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Ex-ministro Moreira Franco é um dos aliados do vice Michel Temer, que inicia a Caravana da Unidade nesta quinta-feira. | Valter Campanator/ ABr
Ex-ministro Moreira Franco é um dos aliados do vice Michel Temer, que inicia a Caravana da Unidade nesta quinta-feira.| Foto: Valter Campanator/ ABr

Nesta quinta-feira (27), o vice-presidente da República, Michel Temer, e seu grupo político começam a chamada Caravana da Unidade, uma série de visitas a lideranças do PMDB visando a convenção nacional do PMDB, em março. A primeira parada será em Curitiba, onde o grupo se reunirá com o senador Roberto Requião.

A reportagem da Gazeta do Povo conversou com Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães e um dos principais aliados de Temer no partido. De acordo com ele, o objetivo do grupo é visitar as bases para buscar subsídios para uma proposta do PMDB para superar a crise econômica.

Franco, que foi ministro-chefe das Secretarias de Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos durante a gestão de Dilma Rousseff (PT), disse ainda que o partido “não trabalha com a hipótese do impeachment”. Ele ressaltou, entretanto, que há uma necessidade de pacificar o país para superar a crise.

Qual o objetivo da Caravana da Unidade?

Vamos ter convenção nacional no dia 19 de março. No final de março, o PMDB faz 50 anos, e em outubro, o Dr. Ulysses [Guimarães] faria cem anos. Então é um ano de muita importância para nós. O Michel [Temer], que já é presidente [do PMDB], é candidato à reeleição. Então nós vamos visitar vários estados, se não todos, para uma discussão interna. Nós somos o maior partido do Brasil, o país vive a maior crise econômica de sua história e nós temos que oferecer alternativas para superar essa crise. O PMDB não tem dono, o militante manda no PMDB. Isso faz com que, permanentemente, nós tenhamos que viajar pelo país para conversar com os dirigentes e militantes. E há também uma expectativa muito grande de elegermos o prefeito de Curitiba.

Esse é o motivo para começar essa Caravana por Curitiba?

Começa por Curitiba porque o Paraná é um estado importante e o Requião é uma liderança importante do partido, com uma tradição política muito antiga dentro do PMDB.

O senhor mencionou a crise econômica. Como o PMDB vê essa crise?

Mais de 60 milhões de brasileiros tiveram ganhos, nos últimos anos, decorrentes das políticas sociais e do próprio crescimento econômico. Agora, estão começando a perder o que conquistaram. Isso, do ponto de vista social, é muito ruim. Essa perda é consequência da inflação que atinge dois dígitos, do desemprego que atinge dois dígitos. O estado brasileiro, em função do desequilíbrio fiscal, está sem recursos para manter os serviços e as políticas sociais. As prefeituras e estados estão quebrados. Então, é uma situação do país que nós temos que ficar atentos e fazer uma proposta. Nós temos a obrigação de oferecer uma alternativa.

O PMDB, desde sempre, foi muito dividido. Há correntes das mais variadas posições políticas. Como apresentar uma proposta que agrade, ao mesmo tempo, figuras como Eduardo Cunha e Roberto Requião?

O PMDB não tem dono, então nunca trabalhamos com unanimidade, e sim com maioria. E a minoria tem todo espaço partidário para exercitar suas ideias e defender seus pontos de vista. Nós temos uma diversidade que é saudável, é o retrato do Brasil. Onde tem Brasil, tem PMDB. Um partido que existe em toda a extensão territorial tem que trazer para a vida nacional as questões locais. E nós fomos criados na disputa municipal, somos diferentes dos outros partidos que fazem acordo nacional em detrimento da realidade local. Nós não fazemos isso, porque fomos criados na disputa. Somos o partido com maior número de prefeitos e vereadores. Agora, queremos melhorar nosso desempenho em capitais e municípios com mais de 200 mil eleitores, porque o objetivo nosso é ter um candidato à presidência em 2018.

Especula-se Michel Temer e Eduardo Paes como candidatos. Já há um nome mais forte?

Não. Primeiro, estamos cuidando de montar uma estrutura eleitoral que sustente um nome. Candidato a gente encontra com relativa facilidade, mas organizar uma candidatura é mais complexo. Tem que ter um bom programa, que tenha conexão com a população e sensibilize as pessoas.

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Hoje o PMDB é governo, mas há muitos filiados que pleiteiam a saída. Como o senhor vê essa questão?

É natural que essa disputa se dê, existem muitos companheiros que não querem aliança com o PT e preferem disputar as eleições municipais em outro ambiente. Há companheiros que acham que o governo não consegue dar alternativas adequadas à maior crise econômica da nossa história. O que une o partido é a necessidade do PMDB oferecer uma alternativa para essa crise, e o tempo corre contra nós. Então nós temos pressa. Você conversa com empresário, com trabalhador, com a dona de casa, está todo mundo insatisfeito, sem confiança. E isso é um ambiente hostil à atividade econômica.

A crise econômica é muito afetada pela crise política...

Eu não acho. Acho que é a crise econômica que alimenta a crise política. Sem perspectiva na área econômica, a população insatisfeita e inquieta, o efeito no ambiente político é muito ruim.

Há, também, a questão do impeachment. O processo começou em dezembro, e, caso se concretize a saída da presidente Dilma Rousseff, Temer seria o sucessor. O PMDB está preparado para isso?

Nós não trabalhamos com a hipótese do impeachment. Para que o impeachment se concretize, é preciso do apoio de uma maioria muito sólida na sociedade. As pesquisas mostram que a maioria é a favor, mas não é uma maioria expressiva a ponto de justificar o uso do mais violento instrumento constitucional, que é o impeachment. Hoje, [o apoio ao impeachment] está em torno de 60%. Há uma divisão muito grande, a sociedade está quase dividida ao meio. Isso gera um clima de intransigência, irritação, desrespeito. Nós precisamos é pacificar a sociedade brasileira o mais rápido o possível, formar uma ampla maioria para rumar na mesma direção e reestabelecer a credibilidade no país e do país.

Nas sua visão, Dilma tem condições de pacificar o país?

Evidentemente, ela terá oportunidades para isso. Nós não queremos tirar as oportunidades dela. Mas é necessário que isso ocorra. Como disse o [ex-]ministro Delfim [Netto], não existe presidencialismo sem presidente.

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