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Duas pesquisas contratadas pela RPC TV sobre a corrida eleitoral na disputa pela prefeitura de Curitiba foram divulgadas nesta semana – a primeira, na quinta-feira, do Datafolha, a outra, na sexta, do Ibope. A maioria de quem as leu certamente atentou para seu aspecto mais básico e evidente – isto é, os índices atribuídos a cada candidato e a ordem de classificação. Mas há um olhar diferente que pode ser lançado para um aspecto implicitamente presente nas duas sondagens. É o que veremos em seguida.

Pelo Ibope, considerando apenas os quatro principais candidatos, o prefeito Luciano Ducci (PSB) assume o primeiro lugar, com 31%, e Ratinho Jr. (PSC) cai para o segundo, com 30%. Gustavo Fruet (PDT) e Rafael Greca (PMDB) ocupam a terceira e quarta colocações, com 16% e 8%, respectivamente. Já o Datafolha põe Ratinho Jr. em primeiro lugar (32%), seguindo-se Ducci (26%), Fruet (16%) e Greca (7%).

O que está implícito nos índices apresentados pelos dois institutos, independentemente da ordem dos nomes e das diferenças numéricas, é a clara revelação de que os eleitores demonstram um latente desejo de mudança. O sinal mais visível desse desejo é o surpreendente e firme desempenho de Ratinho Jr. Outro sinal é a persistente dificuldade do prefeito Luciano Ducci de, embora ter crescido, alcançar uma zona de maior conforto, como geralmente se dá entre candidatos que pleiteiam a reeleição.

A 20 dias das eleições, apesar de contar com o apoio do governador Beto Richa e de duas poderosas máquinas políticas (a estadual e a municipal); de ter o maior tempo de propaganda no rádio e tevê; e da enorme quantidade de cavaletes, bandeirolas e outros instrumentos de difusão de sua candidatura, o melhor resultado que Ducci conseguiu até agora nas pesquisas foi o de empatar tecnicamente com Ratinho Jr.

Todos os demais candidatos fazem oposição ao prefeito. Se somados os seus índices (continuemos considerando apenas os melhor pontuados pelas pesquisas), vê-se que os eleitores que se mostram dispostos a mudar a administração da cidade aproximam-se dos 55%. Acrescente-se a este contingente os eleitores dos candidatos nanicos e se chegará perto dos 60%. Isto é, bem mais da metade da população manifesta vontade de colocar Curitiba nas mãos de uma corrente política divergente da liderada pelo governador Beto Richa e, nesta disputa, representada pelo candidato à reeleição.

Este raciocínio não exclui a viabilidade mais próxima de se confirmarem como vencedores do primeiro turno os dois primeiros colocados no Datafolha e no Ibope, Luciano Ducci e Ratinho Jr. Mas também não exclui a chance de, quanto mais próxima a data da eleição, mais crescer o suposto desejo de mudança e, consequentemente, alterar-se tal previsão.

A briga pelo 2.º lugar

É com esta hipótese que trabalham os dois principais alvos que ainda podem ser atingidos pelo pretenso desejo de mudança revelado nas pesquisas: Luciano Ducci e Gustavo Fruet. Enquanto Ratinho já parece consolidado como presença certa no segundo turno, Ducci e Fruet ainda têm necessidade de lutar muito – o primeiro, para não cair; o segundo para sair do modesto terceiro lugar que passaram a lhe atribuir as pesquisas mais recentes.

Por isso, daqui para a frente tenderá a ficar mais visível o esforço dos estrategistas de Ducci de manter Fruet o mais longe possível de seus calcanhares – o que poderá significar o emprego, mas agora em doses ainda maiores, da mesma e única receita de sucesso usada até agora, isto é, a de atacar a aliança do ex-tucano com o PT. É inegável que a campanha de Ducci teve sucesso em criar o ambiente de rejeição política a Fruet, embora, pessoalmente, seus índices de rejeição tenham se mantido inferiores aos dos adversários.

Fruet, que sentiu o baque e, de franco favorito antes de se iniciar a campanha, amarga hoje o risco real de ficar fora do segundo turno, deve agora ir para o tudo ou nada. Ele já emitiu sinais de mudança profunda em sua postura. Se, antes, evitava mostrar a aliança que firmou com o PT, passou a assumi-la tão claramente quanto possível, sobretudo quando se trata de vincular seu nome ao da presidente Dilma Roussef.

Mais: tanto nos programas eleitorais quanto em entrevistas à imprensa, passou a explicar os motivos que o levaram a deixar o PSDB oposicionista e a se filiar ao situacionista PDT, mas "sem mudar de lado", como enfatiza ao lembrar que, como parlamentar, foi um dos responsáveis pelo castigo que agora sofrem na Justiça os envolvidos no mensalão. A linha de crítica mais dura à administração de Ducci tem sido outro sinal da modificação que vem operando e com a qual, no fundo, espera reconquistar a classe média e tirar votos de Ducci e de Ratinho. Tudo para chegar ao dia 7 de outubro pelo menos em segundo lugar.

Metodologia

A pesquisa DataFolha/RPC foi realizada nos dias 10 e 11 com 958 entrevistas na capital. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais, para mais ou para menos. Registro no TRE-PR: 00148/2012.

A pesquisa Ibope/RPC, com 805 entrevistas, foi realizada entre os dias 11 e 13, com margem de erro de 3 pontos porcentuais. Registro no TRE-PR: 00162/2012.

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