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Lula: “Eu não votei para eleger Sarney presidente do Senado” | Paulo Liebert/AE
Lula: “Eu não votei para eleger Sarney presidente do Senado”| Foto: Paulo Liebert/AE

Atos secretos

Sindicância recomendará demissões

Folhapress

Brasília - O relatório elaborado pela comissão de sindicância do Senado que investiga os atos secretos deve recomendar a demissão de cerca de cem servidores nomeados sigilosamente nos últimos 14 anos na Casa. Inicialmente, o número de funcionários contratados por atos secretos era 218. Mas levantamento realizado pela diretoria-geral do Senado identificou 98 que já foram demitidos por ato legal, sete que não chegaram a assumir o cargo e um que morreu. Sobraram, portanto, 112 funcionários.

O texto sugere ainda a suspensão do pagamento salarial dos servidores nomeados irregularmente enquanto as exonerações não forem efetivadas. Os senadores, segundo o relatório, continuam autorizados a solicitar a recontratação dos funcionários – desta vez, por meio de atos oficiais. O relatório também recomenda a extinção de cargos criados por medidas sigilosas.

Semana que vem

Os resultados das investigações devem ser anunciados somente na semana que vem, mas o diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra,vai adiantar hoje ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), as conclusões elaboradas pela comissão.

  • Veja o histórico da participação de Lula na crise

São Paulo e Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ontem os primeiros si­­nais de que o apoio que o Planalto vinha dando à permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidên­­­cia do Senado pode estar perto do fim. Diante do acirramento da crise política, das sucessivas denúncias contra Sarney e da possibilidade de que sua própria imagem se des­­­­gaste, Lula disse que a manutenção do presidente do Se­­­na­­­­­do no cargo não é um problema seu.

"Não é um problema meu (a permanência de Sarney). Eu não votei para eleger Sarney presidente do Senado nem votei para ele ser senador. Também não votei no (Michel) Temer para a Câmara, nem no Arthur Virgílio (senador tucano). Não votei em ninguém. Eu votei nos senadores de São Pau­­lo. E somente o Senado que o elegeu é que pode dizer (o que fazer com Sarney)", afirmou o presidente, em São Paulo. Foi a primeira vez que Lula, em pronunciamento, não defendeu Sarney pu­­bli­­­ca­­­mente, como vinha fazendo até en­­tão (veja cronologia ao lado).

Lula negou ainda que Sarney tenha pedido para conversar sobre seu futuro político e uma pos­­­sível renúncia da presidência do Se­­­nado. Reportagem publicada on­­­tem pelo jornal Folha de S.Paulo in­­­formou que Sarney decidiria seu futuro numa conversa com o presidente na próxima se­­mana.

Segundo a reportagem, Lula e Sarney teriam conversado nos últimos dias por telefone. O presidente da República insistiu em pedir que o senador não renuncie ao comando do Senado. Mas Sarney disse que seu desejo é resistir, mas que para isso precisa de apoio.

O presidente disse ainda que não pode interferir nos trabalhos do Congresso nem na crise do Se­­­nado. Porém admitiu que os problemas no Legislativo podem atrasar a votação de projetos importantes para o país. Ele afirmou ainda que espera que os senadores se reúnam com "cabeça fria" após o recesso, que termina na segunda-feira, para resolver a situação.

O desgaste que Lula agora procura evitar também está preocupando a cúpula do PMDB, partido de Sarney. Nos últimos dias, deputados peemedebistas discutiram saídas para reagir à imagem de legenda fisiológica e adesista a qualquer governo que lhe garanta cargos e poder político. A defesa do partido deve ser fei­­ta por meio da divulgação de uma carta afirmando que o PMDB está "legitimado nas ur­­­nas", com as maiores bancadas no Senado e na Câmara, 1.200 prefeituras e nove governadores. Apesar dessa iniciativa, a direção partidária continua a não se manifestar sobre a situação cada vez mais difícil do presidente do Senado.

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