
O juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná, encaminhou ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), indícios do envolvimento do deputado federal paranaense Nelson Meurer (PP) no esquema de lavagem de dinheiro e desvios na Petrobras.
Os indícios foram descobertos pela Polícia Federal durante a análise do sistema de contabilidade paralela do Posto da Torre, em Brasília, do doleiro Carlos Habib Chater. Réu na Lava Jato, Chater é acusado de utilizar o seu negócio para lavar dinheiro e distribuir propinas a políticos indicados pelo doleiro Alberto Youssef.
Ao analisar a contabilidade, peritos da PF identificaram uma movimentação total de R$ 159 mil nas contas do posto registradas em nome de "Nelson" e de "Nelson Meurer", entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Diante disso, a PF informou o juiz Sérgio Moro, que decidiu encaminhar o laudo ao Supremo Tribunal Federal para que avalie as medidas a serem tomadas.
Meurer foi citado na delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos 28 políticos beneficiários do esquema de propinas e corrupção na Petrobras.
O deputado nega as acusações. "Essa notícia já saiu antes. Não conheço esse posto, não sei quem é o dono, nunca recebi recursos de terceiros a não ser do PP", afirmou. Ele disse, também, desconhecer Chater. "Não conheço esse cidadão, nem sabia [antes da Operação Lava Jato] que existia no mundo esse cara. Ele mesmo disse há um tempo atrás que nunca distribuiu dinheiro para ninguém, em notícia que saiu na Globo."
PP
O PP, sigla de Nelson Meurer, tem papel de protagonista no escândalo, segundo a investigação. A força-tarefa da Lava Jato acredita que os desvios na petrolífera ocorrem há pelo menos 15 anos. Mas foi o ex-deputado José Janene (PP-PR), falecido em 2010, quem organizou a corrupção na estatal, fazendo com que as cúpulas das siglas envolvidas fossem beneficiadas diretamente.
Nas palavras de um investigador, "Janene transformou a corrupção no varejo em esquema de organização partidária". O modelo consistia em concentrar a negociação e o pagamento de propinas num diretor, e não mais em vários agentes dentro da estatal.
Janene foi também o padrinho político do doleiro Alberto Youssef e quem indicou Paulo Roberto Costa à diretoria de Abastecimento da Petrobras, em 2004. Dentre os 28 políticos citados pelo ex-diretor em sua delação, 10 são do PP.
Colaborou Chico Marés



