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Senadora Gleisi Hoffmann foi citada em gravação ligada à Operação Lava Jato. | Geraldo Magela/Agência Senado
Senadora Gleisi Hoffmann foi citada em gravação ligada à Operação Lava Jato.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Um relatório da Polícia Federal sobre mensagens de celular encontradas em aparelhos do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro aponta que o empresário manteve contato ou fez citações a 14 investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de participação no esquema de corrupção da Petrobras, entre eles a senadora do Paraná Gleisi Hoffmann (PT). Léo Pinheiro já foi condenado a mais de 16 anos de prisão na Operação Lava Jato, pelo juiz federal Sergio Moro, de Curitiba.

Desses 14, só há trocas diretas de mensagens entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Ciro Nogueira (PP-PI) – no caso desses dois últimos, para marcar encontros.

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Entres os políticos alvos do Supremo que aparecem no relatório estão também os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra (PSB-PE), Romero Jucá (PMDB-RR), Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Delcídio Amaral (PT-MS), Humberto Costa (PT-PE), além do presidente do Senado, R enan Calheiros (PMDB-AL).

Outro lado

Todos esses 14 investigados na Operação Lava Jato negam envolvimento com corrupção e, no caso dos políticos, dizem que recursos recebidos foram doações oficiais.

Cunha sustenta que nunca recebeu propina e diz que é perseguido pelo Ministério Público. Renan sempre negou envolvimento com o esquema de corrupção. Lindbergh já admitiu ter pedido ajuda a um ex-diretor da Petrobras por doações à sua campanha, mas diz que foram registradas oficialmente e sem relação com corrupção. Ciro Nogueira já chamou de “irresponsáveis” as acusações de delatores e disse que nunca ouviu falar em propina.

O ex-ministro Lobão também nega o recebimento de propina. A senadora Gleisi também já afirmou que não há irregularidades em suas contas de campanha. Fernando Bezerra sustentou que sua relação com um ex-diretor da Petrobras foi apenas institucional e que não recebeu dinheiro de propina. Collor diz que não usava sua influência política para obter favorecimento pessoal.

Atualmente preso sob acusação de tentar interferir nas investigações, Delcídio tem sustentado que não se beneficiou de propina. Já Humberto Costa classifica de “fantasiosa” a acusação de que recebeu dinheiro do esquema de corrupção. José Mentor já disse “repudiar” a acusação de sua ligação com o esquema e nega.

A assessoria de Cedraz sustenta que o escritório de advocacia pauta sua atuação “pelo rigoroso cumprimento da legislação vigente, resultando inclusive na observância dos devidos impedimentos”.

Os deputados que respondem a inquérito no Supremo e são citados são Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), José Mentor (PT-SP), além de Cunha. O advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz, também consta no levantamento. A Procuradoria-Geral da República ainda analisa as conversas para saber se há indícios de crimes para decidir se vai pedir novas investigações ao STF ou se usará o material para reforçar os trabalhos que já estão em curso no tribunal.

As mensagens mostram negociações para encontros, lobby sobre temas em debate no Congresso, pedidos de doação ao empresário – alguns mascarados por nomes de ruas ou favores –, além de informações sobre presentes distribuídos para os políticos. No material sobre o senador Edison Lobão, ex-ministro de Minas e Energia, há referência a uma mensagem de Léo Pinheiro sobre decisão da ex-presidente da Petrobras Graça Foster de começar a licitar a refinaria Premium II.

Outra mensagem destacada pela PF mostra que uma pessoa identificada como Lena diz que Julio Camargo, que se tornou delator da Lava Jato, o convidou para uma reunião com o “pessoal do Maranhão” para discutir a refinaria. “Julio Camargo me ligou agora nos convidando (vc, Sergio e eu) para uma reunião no dia 8/8 as 10hs no escritório dele em SP com o pessoal do Maranhão (Fialho-seu amigo,Silas Rondeau e outros). Assunto:Refinaria. Não falei com Sergio. Bjs.”.

O senador Humberto Costa (PT-PE) é citado por funcionário do empresário, relatando que ele ligou para agradecer apoio em sua eleição. Em relação ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira, há comentários de que ele seria um bom interlocutor para discutir questões da OAS, além de várias trocas de mensagens diretas para combinar encontros.

Em um dos torpedos, executivos da OAS falam que precisam tratar com o senador sobre CBTU, subordinado ao Ministério das Cidades, à época área de influência do PP. Dizem que ouviram de Ciro que tem uma doação para ele pendente e dizem que é preciso buscar ajuda do senador em assunto do ministério das Cidades.

Segundo as mensagens, Aguinaldo Ribeiro, ex-ministro das Cidades, também teria participado de uma reunião com Ciro e representante da OAS.

Nas mensagens de 4 de agosto de 2014, Ciro e Léo Pinheiro marcam um encontro. Pinheiro pergunta se o senador estará em Brasília em uma quarta-feira. “Estarei sim, vamos tomar café na minha casa?”, combina Ciro Nogueira.

Ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra também tinha relações com o empresário, mas não há troca de mensagens diretas entre eles. Léo Pinheiro enviou presente para o então ministro e recebeu convite para participar do lançamento de um programa de irrigação do governo federal.

Sobre Collor, há comentários de Pinheiro em relação à influência do senador na BR Distribuidora, mas nenhuma relação direta nem encontros.

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Próximos a Lula

Considerado um político próximo do ex-presidente Lula e investigado na Lava Jato, o deputado José Mentor era tratado como “nosso JM”, segundo a PF.

O dono da OAS relata preocupação do petista com vazamentos, mas não faz traz identificação do tema. “O nosso JM pediu para não falar o assunto de hoje por telefone. Orientamos Zardi a não comparecer lá. O jogo está muito pesado e os pares por lá estão preocupados com vazamentos. É muito “ruído”. Bjs”

Léo Pinheiro também pediu que um assessor fosse a lançamento de livro do deputado. Há relato que ele ganhou um corte para a confecção de um terno, presente mais caro do que para outros políticos que eram agraciados com gravatas.

Ele comemora uma decisão favorável do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). “Cade aprovou nossa operação da óleo e gás. Ótima noticia, já que a Funcef entrará na próxima quarta, na OAS empreendimentos e o processo de submeter ao Cade e igual. Beijos”.

Outro congressista próximo a Lula que é citado é o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), mas ele não é investigado na Lava Jato. Ele pede para Léo Pinheiro contratar uma empresa de granito que o ajudaria com doações.

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