O governador em exercício do Amapá, Dôglas Evangelista Ramos, decidiu suspender o pagamento de todos os fornecedores do estado do Amapá. A decisão foi anunciada neste sábado (11) na primeira entrevista coletiva no cargo. Ramos é presidente do Tribunal de Justiça do estado.
Ramos assumiu o cargo após a prisão do governador, Pedro Paulo Dias (PP). O presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Amanajás (PSDB), não pode assumir porque disputa o governo do estado. Ele também está sendo investigado no esquema e foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento no Amapá.
A decisão de suspender os pagamentos foi tomada por "cautela", segundo o novo governador. "A primeira providência foi essa, de suspender tudo. A partir de terça-feira só vamos pagar o que for necessário". Segundo ele, a orientação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi para colocar pessoas de sua confiança na área financeira do governo.
O escândalo de corrupção no Amapá levou para a cadeia 18 pessoas, entre elas o governador, o ex-governador Waldez Góes (PDT), e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Júlio de Miranda.
Poucas mudanças
Ramos enfatiza que estará assumindo por apenas cinco dias, prazo da prisão temporária. Ele vai evitar fazer grandes mudanças no secretariado por não saber o tempo que ficará a frente do executivo. Mesmo secretários que foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento, como os de Saúde, Educação, Transportes, serão mantidos no cargo. "Se eu afastá-los hoje, daqui a pouco o governador volta e põe de volta", afirmou.
O novo governador afirmou que só fará mudanças mais profundas se a prisão temporária do governador se tornar preventiva, o que pode fazer com que Pedro Paulo fique mais tempo preso. Ramos afirmou que vai colocar pessoas de sua confiança ao lado de secretários para aumentar o controle sobre as ações nestes dias em que responderá pelo governo.
No caso do secretário de segurança, Aldo Alves Ferreira, que foi preso e encaminhado para Brasília, o governador em exercício colocará em seu lugar Paulo Cesar Cavalcanti Martins, que é diretor da policia civil no estado.
O novo governador procurou enfatizar que pretende trazer tranquilidade para o estado durante seu período a frente do executivo. "A população pode ficar tranquila de que quem está assumindo provisoriamente é o presidente do Tribunal de Justiça. Tudo será conduzido com calma".
Ele também rechaçou a possibilidade de intervenção no estado. "Já tem eu aqui, para que intervenção? A intervenção faz com que não se possa aprovar uma emenda constitucional, para um estado inteiro e traz um monte de militar aqui. Não é uma boa medida".
O novo governador indicou também substitutos para outros secretários presos. No lugar de Josiel Fernandes da Silva (Planejamento) entrará Arnaldo Santos Filho, que atuamente é secretário da Receita Estadual. Na vaga de Allan Carlos (Finanças) foi indicado Veridiano Ferreira Colares, atual diretor-geral do Tribunal de Justiça.
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