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Senador Valdir Raupp, presidente nacional do PMDB, enxuga as lágrimas ao comentar sobre acidentes em estrada de Rondônia: críticas emotivas ao Ministério dos Transportes, pasta cobiçada pelos peemedebistas | José Cruz/Ag. Senado
Senador Valdir Raupp, presidente nacional do PMDB, enxuga as lágrimas ao comentar sobre acidentes em estrada de Rondônia: críticas emotivas ao Ministério dos Transportes, pasta cobiçada pelos peemedebistas| Foto: José Cruz/Ag. Senado
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Eleições municipais

Peemedebistas temem perder prefeituras para o PT

Além da insatisfação com o espaço dos peemedebistas no governo federal, os deputados federais do partido também reclamam no manifesto divulgado ontem da tentativa do PT de conquistar a hegemonia nos municípios nas eleições de outubro – hoje, o partido com mais prefeituras no país é o PMDB.

"Nós estamos vivendo numa encruzilhada, onde o PT se prepara com ampla estrutura governamental para tirar do PMDB o protagonismo municipalista e assumir seu lugar como o maior partido com base municipal no país", afirma o documento, resumindo a preocupação dos peemedebistas diante do uso pelo PT da máquina federal nas eleições municipais de outubro.

Um dos exemplos da insatisfação do PMDB com o PT nas articulações eleitorais está em São Paulo. Embora a presidente Dilma Rousseff tenha prometido recentemente não entrar na campanha deste ano, movimentos recentes do Planalto buscam fortalecer a candidatura de Fernando Haddad (PT) à prefeitura da capital paulista. Para peemedebistas, ao mesmo tempo os petistas tentam enfraquecer o pré-candidato do PMDB, o deputado federal Gabriel Chalita. O objetivo do PT seria tirar Chalita da disputa para que ele apoie Haddad.

Em reunião anteontem à noite, o comando do PMDB reagiu. Classificou como "irreversível" a candidatura de Chalita. Segundo peemedebistas, a avaliação é de que, para o PT, hoje é melhor manter o peemedebista na disputa. Sem o PMDB, a eleição poderia acabar em primeiro turno e, com o tucano José Serra no páreo, não haveria garantia de que o petista Fernando Haddad seria o vitorioso.

Participaram da reunião da cúpula do PMDB o vice-presidente Michel Temer; o presidente do Senado, José Sarney (AP); o líder do partido na Casa, Renan Calheiros (AL); e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Eunício Oliveira (CE).

Em outra frente, Temer almoçou ontem com o pré-candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, para discutir a possibilidade de um acordo eleitoral.

Das agências

Insatisfeitos com o governo Dilma Rousseff e com as articulações do PT para as eleições de outubro, 45 deputados federais do PMDB ameaçam se rebelar contra o Planalto. Eles assinaram ontem um manifesto protestando contra o que chamam de "hegemonia petista" na política. No texto de 25 linhas que será entregue oficialmente na segunda-feira ao vice-presidente da República, Michel Temer, e ao presidente nacional do partido, senador Valdir Raupp (RO), os parlamentares reclamam "da relação desigual e injusta" do Planalto com o PMDB se comparado com o tratamento que o PT recebe.

"Nas propostas e nas decisões maiores [do Planalto], o PMDB não tem participado e é visível o esforço do governo para fortalecer o Partido dos Trabalhadores", afirma a nota. Embora pouco mais da metade da bancada tenha assinado o manifesto, outros parlamentares peemedebistas deverão aderir ao texto até a segunda-feira.

É nesse clima de tensão na relação com o PT e com o governo que o manifesto propõe ainda um encontro nacional das bases do PMDB, em Brasília, para o dia 25 de abril. O objetivo seria reunir vereadores, prefeitos e presidentes de diretórios do PMDB em todo o país para questionar a aliança com o PT e o governo federal.

Diminuído

O PMDB tem se sentido diminuído na partilha Esplanada. É a segunda legenda com mais ministérios: tem cinco, contra 16 do PT. Para os peemedebistas, porém, a proporção de pastas é amplamente desfavorável ao PMDB: o partido tem 76 deputados federais e o PT, 86.

Além disso, o orçamento total para investimentos neste ano das cinco pastas peemedebistas é de R$ 4,1 bilhões; os petistas dispõem de R$ 38 bilhões. Nesse quesito, o PMDB fica inclusive atrás de outras três duas siglas aliadas: o PR (que tem R$ 17,6 bilhões para investir), o PP (R$ 8,9 bilhões) e o PSB (R$ 6,5 bilhões).

Os peemedebistas estariam de olho, dentre outros cargos, na vaga de ministro dos Transportes, que hoje é ocupada pelo PR e que já foi do PMDB. O atual ministro, Paulo Passos, deve sair na reforma ministerial – pois, embora seja filiado ao PR, não foi indicado pelo partido. Mas, em princípio, o ministério continuará com o Partido da República, que também está insatisfeito com a relação com o governo federal.

O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), ontem inclusive fez críticas emocionadas ao Ministério dos Transportes. Ele caiu no choro enquanto falava das "pés­­simas condições" da BR-364, durante audiência pública da Co­­­missão de Agricul­­­tura e Reforma Agrária do Senado sobre problemas nas radovias da região Norte.

Raupp disse que não conseguiu se conter ao lembrar dos "muito amigos" que morreram na BR-364, que liga Mato Grosso ao Acre, passando por Rondônia. Ele disse que chorava igualmente pelas famílias que perderam seus entes queridos naquela rodovia. O presidente do PMDB disse que há três anos vem cobrando providências do Minis­­­tério dos Transportes (período da gestão do PR na pasta). Ele ainda afirmou que já levou reivindicação a dez ministros, sem que nenhum deles tenha atendido a seus pedidos.

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