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Em meio ao desgaste do governo com o empresariado e do esforço do Planalto para retomar a confiança com o setor em ano eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta terça-feira (24) uma forte defesa da política econômica da presidente Dilma Rousseff para uma plateia com nomes importantes do PIB brasileiro.

Segundo Lula, "levantar dúvidas sobre a seriedade fiscal do Brasil não tem procedência" e "há muita gente com má fé com o Brasil". Sustentando que "não existe mágica em política econômica", o ex-presidente disse que a palavra-chave é confiança e credibilidade para o mercado.

Ele afirmou que há uma fórmula brasileira de controle de inflação, criação de empregos e aumento de salários pouco vista no mundo.

"Controlar a inflação, manter a estabilidade fiscal e controlar os gastos com desemprego é fácil, mas você manter a inflação dentro da meta, com seriedade fiscal, gerando emprego e aumentando de salário é precedente pouco usual em qualquer país do mundo", afirmou o petista. "Queremos provar que vamos levar a inflação para dentro da meta, mantendo o nível de emprego", completou.

Para Lula, não há risco de uma "bolha" destruir a economia brasileira. "Fico vendo na Europa que tem países em que o credito é 100% do PIB e nos só chegamos aos 56%, e tem gente que fala que vai surgir uma bolha. Aqui, no Brasil, aprendemos a furar a bolha pequenininha. Não há sinais de que vai ter uma bolha porque o nosso sistema financeiro é mais responsável, bem regulado e mais fiscalizado", disparou.

Adotando um tom de fiador político de Dilma, Lula falou por mais de duas horas e disse que o Planalto prepara um programa na área de Ciência e Tecnologia para construção de plataformas.

O ex-presidente disse que era uma pena que "a presidente não possa estar aqui porque ela pode assumir compromissos que eu não posso". "Eu posso olhar na cara de cada um de vocês e dizer o seguinte: 'poucos países oferecem a tranquilidade democrática para investimento. Poucos países oferecem a garantia para investimento tranquilo como o Brasil'."

Lula criticou indiretamente a aproximação do empresariado com candidatos da oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Ele afirmou que, apesar de não ser cartomante, nunca viu bicho mais sabido do que economista na oposição.

"Se algum de vocês tiver alguma dúvida para fazer investimento no Brasil, me coloco a disposição de vocês porque eu acho que tem muita gente de má fé com o Brasil. O que tenho lido sobre o Brasil é que essas pessoas não enxergam o que está acontecendo no Brasil", disse.

As declarações foram dadas em um almoço promovido pela Eurocâmaras e da Câmara de Comércio França-Brasil de São Paulo, com nomes como o economista-chefe do Bradesco Octavio Barros e Josué Gomes da Silva, da Coteminas.

Lula foi apresentado por Barros como o presidente responsável por "aburguesar o Brasil", levando a sociedade a ter encontros com novas realidades e padrões de consumo. "[o presidente Lula] mudou a cara do Brasil. Não apenas no campo social, mas no sentido construtivo, uma vez comentei com Lula que 'o senhor aburguesou o Brasil", disse o economista.

Lula arrancou risadas da plateia ao comentar que tem gente que fica incomodada com "pobres" andando de avião e que banheiros das aeronaves não estão mais tão limpos.

O ex-presidente defendeu a política de concessões de rodovias e de aeroportos da gestão de sua sucessora. "O terminal 3 de Guarulhos foi feito em 19 meses. Se fosse feito pelo governo, ainda não teria sido lançada a pedra fundamental. O Brasil ficou muito tempo sem fazer investimento."

Copa

Em sua fala, Lula voltou a combinar críticas à imprensa, em especial sobre como o país é retratado, e exaltou a realização da Copa do Mundo. Ele elogiou o jogador da seleção Neymar e disse ter preocupação com as equipes da França e Holanda. Lula afirmou que a seleção argentina tem decepcionado e está dependente do Messi. "Vamos ganhar esse caneco. A Copa já venceu de público, gols e renda", disse.

Lula voltou a arrancar risos ao recomendar que os empresários fossem ao Estádio Mané Garrincha, em Brasília. "Não estou recomendando nem que vá ao Itaquerão."

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