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A crise na aviação civil brasileira altera o ânimo de pilotos e controladores de vôo. O forte estresse por que passam os profissionais aumenta as dificuldades no controle do tráfego aéreo. A equipe de reportagem do "Bom Dia Brasil", da TV Globo, conversou com um piloto que fez uma revelação preocupante. Segundo ele, desde o começo da crise, os erros de comunicação se tornaram mais freqüentes.

Passageiros e funcionários das empresas áereas estão preocupados com os rumos da crise aérea. Os pilotos e a tripulação têm trabalhado sob tensão nos últimos meses. Um comandante concordou em falar com a reportagem sem ser identificado. "Já vamos (trabalhar) um pouco tensos, na insegurança do que vai acontecer, se vamos ter atrasos ou não", confessa.

Piloto há doze anos, com quase quatro mil horas de vôo, ele revela que os erros cometidos por controladores estão aumentando. "Eles passam informações para nós que são para outra aeronave atrás ou na frente", afirma. "Já aconteceu comigo. Estava pousando em Congonhas, na aproximação final, e ele (controlador) disse para descer a 3.000 pés. Questionei, disse que não podia (descer) porque já estava a 2.000 pés. Ele corrigiu e disse que (a informação) não era para mim, mas para o Varig que vinha depois", diz o comandante.

Apesar disso, o piloto explica que a tripulação é preparada para enfrentar esses contratempos e afirma: "Em termos de segurança, é altamente seguro voar ainda, posso garantir." Crise

O ápice da crise aérea aconteceu na sexta-feira passada (30), quando os controladores de vôo cruzaram os braços e suspenderam as operações nos 49 aeroportos do país. Os trabalhadores reclamam das condições de trabalho, dos salários e da falta de manutenção dos equipamentos. Eles também pedem a desmilitarização do setor.

Os 'grevistas' voltaram a trabalhar na madrugada de sábado (31), depois de uma reunião com representantes do governo federal. Os passageiros enfrentaram filas e atrasos durante o fim de semana.

Além dos transtornos nos terminais aéreos, a crise gerou um mal-estar dentro da Aeronáutica. Na noite de sexta, foi decretada a prisão dos manifestantes, mas o presidente Lula discordou da medida. Para tentar amenizar os ânimos, Lula determinou, na terça-feira (3), que o comandante Juniti Saito, da Aeronáutica, conduzisse as negociações com os trabalhadores.

O Ministério Público Militar pediu à Aeronáutica a abertura de um inquérito para investigar o caso. Se forem punidos, os responsáveis pela greve poderão ser condenados a oito anos de prisão.

Na quinta-feira (5), a Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA) divulgou uma nota pedindo "perdão" à sociedade pelos transtornos provocados pela paralisação.

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