• Carregando...
Urbanização da Vila Parolin, em Curitiba, é uma das obras previstas no programa de Temer. | HEDESON ALVES/ARQUIVO GAZETA DO POVO
Urbanização da Vila Parolin, em Curitiba, é uma das obras previstas no programa de Temer.| Foto: HEDESON ALVES/ARQUIVO GAZETA DO POVO

Pense na época de bonança econômica de alguns anos atrás e será possível relembrar o anúncio de grandes investimentos milionários em todo o Brasil. Esses tempos não existem mais. Na semana passada, o governo federal divulgou uma lista com 1,6 mil obras que estavam paralisadas pelo país e começarão a ser retomadas nos próximos três meses.

Infográfico: Saiba quanto será destinado para cada área no Paraná

No geral, são empreendimentos relativamente pequenos e baratos, como implantação de rede de esgoto e construção de creches e unidades de saúde. O objetivo é claro: tentar criar uma agenda positiva do governo Michel Temer (PMDB), que ainda patina em baixos níveis de popularidade.

Segundo o Ministério do Planejamento, os empreendimentos foram selecionados até o valor individual de R$ 10 milhões e estão espalhados por 1.071 municípios do país. A promessa é que todas as 1,6 mil obras sejam retomadas até 30 de junho do ano que vem e concluídas até 30 de junho de 2018 (para aquelas que apresentam hoje mais de 50% de execução) e até 30 de dezembro de 2018 (com índice atual de conclusão abaixo da metade).

No Paraná, o pacote envolve 63 obras em 48 cidades (veja lista abaixo). A maior parte delas (13) diz respeito à urbanização de vilas e loteamentos, seguidas por serviços de saneamento básico de rede de esgoto (10) e pela construção de unidades básicas de saúde e pronto atendimento (9).

O empreendimento mais caro, cuja execução ainda está abaixo dos 50%, tem custo total de R$ 9,9 milhões e prevê a urbanização do bairro Capela Velha, em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. Já os 11 mais baratos envolvem R$ 500 mil cada um e estão relacionados à construção de quadras esportivas, unidades de saúde e serviços de abastecimento de água.

Os valores referem-se ao custo original de cada obra, inserida no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal. Considerando as 63 que deverão ser retomadas no Paraná, o montante original é de R$ 188,7 milhões. Para efeito de comparação, somente as 10 obras da Copa do Mundo em Curitiba somaram R$ 469,5 milhões – montante quase 150% maior. Já 15 grandes obras de infraestrutura do PAC no estado, em rodovias, portos e aeroportos, envolvem R$ 802,2 milhões – valor 325% maior.

Se o número utilizado for a soma necessária para a conclusão das obras paralisadas de acordo com o estágio atual de cada uma (cerca de R$ 120 milhões a serem investidos até o fim da gestão Temer), essa diferença cresce ainda mais.

Baixa popularidade

Segundo levantamento feito no início deste mês pelo Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo, 48,9% dos paranaenses desaprovam a gestão do presidente Michel Temer (PMDB), contra uma aprovação de 43,2%. Além disso, para 22,3% dos entrevistados, o governo do peemedebista é pior do que o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e igual para outros 33,8% − 40,9% disseram que Temer está indo melhor que a petista.

Medida busca atrair simpatia de classes populares, diz especialista

Para Roberto Piscitelli, professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília, fica evidente a estratégia política do governo Michel Temer (PMDB) de anunciar uma infinidade de pequenas obras, que têm grande abrangência em termos geográficos e sociais, mas cujo impacto global para o país é baixo. “Criticava-se tanto o PT por esse tipo de coisa, mas seguem exatamente a mesma linha, a política que sempre se fez no Brasil para atrair a simpatia das classes populares. O governo sofre com um baixo índice de popularidade, tanto que o presidente não aparece em público, só faz eventos fechados para convidados, no Palácio do Planalto”, afirma.

Na visão de Piscitelli, o governo ainda segue paralisado e mergulhado em uma situação financeira difícil, com a arrecadação caindo e o mercado de trabalho sem dar sinais de recuperação. “Veja que todos os prazos apresentados são sempre adiados, sobretudo no envio de projetos ao Congresso. Tudo ainda é muito nebuloso. Minha visão não é muito otimista, mas não vejo razão para ser diferente no cenário atual”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]