gratuitas, como o serviço de acompanhamento de publicações disponibilizado pela OAB ou ofertadas a um baixo custo, cartões eletrônicos e sites de fácil construção. Há ainda no mercado linhas de financiamento para a atividade, como o convênio firmado entre Conselho Federal da OAB e a Caixa Econômica Federal.

Um bom planejamento. Este foi o lema inicial seguido pelos jovens advogados Yohann Sade, Vinícius Presente, Thuan Gritz e Eric Sdroiewski quando resolveram, ainda na faculdade, em 2012, montar uma sociedade de advogados. Agora, pouco mais de um ano depois da abertura do escritório, eles já colhem os frutos do trabalho, que incluem a formação de uma boa cartela de clientes e um lucro crescente.

“Nas primeiras reuniões de planejamento, nós estávamos preparados para ficar dois anos sem receber nada”, conta Gritz. As dificuldades, segundo os sócios, começaram já na formação. A maior parte das faculdades de Direito não oferece uma base administrativa ou de gestão de escritórios. “Se fala muito da prática, do trabalho, mas atender o cliente é uma coisa, gerir um escritório é outra”, destaca Sade.

Para superar os problemas, os advogados contaram com a ajuda de familiares, tanto no apoio profissional – com o pai de Vinícius, que é contador –, quanto financeiro. O restante, foi surgindo, como eles mesmos explicam. “O mercado está cheio de profissionais medianos, então fizemos questão de eleger um diferencial, que é o atendimento personalizado do cliente para nos destacarmos”, diz Vinícius.

Treinamento

Cursos de gestão de escritórios, oferecidos pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e estágios em grandes sociedades de advogados também foram diferenciais para o início da carreira, como apontam os profissionais. “Cada um vivenciava a rotina de diferentes escritórios e, no período de planejamento, a gente expôs uns para os outros o que deu certo e errado, e montamos nossa própria prática”, explica Vinícius.

A reunião de ideias foi fundamental ainda para obter os primeiros clientes e é recurso usado até hoje para fixar os honorários conforme o caso, por exemplo. “A questão do dinheiro afugenta as pessoas dos escritórios no início da carreira, mas resolvemos estipular isso mais por vivência do que por algo tabelado. Claro que, quando chegamos a um valor, não baixamos, até para não desvalorizar a profissão”, conta Yohann.

Dicas

Pensando nas dificuldades que novos profissionais da área do Direito enfrentam quando pretendem abrir um escritório, o caderno Justiça & Direito montou um guia básico de dicas para os iniciantes. Segundo os sócios recém-formados, a grande dúvida dos novos advogados é: como angariar clientes? “A indicação de pessoas conhecidas, seja dentro ou fora do Direito, é essencial”, acredita Eric.

Além de planejamento e força de vontade, para os entrevistados, paciência é fundamental para abrir o próprio negócio. “Muitos estabelecem como meta ganhar dinheiro agora. Sozinhos, talvez estaríamos ganhando mais, mas não teríamos amplitude a longo prazo”, observa Thuan. A experiência, para eles, é gratificante. “Nada melhor do que acordar e lembrar que você vai para o seu próprio escritório”, destaca Vinícius.

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Fontes: Sabrina Becue, presidente da Comissão do Advogado Iniciante da OAB-PR; Sade, Presente, Gritz & Sdroiewski Advogados Associados; Marcello Lombardi, advogado.

Marketing jurídico ajuda aposta em criar referências

Para o advogado que está pensando em abrir um escritório, mas não possui muito conhecimento em planejamento, em gestão e mesmo em ferramentas de marketing, existem diversas empresas que fazem esse trabalho de forma terceirizada. “É até uma forma mais econômica para o iniciante, que não vai precisar levar profissionais dessas áreas para o escritório”, aponta Alexandre Teixeira, especialista em marketing jurídico.

O profissional destaca ainda que, cada vez mais, para conquistar clientes, é preciso que os escritórios se preocupem com uma marca própria. “É importante que as pessoas percebam as áreas de atuação do escritório, que o advogado seja uma referência na área, que saiba se posicionar e que as pessoas conheçam o que ele faz. Assim, ao longo do tempo, ele cria uma relação e atinge seu objetivo profissional”, destaca.

Audiências

Enfrentar um advogado experiente ou mesmo outros operadores do direito – como promotores e juízes – em uma audiência é o grande temor de novos profissionais da área. E o planejamento também aparece aqui como essencial, conforme aponta o advogado Marcello Lombardi, autor do livro Audiência – Técnica e Arte.

“A audiência deve ser preparada, não se pode comparecer ao ato sem planejamento”, observa o profissional. Ele aponta ainda que, diferentemente do que se acreditava no passado, saber orientar partes e testemunhas para uma audiência é fundamental para o advogado. “A parte tem que ir à audiência preparada, até para se sentir segura”, diz.

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