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O deputado Nelson Meurer nega ter recebido a verba | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
O deputado Nelson Meurer nega ter recebido a verba| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, encaminhou nesta sexta-feira (23) ao Supremo Tribunal Federal (STF) dados de movimentações registradas no sistema paralelo de contabilidade do Posto da Torre, de Brasília, que relacionam o nome do deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) a remessas operadas pelo doleiro Carlos Habib Chater. Segundo o juiz, no curso das investigações da Lava-Jato foi colhida "prova de possíveis crimes cometidos pelo deputado federal Nelson Meurer", que podem estar ligados ao esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.

"Embora seja prematura qualquer conclusão, os lançamentos podem retratar pagamentos efetuados por Carlos Habib Chater, a pedido de Alberto Youssef, ao referido parlamentar. Considerando o possível envolvimento de Alberto Youssef em lavagem de dinheiro de recursos desviados de obras da Petróleo Brasileiros S/A - Petrobrás, o fato deve ser submetido à avaliação do Supremo Tribunal Federal", diz Moro.

O juiz lembra no ofício, que é sigiloso e foi dirigido ao ministro Teori Zavascki, que Meurer tem foro privilegiado. A planilha do Posto da Torre mostrou pagamento de R$ 42 mil para "Nelson Meurer". Na mesma página, há três remessas endereçadas só a "Nelson", no total de R$ 103 mil, conforme informou O Globo em novembro passado.

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa havia indicado Meurer como um dos beneficiados pelo esquema. O doleiro Alberto Youssef afirmou que fazia remessas para Chater que, por sua vez, se encarregava de distribuir os valores para políticos em Brasília. A Lava-Jato começou com investigações das atividades do posto de combustíveis. No local, também funcionam uma casa de câmbio, uma lavanderia e um lava-jato de veículos, o que deu o nome à operação. Chater nega envolvimento.

Chater negou em depoimento que tenha recebido dinheiro para repassar a políticos. Procurado, Meurer nega as acusações. "Essa notícia já saiu antes. Não conheço esse posto, não sei quem é o dono, nunca recebi recursos de terceiros a não ser do PP", disse. Ele disse, também, desconhecer Chater. "Não conheço esse cidadão, nem sabia [antes da Operação Lava Jato] que existia no mundo esse cara. Ele mesmo disse há um tempo atrás que nunca distribuiu dinheiro para ninguém, em notícia que saiu na Globo."

Partido Progressista

O PP, sigla de Nelson Meurer, tem papel de protagonista no escândalo, segundo a investigação. A força-tarefa da Lava Jato acredita que os desvios na petrolífera ocorrem há pelo menos 15 anos. Mas foi o ex-deputado José Janene (PP-PR), réu no processo do mensalão morto em 2010, quem organizou a corrupção na estatal, fazendo com que as cúpulas das siglas envolvidas fossem beneficiadas diretamente.

Nas palavras de um investigador, "Janene transformou a corrupção no varejo em esquema de organização partidária". O modelo que ele teria criado consistia em concentrar a negociação e o pagamento de propinas num diretor, e não mais em vários agentes públicos dentro da estatal.

Janene foi também o padrinho político de Alberto Youssef e quem indicou Paulo Roberto Costa à diretoria de Abastecimento da Petrobras, em 2004. Dentre os 28 políticos citados pelo ex-diretor em sua delação, 10 são do PP, o partido com mais políticos envolvidos no esquema da Petrobras, segundo Costa. O próprio Youssef, ao citar os políticos envolvidos no escândalo, afirmou a investigadores da Operação Lava Jato que "só sobram dois no PP".

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