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Duque, em dezembro, quando deixava a carceragem da PF em Curitiba. | Aniele Nascimento/Arquivo/Gazeta do Povo
Duque, em dezembro, quando deixava a carceragem da PF em Curitiba.| Foto: Aniele Nascimento/Arquivo/Gazeta do Povo

A Polícia Federal voltou a prender na manhã desta segunda-feira (16) o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque. A prisão preventiva ocorre na 10ª etapa da Operação Lava Jato, que tenta cumprir ao todo 18 mandados, sendo dois deles de prisão preventiva, quatro de prisão temporária e 12 de busca e apreensão.

Além de Duque, já foram presos nesta manhã do empresário Adir Assad - investigado sob suspeita de manter empresas laranjas e usá-las para lavar dinheiro - e Lucélio Roberto von Lehsten Góes, filho de Mario Góes, que já está preso em Curitiba e é apontado como operador do esquema de corrupção na Petrobras. Os outros alvos dos mandados de prisão temporária são Sonia Mariza Branco, Dario Teixeira Alves Junior e Sueli Maria Branco. Eles são investigados por terem ligações com empresas que teriam sido usadas no esquema de lavagem de dinheiro, como Rockstar, Legend e Power.

Os mandados estão sendo cumpridos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, e atendem a ordens do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. Os alvos dos mandados de prisão são investigados por suposta associação criminosa, uso de documento falso, corrupção passiva e corrupção ativa, além de fraude em processo licitatório e lavagem de dinheiro. Os alvos de busca e apreensão foram casas dos suspeitos e escritórios ligados a essas empresas. Todos os presos serão levados para Curitiba, onde já estão presos outros 15 investigados, entre eles executivos das maiores empreiteiras do país e o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do caso.

Duque foi preso porque, segundo a PF, estaria movimentando dinheiro depositado em contas no exterior. A PF afirmou que Duque transferiu 20 milhões de euros (cerca de R$ 68 milhões) de contas na Suíça para contas no principado de Mônaco. A polícia também descobriu que Mário Góes operava da mesma forma que Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que usava contas em nome de familiares para movimentar o dinheiro oriundo de propinas no esquema da Petrobras. Foi por isso que o filho de Góes foi detido.

“Que País é Esse?”

A etapa anterior da Lava Jato, deflagrada em fevereiro, foi batizada de “My Way”, apelido dado a Duque. A Polícia Federal tenta evitar a lavagem desse dinheiro. A nova etapa se chama “Que País é Esse?”, nome de uma música do Legião Urbana e que faz referência a uma conversa entre Duque e seu advogado no momento em que ele foi preso pela primeira vez.

Ao saber que seria levado à prisão em novembro do ano passado, Duque exclamou ao seu defensor: “que país é esse?”. A fala foi interceptada em gravação da polícia. Depois de passar 19 dias na prisão, ele foi solto pelo ministro Teori Zavascki em 3 de dezembro. Na ocasião, Zavascki entendeu que não havia risco à aplicação da lei penal com a soltura de Duque, conforme sustentava a ordem de prisão preventiva - ou seja, não há risco de o ex-diretor fugir.

O ministro entendeu que o fato de Duque manter recursos tidos como ilegais no exterior “não é motivo suficiente” para sua prisão. Ele determinou que o ex-diretor, porém, entregue seu passaporte e seja proibido de deixar o país ou mudar de endereço sem autorização.

De acordo com as investigações da PF, Duque ele recebia propina de fornecedores da Petrobras e repassava a políticos. Em depoimento dado em acordo de delação premida, o ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro José Barusco Filho disse ter pago quinzenalmente R$ 50 mil provenientes de propina a Duque.

Os crimes investigados nesta etapa estão associação criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e fraude em licitação. Duque foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca. Está é a segunda vez que o ex-diretor da estatal é preso. A primeira vez foi em 14 de novembro junto com executivos de grandes empreiteiras do país, após uma série de denúncias de corrupção envolvendo grandes obras da Petrobras. Ele deixou a prisão em dezembro graças a um habeas corpus.

O nome de Duque foi citado pelo ex-gerente-executivo da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, um dos principais operadores do esquema de corrupção na estatal, em depoimento na semana passada à CPI da Petrobras.

Barusco, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça, disse que o mecanismo de desvio de recursos envolvia empresas, Duque e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

O empresário paulista Adir Assad, ligado à construtora Delta e investigado na CPI do Cachoeira, também foi preso. Ambas as prisões são preventivas, e os detidos serão levados para o Paraná. Entre os presos está o filho do empresário Mário Góes, também investigado na operação.

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