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 | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo
| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo

Eleições

Candidatos deixam seus cargos

O prefeito Beto Richa (PSDB), pré-candidato ao governo do estado, renuncia ao cargo nesta terça-feira, seis meses antes da eleição de 3 de outubro, por força da lei eleitoral. Ocupantes de mandatos no Poder Executivo são proibidos de concorrer sem deixar seus cargos – exceto governadores que buscam a reeleição.

A mesma legislação obriga o governador Roberto Requião a renunciar e transmitir o cargo ao vice, Orlando Pessuti, na quinta-feira (leia mais na página seguinte).

Secretários estaduais e municipais também precisam se desincompatibilizar. Na prefeitura de Curitiba, seis integrantes vão deixar a equipe. Devem disputar a eleição o secretário de governo, Rui Hara, e o secretário Antidrogas, Fernando Francischini. Saem também o secretário do Trabalho, Jorge Bernardi (PDT), o secretário da Administração, José Richa Filho (PSDB), o chefe de gabinete, Deonilson Roldo, e o procurador geral do município, Ivan Bonilha, que vão trabalhar na campanha de Beto Richa. O único nome anunciado por Ducci até agora foi o do novo secretário de governo, Luiz Fernando Jamur, atual secretário do Urbanismo.

No governo do Paraná, 12 secretários estão deixando os cargos para disputar a eleição.

Perfil

O novo prefeito de Curitiba tem formação na área médica.

Nascimento – 23 de março de 1955, em Curitiba

Formação – Formado em Medicina desde 1980 pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com especialização em Pneumologia Infantil em Roma, na Itália.

Experiência profissional – Médico aprovado em concurso público da prefeitura de Curitiba, em 1987. Foi diretor-geral da Secretaria Estadual da Saúde e secretário municipal da Saúde.

Trajetória política – Em 2002 foi eleito deputado estadual. Dois anos depois deixou a Assembleia Legislativa para compor a chapa encabeçada por Beto Richa à prefeitura de Curitiba. A mesma chapa foi reeleita em 2008. Desde 2006 acumula os cargos de vice-prefeito e secretário municipal de Saúde.

Família – Casado com a médica Marry, pai de Renata, de 22 anos, e Ricardo, 18, ambos estudantes de Medicina.

Lazer – Ficar em casa, fazer uma boa leitura, assistir a um jogo de futebol do Paraná Clube ou do Corinthians.

Local preferido na cidade – A região da Praça da Espanha, no Batel.

Nascido e criado no bairro Ube­­raba, o médico pediatra Luciano Ducci assume o cargo político mais alto da capital com o mesmo estilo discreto que construiu uma trajetória política meteórica em 8 anos, de deputado estadual a vice-prefeito. Após assumir na próxima terça-feira, às 10 horas, o lugar de Beto Richa (PSDB), em solenidade na Câmara Municipal, Ducci deixa o papel de coadjuvante para comandar a cidade. Imprimir a própria marca, segundo ele, não é prioridade. O maior desafio, considera, é manter a aprovação alta da administração e dar continuidade ao trabalho realizado nos últimos 5 anos e meio em Curitiba. Para isso, não fará grandes mudanças no secretariado, confia numa parceria com o governo do estado para liberação de recursos e promete manter a mesma rotina de ficar mais tempo nos bairros da cidade do que em seu novo gabinete. Confira os principais trechos da entrevista exclusiva concedida à Gazeta do Povo.

Seu governo vai seguir a mesma linha administrativa de Beto Richa?

Sempre assumimos o compromisso de cumprir o plano de governo, que foi registrado em cartório nas duas eleições. Vamos dar continuidade a todos os compromissos assumidos, programas, obras, ao mesmo modelo de gestão. Não tem mudanças significativas no comportamento da gestão e nem teria sentido fazer grandes alterações, porque é uma gestão avaliada em 85% de aprovação popular.

Como será o estilo Ducci de governar?

Sou funcionário há 22 anos da prefeitura, fui médico de posto de saúde, trabalhei em vários setores da área, ocupei os cargos de secretário municipal e diretor da Secretaria de Saúde estadual. Conheço muito bem a prefeitura, todo o setor administrativo. Fui construindo uma maneira de trabalhar, que é estar muito presente na ponta. Sou uma pessoa que atua de forma determinada e com esse jeito vou agir, muito presente nos bairros, nas áreas de maior risco, onde as pessoas mais precisam.

Essa sua afinidade com a saúde fará com que o setor seja priorizado?

Não deve ter muita diferença no trabalho que já está sendo feito. Tem compromissos que assumimos que ainda não estão implementados, mas que vão ser entregues até o final da gestão, como o Hospital do Idoso, o Disque-Saúde e o programa Homem Curitibano. São prioridades que vamos colocar em prática.

Dois anos e oito meses de mandato é um período curto. Vai dar tempo de cumprir tudo?

Temos um programa bem consistente. Vamos continuar cumprindo os contratos de gestão que o Beto assinou com os secretários e temos plenas condições de dar conta de todos os nossos compromissos.

Serão feitas grandes mudanças no secretariado?

Não, a equipe vem dando supercerto, tanto que a administração leva esse alto grau de aprovação. As modificações vão ser em decorrência das substituições naturais que vão ocorrer, secretários que vão ser candidatos ou que sairão para a campanha. No restante, a equipe é a mesma que foi montada.

Como está se preparando para enfrentar demandas judiciais sobre assuntos importantes, como a licitação do lixo?

Isso já vem sendo encaminhado, há um grupo técnico da Secretaria do Meio Ambiente que vem estudando as alternativas possíveis e novas áreas licenciadas para a destinação do lixo em Curitiba, porque a licitação realizada está com uma pendência de julgamento de mérito. Vamos aguardar a decisão da Justiça para encaminhar o processo licitatório, mas enquanto isso a cidade não pode ficar sem uma solução que possa atender às necessidades da cidade. Acredito que nos próximos 30 dias vamos ter essa solução.

E a licitação do sistema de transporte coletivo? Quando termina o processo de escolha das empresas?

A licitação do transporte coletivo vinha sendo aguardada há muito tempo e em 45 dias deve estar concluída. Fora isso, não há nada emergencial. Só em março demos ordem de serviço para 400 novas obras de pavimentação. Existem algumas situações críticas que incomodam a população, como o antipó deteriorado de algumas ruas por causa das chuvas intensas neste ano, mas estamos buscando recuperá-las.

Quais os principais problemas da cidade?

Se for da cidade é a falta de segurança que incomoda a todos. O crack é a principal droga que leva à criminalidade. No que depende só da prefeitura, são os buracos provocados pelas chuvas intensas nos últimos meses nas ruas de antipó mais antigas. A prefeitura está fazendo mutirões para recuperar essas ruas.

Dá pra imprimir uma marca pessoal na gestão?

A grande marca é do trabalho que está sendo feito e que tem aprovação de 85% da população. O desafio é manter essa marca.

O que muda na sua rotina no novo cargo?

Não muda nada, tenho uma rotina que envolve o tempo todo na prefeitura nestes 5 anos e meio. Sempre estive junto com o Beto, acumulando a Secretaria de Saúde e a vice. Estou muito tranquilo porque não tem grande surpresa na parte gerencial.

A sua posse coincide com a troca do governador. O relacionamento da prefeitura com o governo foi de atritos. Muda alguma coisa agora com Orlando Pessuti no lugar de Roberto Requião?

Sempre tive bom relacionamento com Requião e com Pessuti. Temos projetos encaminhados do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU) de empréstimo da prefeitura junto ao governo do estado para novas obras. Tenho certeza que Pessuti vai liberar esses recursos.

Onde serão aplicados esses recursos do FDU ?

São aproximadamente R$ 60 milhões que vão ser empregados na construção do Anel Viário Central, no laboratório municipal de Curitiba e em equipamentos de raio-x digital nas unidades 24 horas. O deputado federal Ciro Gomes (PSB) fala em disputar a Pre­­­sidência da República ou apoiar o candidato do PT. Se isso ocorrer, como fica o PSB do Paraná, já que Beto Richa vai apoiar José Serra (PSDB)?

O PSB é 100% Beto Richa. Há um acordo com a direção nacional do partido. O próprio presidente do PSB, Eduardo Campos, avalizou essa decisão. Na questão presidencial, vamos aguardar a definição do partido para saber se Ciro Gomes vai ser candidato ou não.

Essa questão partidária pode interferir no seu relacionamento com Beto Richa depois que ele deixar o cargo?

De jeito nenhum. Eu e o Beto fizemos uma grande parceria de lealdade e amizade. Somos como irmãos, um olha para o outro e já entende o que cada um está pensando a respeito de qualquer tipo de situação. Essa parceria que construímos com certeza dá tranquilidade para o Beto sair candidato a governador sabendo que a cidade vai continuar no mesmo caminho construído ao longo dos últimos 5 anos e meio.

O senhor foi deputado estadual durante dois anos. Como recebeu as denúncias de irregularidades na Assembleia Legislativa?

Teve um desgaste grande para a Assembleia, mas o presidente Nelson Justus tomou todas as medidas que devem ser tomadas, mostrou firmeza no seu posicionamento e espero que a Justiça faça averiguação e tome as medidas cabíveis.

O pleno do TRE irá decidir nos próximos dias se prossegue ou não com o pedido de cassação do seu mandato e de Beto Richa por gastos do Comitê Lealdade, do PRTB, não declarados à Justiça Eleitoral na campanha de 2008. Essa investigação preocupa?

Não tenho preocupação porque o Ministério Público já havia se manifestado antes pela improcedência da representação porque não houve nada ilícito. Além disso, a ação foi proposta fora do prazo. Tenho convicção que não há nada a ser penalizado.

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