
Palco pré-eleitoral atrai políticos
Kátia Chagas
As aparições do governador Roberto Requião no interior para entrega de ônibus e obras seguem um ritmo de campanha eleitoral. Faltando menos de um ano para a eleição, os deputados da base governista que vão disputar a reeleição e secretários de estado com pretensões políticas tentam capitalizar as inaugurações para ganhar maior projeção junto ao eleitorado.
Paiçandu - O palanque que cedeu e feriu o governador Roberto Requião e outros 24 políticos, autoridades e assessores na manhã de ontem, em Paiçandu, a 15 quilômetros de Maringá, tinha mais pessoas sobre ele do que era recomendado. Segundo Anderson Dorigan, proprietário e responsável pela armação do palco, o governo estadual foi informado de que a estrutura suportava 40 pessoas com segurança, mas no momento da queda esse limite havia sido superado. O chefe da Casa Militar do governo estadual, coronel Washington Alves da Rosa, que esteve no local no momento do acidente, estimou que houvesse entre 50 e 80 pessoas sobre o palanque.
Dorigan, que também estava no local, porém, avalia que o número de pessoas era bem maior. "Foi excesso de peso. O palco é para 40 pessoas distribuídas em 120 metros (quadrados). Na hora tinha umas 140 (pessoas) e estavam concentradas", disse ele. O dono do palanque afirmou ainda que a estrutura do palanque era nova e tinha apenas três meses de uso. "Não foi problema estrutural", assegurou.
A Casa Militar do governo, que é responsável por adotar medidas de segurança em eventos oficiais, vistoriou a estrutura um dia antes do acidente. Segundo o coronel Alves da Rosa, a conclusão foi de que o palco suportaria até 300 pessoas número bem acima da lotação na hora do acidente.
O coronel afirmou ainda que as causas do acidente serão investigadas. Mas opinou que o problema deve ter ocorrido em uma das vigas de aço de sustentação do palco. "Em primeira avaliação, uma viga de aço cedeu e o palco desabou." Ele disse que as barras de sustentação eram muito longas e o peso se concentrou sobre uma delas (uma das recomendações do proprietário do palco era de que as pessoas sobre o palanque não se concentrassem em um único ponto).
Um inquérito civil e criminal foi aberto para investigar as causas do acidente. Ele será conduzido pela Delegacia de Paiçandu. "Temos que esperar os laudos e apurar as responsabilidades. Ver se o placo tinha espaço e condições. Só depois vai caber ação criminal", disse José Nunes Furtado, delegado de Paiçandu. Segundo Dorigan, dono do palanque, seu advogado vai indicar um perito particular para acompanhar as investigações. Peritos do Instituto de Criminalística já estiveram em Paiçandu e fizeram o levantamento preliminar do local do acidente.
Feridos
Além de Requião, estavam no palanque diversos secretários estaduais tais como Luiz Forte Netto (Desenvolvimento Urbano), Luiz Fernando Delazari (Segurança Pública) e Ênio Verri (Planejamento). Havia também deputados estaduais Artagão Júnior, Teruo Kato, Waldyr Pugliesi, Nereu Moura (todos do PMDB), Luiz Nishimori (PSDB) e Dr. Batista (PMN) e um deputado federal, Odílio Balbinotti (PMDB).
O governador teve uma luxação no pé esquerdo, mas passa bem. O deputado Nereu Moura sofreu um corte na cabeça. Odílio Balbinotti teve um ferimento no ombro. E secretário Ênio Verri sofreu uma luxação na perna. Todos também estão fora de perigo.
O evento do qual todos participavam era para fazer a entrega de 69 ônibus escolares para 29 cidades da região.
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