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Antonio Palocci: nome do ex-ministro do governo Lula é cotado para a pasta da Casa Civil, mas pode ficar com a Saúde | Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Antonio Palocci: nome do ex-ministro do governo Lula é cotado para a pasta da Casa Civil, mas pode ficar com a Saúde| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Ele esteve ao lado de Dilma Rousseff nos debates e no discurso da vitória. Atuou nos bastidores, aconselhou e diminuiu a desconfiança do empresariado em relação à petista. Quatro anos e oito meses após ser demitido do Ministério da Fazenda castigado pelo escândalo da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, Antonio Palocci voltou a ser protagonista da política nacional.

Escalado como um dos quatro coordenadores da transição entre as gestões Lula e Dilma – os outros são o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP) e vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB) –, ele é apontado como o nome mais influente do novo governo. Articulador, o ex-ministro teria um perfil complementar ao da presidente eleita, que tem mais capacidade de gestão do que traquejo político-partidário. No momento, porém, o futuro de Palocci é duvidoso.

Há correntes que apostam que ele pode ser encaixado na Casa Civil. Também há a tendência de que ele seja ministro da Saúde. Há argumentos distintos de defesa das duas vertentes, que passam pelo histórico do governo Lula nas duas pastas.

"Ele não será a ‘Dilma’ da Dilma, do ponto de vista da coordenação de projetos, mas caberá a ele o papel de pensar o governo", diz o cientista político Leonardo Barreto, da Univer­­­sidade de Brasília. Para Barreto, Palocci executará essa função independentemente do cargo que ocupar. "É algo que ficou claro durante a campanha."

O cientista político afirma que os trechos da declaração de Dilma após a vitória, no domingo, têm interferência do pensamento econômico de Palocci. "Há referências que remetem à ‘Carta ao Povo Brasileiro’, que apaziguou o mercado em 2002", diz ele. Fundamental para a primeira eleição de Lula, o documento apresentava uma proposta de continuidade das políticas de estabilidade econômica implantadas nas administrações Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

Na época, Palocci também atuou na transição entre os governos FHC e Lula. "Ele está desempenhando hoje exatamente a mesma função de antes, de articulação. E nisso ele é referência", diz a senadora eleita Gleisi Hoffmann (PT), que integrou a equipe montada por Palocci há oito anos.

Os bons tempos continuaram com a nomeação para o Ministério da Fazenda em 2003. Médico sanitarista de formação, usou os fundamentos que aprendeu como prefeito de Ribeirão Preto (SP) para gerenciar as finanças do país. Abriu diálogo com banqueiros e grandes empresários e, tecnicamente, sofreu poucas críticas.

A ascensão acabou em março de 2006, ano da reeleição de Lula, quando a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos começou a investigar a participação do então ministro em reuniões de lobistas em uma mansão em Brasília, a chamada "República de Ribeirão". O caseiro da propriedade, Fran­­cenildo da Costa, confirmou que Palocci participava dos encontros. Francenildo teve o sigilo bancário quebrado ilegalmente para que se tentasse comprovar que ele recebeu dinheiro para prestar o depoimento – o que não aconteceu.

Mesmo abalado, Palocci conseguiu eleger-se deputado federal em 2006. Teve uma participação discreta na Câmara, mas nunca se afastou totalmente do governo Lula. "Ele permaneceu importante dentro do PT. A diferença é que agora ele volta ao núcleo duro do poder", opina a cientista política Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos (SP).

Embora tenha sido absolvido pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado, o caso Fran­­cenildo ainda assombra Palocci. Após os escândalos envolvendo José Dirceu e Erenice Guerra no comando da Casa Civil, que funciona como uma pasta de coordenação das demais, há a hipótese de que Dilma não queira escolher um nome com um passado turbulento para o cargo e evitar polêmicas logo no começo do mandato. Por essa linha, estariam mais cotados o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster.

Palocci, no entanto, teria menos interesse pessoal em ser escalado para o Ministério da Saúde, ocupado atualmente por José Gomes Temporão da cota de vagas do PMDB. Na briga por espaço, os peemedebistas apoiam que ele fique na Casa Civil. "A Casa Civil é um lugar de gestão, mas também é um lugar de diálogo. Assim fica bom para todo mundo", diz o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB), colega de Palocci na Comissão de Finanças da Câmara desde 2007.

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