Oposição unifica o discurso; já a ação...

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Líderes de partidos políticos contrários ao governador Roberto Requião (PMDB) se reuniram ontem, em Curitiba, para montar uma "frente das oposições". O objetivo é unir os esforços para combater o que chamam de "crise política" pela qual passa a atual administração estadual, caracterizada por uma série de denúncias de corrupção. Mas, do discurso à ação, a "frente das oposições" terá um longo caminho pela frente. Para efetivar o plano, primeiro os líderes oposicionistas terão de convencer os integrantes de suas legendas sobre o que é ser oposição. Afinal, muitos deputados e filiados de partidos autodeclarados de oposição costumam apoiar o governador Requião.

A própria reunião de ontem já mostrou que a "frente das oposições" não nasceu com todo o prestígio que poderia ter. Dois presidentes estaduais de partidos oposicionistas – o senador Osmar Dias (PDT) e o deputado federal Abelardo Lupion (DEM) – eram esperados para o encontro. Mas não compareceram. Enviaram como representantes os presidentes municipais das legendas em Curitiba: o vereador pedetista Jorge Bernardi e o deputado estadual democrata Osmar Bertoldi. O presidente estadual do PSB, Severino Araújo, também foi convidado, mas não apareceu. Participaram ainda da reunião os presidentes estaduais do PSDB, deputado Valdir Rossoni, e do PPS, Rubens Bueno, o anfitrião da reunião.

Rossoni concordou que realmente é preciso que cada partido de oposição arrume a casa para que o discurso oposicionista funcione. "Temos de resolver os problemas internos para que possamos fazer oposição de verdade. Mas vamos agir com cuidado, para não desagregar ainda mais", afirmou o líder da oposição no Legislativo estadual. Para Rossoni, a partir de agora, com as novas regras da fidelidade partidária, "as legendas responderão mais por seus membros."

O tucano Rossoni sabe o que diz. No PSDB, a maioria dos deputados estaduais é chamada de "tucano de bico vermelho", por estar sempre ao lado do "vermelho" PMDB de Requião. A exceção fica por conta justamente de Valdir Rossoni. Os outros partidos oposicionistas também têm vários deputados que dificilmente se opõem abertamente a Requião. O próprio Bertoldi (DEM), que ontem se mostrava oposicionista, no mês passado viajou a Nova Iorque junto com a comitiva do governador. Antes de Bertoldi, outro deputado do DEM, Durval Amaral, também já havia acompanhado Requião em outra viagem aos Estados Unidos.

Outro exemplo de atuação retraída contra Requião deu o deputado pedetista Edgar Bueno, quando o petista Tadeu Veneri apresentou projeto de lei para acabar com o nepotismo no Paraná, prática defendida por Requião. No início, suspeitou-se que uma das assinaturas necessárias para que o projeto começasse a tramitar fosse de Bueno. Mas não era dele e a proposta ficou sem as 18 rubricas necessárias para seguir adiante. Bueno, que poderia assinar o projeto e acabar com o impasse, não quis assiná-lo. Já no PPS, o deputado estadual Felipe Lucas chegou a ser o premiado com um ônibus de brinquedo pelo governador por ser uma dos parlamentares mais assíduos à reunião semanal de Requião com o secretariado.

O deputado estadual Marcelo Rangel, do PPS, que também esteve presente na reunião de ontem, disse que é necessário que integrantes dos partidos oposicionistas "sensibilizem-se mais em relação à situação crítica pela qual o estado passa administrativamente". Para Rubens Bueno, o momento é grave e requer união. "O momento é crítico, pois até membros do próprio governo do estado estão fazendo denúncias. A carta do ex-procurador-geral do Estado Sérgio Botto de Lacerda foi a gota d’água. Ele chamou o governador de omisso." De acordo com Bertoldi, a idéia é juntar entidades de classe, como sindicatos, à luta oposicionista. Bertoldi justificou sua pequena expressão como parlamentar de oposição alegando ser um deputado de bastidores e não de discursos.