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Brasília - Foi confirmada a suspeita de que o nepotismo no Senado continuava ocorrendo, de forma disfarçada, nas empresas terceirizadas que prestam serviço à Casa. Segundo reportagem do jornal O Globo publicada no fim de semana, dos 3.516 servidores terceirizados mantidos atualmente pelo Senado, nada menos que 278 admitem ter algum grau de parentesco com funcionários comissionados ou efetivos e até com senadores. Ontem, reportagem da Folha de S.Paulo informou que o número de terceirizados que são parentes de senadores e servidores chega a 299.

Os empregados terceirizados trabalham em empresas que atendem a 16 dos 34 contratos mantidos atualmente pelo Senado com a iniciativa privada, a um custo anual de R$ 155 milhões. Segundo o novo coordenador do núcleo de gestão destes contratos, Dirceu Teixeira, a ordem do primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), é demitir todos aqueles que têm parentes na Casa, afastando suspeitas de que a instituição estaria sendo conivente com uma espécie de nepotismo terceirizado, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou no ano passado o fim dessa prática.

"Há uma determinação do primeiro-secretário para que esses servidores com parentes na Casa sejam identificados e dispensados. Até porque ninguém vai ser ingênuo para acreditar que esse número tão alto seja apenas uma coincidência", diz Teixeira.

Segundo o relatório, 37 funcionários se recusaram a responder se tinham ou não parentes trabalhando na Casa ou simplesmente não foram localizados. A comissão não divulgou a lista dos terceirizados que têm parentes, mas a reportagem identificou pelo menos um parente de senador – Paulo Paim (PT-RS) – e diretores do Senado.

Em algumas empresas, o porcentual de "terceirizados parentes" fica acima da média geral, de quase 8%. Dos 429 trabalhadores da Aval Serviços Especializados, na área de informática, pelo menos 69 (16%) admitem o nepotismo disfarçado. E pelo menos 42 deles têm pai ou mãe trabalhando na instituição. Na Aval está, por exemplo, Reilca Oliveira Maia, que aponta o tio Oto da Silva Maia como único parente no Senado. Mas na Casa ninguém desconhece que Oto Maia é irmão do ex-diretor-geral Agaciel Maia.

Para garantir o emprego de pelo menos oito parentes no gabinete de Gilvam Borges (PMDB-AP), o servidor Fernando Aurélio de Azevedo Aquino abriu mão da função comissionada. Mas ainda tem outro parente entre os terceirizados, na Aval: a cunhada Suzana Araújo Avelino. Azevedo, aliás, foi advogado da coligação que elegeu o governador Waldez Góes, no Amapá, e o senador José Sarney, em 2006.

Na empresa de consultoria Plansul, dos 337 servidores, pelo menos 26 confirmaram ter parentes na Casa. A Plansul admitiu que 23 de seus servidores não foram encontrados para responder à consulta, levantando suspeitas de que a empresa mantém funcionários fantasmas. Já a Adservis, que emprega 736 contínuos e copeiros, tem pelo menos 79 terceirizados que admitiram ter parentes no Senado.

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