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Barbosa Neto: advogado do prefeito alega que depoimento deixa claro que ele não tem relação com o suposto pagamento da propina | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Barbosa Neto: advogado do prefeito alega que depoimento deixa claro que ele não tem relação com o suposto pagamento da propina| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

O outro lado

Prefeitura diz que desistiu das emendas

A prefeitura de Londrina informou, por meio de nota, que desistiu de tentar a liberação, pelo governo federal, das emendas dos dois ex-deputados do Rio de Janeiro. O texto diz que o motivo teriam sido as contrapartidas exigidas na elaboração dos convênios com a União. Para receber os R$ 18,5 milhões, o município precisaria investir 8% desse valor (R$ 1,48 milhão).

Procurado pela reportagem, o prefeito Barbosa Neto preferiu não conceder entrevista. O advogado João dos Santos Gomes Filho, contratado por Barbosa, disse que o empresário Wilson Vieira, que acusa o ex-chefe de gabinete do prefeito de intermediar o pagamento da propina, "deixou muito patente que o prefeito não tem nada a ver com isso [o suposto pagamento para incluir a verba no orçamento federal]". "Se existe investigação e essa investigação aponta uma ilicitude tópica em desfavor de deputados, isso não quer dizer o prefeito", declarou Gomes Filho.

O ex-chefe de gabinete Fábio Góes não foi localizado, assim como o empresário Wilson Vieira e os dois advogados que o acompanharam nos depoimentos ao Gaeco e ao MPF, Ana Paula Delgado de Souza Barroso e Jéferson do Carmo Assis. (AG e FS)

Brasília e Londrina - Na contramão da versão de que a destinação das emendas dos ex-deputados do Rio de Janeiro para Londrina tenha ocorrido devido ao coleguismo com o prefeito Barbosa Neto , o Ministério Público Federal (MPF) investiga a denúncia de que havia na verdade um esquema de pagamento de propina para a obtenção dos recursos federais.

O ex-chefe de gabinete da prefeitura Fábio Góes foi denunciado por ter supostamente recolhido dinheiro com empresários de Londrina para pagar propina para pelo menos um dos dois ex-deputados fluminenses (Leo Vivas), em troca das emendas. O caso chegou ao MPF após um depoimento prestado em maio pelo empresário Wilson Vieira ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MP).

Na prática, a apuração do MPF é um desdobramento da Operação Antissepsia, na qual o Gaeco tratou de desvios na área de saúde em Londrina. No depoimento, Vieira afirma que teriam sido repassados R$ 925 mil, em duas vezes, a um homem conhecido como JB, que seria assessor de Leo Vivas.

Os repasses, segundo o depoimento do empresário, foram feitos em duas ocasiões, em dezembro de 2010. As emendas foram apresentadas em 25 de novembro.

Vieira diz ter acompanhado Góes em uma das entregas e que, numa segunda vez, repassou dinheiro sozinho, atendendo a orientação do ex-chefe de gabinete. O empresário também diz ter dado um cheque de R$ 70 mil, em nome da sua empresa. Quanto à entrega do dinheiro, Vieira narra que a fez a "um homem que se identificou como JB e apresentou-se como assessor de deputado". A segunda entrega aconteceu cerca de dez dias depois da primeira.

Vieira prestou um novo depoimento, dessa vez ao MPF, e confirmou apenas parte do que havia dito ao Gaeco. Disse que foi procurado por Góes no começo de dezembro e que o ex-chefe de gabinete do prefeito pediu um cheque de R$ 40 mil. O cheque da sua empresa foi depositado na conta de Bruno Valverde, da ONG Instituto Atlântico, mas voltou por falta de fundos. Valverde, por sua vez, teria repassado R$ 20 mil em dinheiro para Góes.

Segundo Vieira, Góes disse que o dinheiro "estava sendo angariado junto a empresários de Londrina" e seria "dado em garantia de um empréstimo para fins de cobrir despesas de hospedagem e outras, como transporte e alimentação para a assessoria de parlamentar que estava em Londrina [a assessoria] para viabilizar emendas ao orçamento da União".

Ao MPF, Vieira justificou o recuo em relação a alguns pontos do depoimento prestado ao Gaeco [como no caso do valor do cheque, que na primeira declaração era de R$ 70 mil e na segunda, caiu para R$ 40 mil] porque ele disse estar "coagido a prestar as declarações", porque em maio ficou das 8h30 às 19h30 no Gaeco e "a partir de certa hora" disse que "pusessem o que quisessem no papel que assinaria". Ele disse ainda ter lido o depoimento sem assinar, embora estivesse acompanhado da advogada Ana Paula Delgado de Souza Barroso. Vieira admitiu que, no primeiro depoimento, o promotor Cláudio Esteves insistiu para que ele chamasse um advogado – o que ocorreu.

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