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Há uma corrente no pensamento nacional que atribui a corrupção do país à personalidade do brasileiro, herdada dos portugueses. O historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), no clássico Raízes do Brasil, lançou a tese da “cordialidade”: a emoção – o coração (cordis, em latim, daí o termo) –, muito mais que a razão, é o que marca a raça brasileira. E isso, transposto ao trato dos assuntos públicos, provoca a confusão entre o público e o privado que leva ao “jeitinho” e à corrupção. Pois o brasileiro, um “homem cordial”, acaba por reproduzir no Estado as relações de família, o ambiente regido pelas emoções por excelência. Aos amigos e parentes, tudo; aos outros, a lei.

Por meio desse pensamento, o problema brasileiro seria mais de personalidade do que de instituições. Professor de História da UFPR, Luiz Carlos Ribeiro concorda que atribuir a corrupção às instituições oculta o fato de que elas são feitas por pessoas. Mas ele também critica o “racialismo” da tese de Holanda, pois conduz à conclusão de que os problemas nacionais são fruto de uma genética que condenaria o país ao atraso. “Instituições são construções culturais e não genéticas”, diz.

Um argumento a favor disso é que os próprios portugueses atualmente não têm problemas tão sérios de desvios de dinheiro púbico como os brasileiros. Portugal ocupa a 28.ª posição no ranking dos países menos corruptos da Transparência Internacional; o Brasil é o 76.º.

A solução na educação

“Como então se resolve isso [a corrupção]? É difícil. Mas é com mudanças culturais. Com educação, boas escolas”, diz Ribeiro. E também com mais democracia. “Países menos corruptos são os mais democráticos.” E isso implica envolvimento da sociedade na vida em comunidade: desde o simples ato de cuidar de seu lixo até a escolha dos políticos, que não chegam ao poder sem o voto popular.

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