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Estava insustentável: Palocci pediu demissão para tirar o Planalto e o Congresso da paralisia política | Andre Dusek/AE
Estava insustentável: Palocci pediu demissão para tirar o Planalto e o Congresso da paralisia política| Foto: Andre Dusek/AE

Depois de 23 dias sendo alvo de denúncias de enriquecimento ilícito e suspeitas de ter feito tráfico de influência no governo federal como consultor privado, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu ontem demissão do cargo. A presidente Dilma Rousseff aceitou o pedido e escolheu a senadora paranaense Gleisi Hoffmann para a Casa Civil. Gleisi assume nesta quarta-feira. O Planalto espera, com isso, pôr fim à crise política que estava paralisando o governo e o Congresso.

Palocci não falou publicamente sobre sua demissão. Mas a Casa Civil emitiu uma nota em que o ex-ministro se defende. O ministério lembrou que a Procuradoria-Geral da República não viu nenhuma razão para investigar o ministro, em parecer emitido na segunda-feira.

"O ministro considera que a robusta manifestação do procurador-geral da República [Roberto Gurgel] confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta", diz a nota da Casa Civil. "Considera, entretanto, que a continuidade de embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, decidiu solicitar seu afastamento", prossegue o texto.

A Presidência da República, também por meio de nota oficial, lamentou a saída de Palocci. "A presidenta aceitou e lamenta a perda de tão importante colaborador", diz o texto, que também destacou "a valiosa participação de Antonio Palocci em seu governo" e "os inestimáveis serviços que prestou ao governo e ao país". Palocci

Surpresa

A demissão de Palocci pegou os líderes governistas e de oposição da Câmara dos Deputados exatamente no meio de uma negociação sobre a possibilidade de convocar o agora ex-ministro para prestar esclarecimentos sobre seu enriquecimento nos últimos quatro anos, quando o patrimônio dele aumentou 20 vezes, saltando de R$ 375 mil para R$ 7,6 milhões.

Governo e oposição buscavam uma forma de ouvir Palocci, mas de uma forma combinada com o próprio ministro, sem que fosse por meio da convocação aprovada pelos partidos de oposição na Comissão de Agricul­tura.

Palocci, anteontem à noite, já havia informado os deputados governistas a disposição de ir à Câmara para prestar esclarecimentos. Mas no fim da tarde de ontem o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), foi avisado da reunião que ocorria no Planalto para decidir o futuro de Palocci e pediu tempo aos líderes partidários que estavam em sua sala.

Um pouco mais tarde, o próprio Palocci telefonou para Maia e para o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), relatando sua decisão pela demissão. Com a demissão, nenhuma decisão sobre a convocação de Palocci foi tomada no Congresso. Mas, na prática, o pedido perdeu efeito, pois ex-ministros não podem ser convocados pelo Congresso a se explicar.

Apesar disso, a oposição informou que ainda pretende ouvir o ex-ministro. O líder do DEM na Câmara, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), disse que os oposicionistas devem, agora, apresentar um convite para que Palocci apresente esclarecimentos na Câmara – que o ex-ministro poderá recusar. A convocação não poderia ser recusada.

Futuro incerto

Deputado entre os anos de 2006-2010, período em que multiplicou seu patrimônio 20 vezes como consultor privado, o ex-ministro Antonio Palocci não voltará à Câmara Federal. Palocci não concorreu às eleições para a Câmara no ano passado para coordenar a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff. Palocci foi a primeira baixa entre os ministros do governo Dilma. Ele assumiu o cargo em 1.º de janeiro deste ano e ficou 158 dias no cargo.

Leia mais nas páginas 16, 17 e 19.

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