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Em foto de 2010, Funaro depõe na CPI das ONGs do Senado Federal | Lula Marques/Folhapress/Arquivo/
Em foto de 2010, Funaro depõe na CPI das ONGs do Senado Federal| Foto: Lula Marques/Folhapress/Arquivo/

Dois delatores da Operação Lava Jato afirmaram terem sido ameaçados pelo operador Lúcio Bolonha Funaro, preso pela Polícia Federal nesta sexta-feira (1º). Um deles afirmou que Funaro prometeu atear fogo em sua casa, com seus filhos dentro do imóvel.

As informações constam nos depoimentos prestados pelo ex-diretor da Hypermarcas Nelson José de Melo e pelo ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto aos procuradores que integram o grupo de trabalho da Lava Jato.

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Os relatos sustentaram o pedido de prisão feito pelo PGR, Rodrigo Janot contra Funaro, apontado como operador do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Tanto Cleto quanto Melo admitiram ter participado de negócios ilícitos, envolvendo pagamento de propina, com Funaro.

Cleto chegou ao alto escalão da Caixa por indicação de Cunha e do operador. Segundo ele, em contrapartida, tinha de passar informações privilegiadas ao parlamentar referentes às empresas que pleiteavam recursos do FI-FGTS, fundo de investimentos ligado ao banco estatal.

De acordo com Cleto, Cunha extorquia essas empresas e partilhava a propina com ele e Funaro. Numa dessas divisões, em 2012, o então vice da Caixa se desentendeu com o suposto operador de Eduardo Cunha.

“Funaro ameaçou colocar fogo na casa do depoente, com os filhos dentro”, relata a PGR no despacho em que pede e detenção do operador.

Nelson Melo, que contou ter desembolsado suborno a Funaro, disse aos procuradores que ele continuava o procurando para exigir mais dinheiro até março deste ano, mês em que a Lava Jato já havia completado dois anos.

Melo acrescentou que Funaro assumia um comportamento ameaçador e chegou a descobrir um endereço e um telefone que ele jamais havia dado ao operador.

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“Também chama a atenção a agressividade de Funaro no trato com o colaborador (Nelson Melo), manifestada por termos como ‘você não sabe com quem está se metendo’ e ‘está querendo me foder?’, exemplifica a PGR, com base dos depoimentos do próprio Melo.

Esses não foram os primeiros relatos de investigados na Lava Jato sobre supostas ameaças de morte por parte de Funaro. Milton Schain, dono do grupo empresarial que leva seu sobrenome, já havia denunciado intimidações semelhantes do operador.

Funaro tem no currículo maior honraria concedida pela Assembleia do Rio

Lúcio Bolonha Funaro tem em seu currículo duas das maiores honrarias concedidas pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Em setembro de 2002, o paulista recebeu o título de Cidadão do Estado do Rio. Já em dezembro de 2004, foi condecorado com a Medalha Tiradentes. Ambas as proposições foram feitas pelo então deputado estadual Albano Reis, que morreu no mesmo mês da concessão do mérito, num acidente de trânsito.

No texto de justificativa da Medalha Tiradentes, maior honraria concedida pelo parlamento fluminense, Funaro é descrito como um “honroso e digno economista”, além de uma “pessoa virtuosa em sua profissão, homem de integridade e alto nível de conhecimento, experiência e boa formação no campo econômico”. Os elogios não param por aí. “São muitos os cargos e funções assumidos e sua capacidade geradora de serviços está acima das espectativas (sic). O economista traduz o dinamismo característico dos grandes empreendedores e na atual missão que lhe foi confiada, presta relevantes serviços ao nosso Estado”. No currículo descrito, Funaro aparece na época como diretor-presidente da empresa Royster S/A.

A resolução que concede a Medalha Tiradentes foi ratificada pelo atual e também presidente da Alerj em 2004, deputado Jorge Picciani (PMDB). Já o título de Cidadão Fluminense foi assinado por Sérgio Cabral, presidente da Casa em 2002.

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