• Carregando...
Dilma Rousseff acompanhou Lula ao interior de Minas. Outros três ministros participaram de inaugurações | Sérgio Neves/AE
Dilma Rousseff acompanhou Lula ao interior de Minas. Outros três ministros participaram de inaugurações| Foto: Sérgio Neves/AE

Dilma usa PAC para atacar adversários

Ao contrário da eleição de 2006, quando o presidente Lula adotou a linha "paz e amor", este ano a candidata da situação Dilma Rousseff dá mostras de que sua campanha tomará outro rumo. Ontem, na festa de inauguração da barragem do rio Setúbal, no Vale do Je­­qui­­tinhonha, a ministra da Casa Civil não perdeu tempo e partiu para o confronto com a oposição, a quem acusou de planejar o fim no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – o mais ambicioso projeto do governo Lula.

"Muitas pessoas têm dito nos últimos dias, aliás o próprio presidente do partido de oposição disse que acabaria com o PAC porque o PAC não existe e ele acabaria com essa história do PAC", disse a ministra. "É muito grave, porque nós estamos aqui justamente inaugurando uma obra concreta e real que todos vocês sabem que existe e que está aqui ao lado".

Embalada, a ministra falou gros­­­so e insistiu no cerco aos oponentes. "Vira e mexe querem acabar com algum programa do go­­­verno Lula. Em 2006, queriam aca­­­­bar com o Bolsa Família. Agora o objetivo é acabar com obras como essa que estamos inaugurando. E isso não vamos deixar", atacou.

Porém, como estava em território inimigo, poupou o governador mineiro Aécio Neves. Ao contrário: tanto ela como Lula o elogiaram. "Os prefeitos aqui de Minas e o governador Aécio Neves têm sido parceiros. A barragem é uma obra do PAC com uma parceria muito produtiva e muito bem sucedida com o governador Aécio Neves", disse a ministra.

Reação imediata

Os ataques de Dilma não ficaram sem resposta. De imediato, o PSDB divulgou uma nota, assinada por sua vice-presidente nacional – a senadora Marisa Serrano (MT) – reiterando as críticas ao PAC. "Diante de sua reconhecida falta de experiência política, a ministra Dilma Rousseff adota as conhecidas artimanhas do PT que, historicamente, aprimorou de maneira nunca vista a retórica do medo e da mentira. Foi assim em 2006, quando criou a fantasia sobre o fim dos programas sociais e da privatização de empresas estatais. Felizmente, não se consegue enganar o povo o tempo todo", diz o documento.

"Os brasileiros sabem que o PAC não é um programa de obras e sim um slogan publicitário. Em verdade, o PAC não passa de um amontoado de obras sem foco nem objetivo. As raras inaugurações têm servido, apenas, para o treinamento intensivo do uso de palanques eleitorais para a ministra. Não convence nem pode ser levado a sério", completa a nota.

Da redação, com agências

A campanha eleitoral chegou mais cedo neste ano de votação para presidente e governadores. E o clima de "caça aos votos" será ditado por uma velha e conhecida prática: candidatos no palanque entregando obras.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que vai "inaugurar o máximo de obras possível" até março, antes que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e outros ministros candidatos deixem seus cargos (o prazo é abril) para concorrer no pleito de outubro.

A estratégia já está sendo colocada em prática. Lula participou da inauguração de uma barragem e de uma escola técnica no interior de Minas Gerais. E levou, além de Dilma, os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). Patrus deve ser candidato ao governo de Minas; Geddel ao governo da Bahia.

"Eu disse ao companheiro Geddel que, nesse primeiro trimestre, nós vamos precisar visitar muito Minas Gerais. Vamos precisar pegar todas as obras que tem Minas, que são muitas, para que a gente possa inaugurar, porque a partir de abril o Geddel já não estará mais no governo, a Dilma já não estará mais no governo e quem for candidato não pode nem subir no palanque comigo", afirmou o presidente. "É importante que a gente inaugure o máximo de obras possível para que a gente possa mostrar quem foram as pessoas que ajudaram a fazer as coisas nesse país", reiterou.

O presidente disse ainda que a oposição não gosta quando o governo inaugura obras, fica "nervosa", e que ele torce para que políticos de qualquer partido inaugurem obras. "Fico sempre torcendo, seja um prefeito do DEM, do PSB, do PSDB, do PMDB, do PFL, de qualquer partido político, seja o governador (de Minas Gerais) Aécio Neves, que é do PSDB. Deus queira que ele inaugure cada dia uma obra porque, quanto mais obra ele inaugurar, mais o povo será beneficiado."

Segundo Lula, é preciso acabar com a "mesquinharia nesse país de que dois caciques da política ficam brigando e quem come o pão que o diabo amassou é o povo pobre desse país". "Vamos acabar com isso."

Sucessão

Lula também aproveitou a solenidade pública para provocar os adversários, afirmando que tem certeza de que fará o seu sucessor. Em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, o presidente vinculou eventual vitória da oposição na eleição presidencial de outubro a um retrocesso e disse que "ninguém precisa acreditar em fantasias e em promessa de última hora".

Depois de falar em "revolução na educação" durante sua gestão, o presidente disse que espera que seu sucessor invista ainda mais na construção de escolas profissionalizantes. "Deus queira que quem vier depois de mim – eu fiz 214 –, que faça 300, que faça 400, que invista muito mais", afirmou, para em seguida cutucar os opositores. "Sabem que eu não posso discutir eleição. A única coisa que eu tenho certeza é que nós vamos fazer a sucessão presidencial. Que me desculpem os adversários, mas nós vamos ganhar para poder ter continuidade essas coisas".

Para uma plateia em sua maioria de petistas, o presidente argumentou que "se para tudo que está acontecendo no Brasil", o país irá retroceder.

Antes, Dilma já havia reiterado os ataques contra o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), acusando-o de planejar o fim do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em um discurso no qual engasgou quatro vezes, Dilma repetiu também a acusação de que os tucanos pretendiam, em 2006, acabar com o programa Bolsa Família.

Aécio ausente

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), optou por não com­­parecer às inaugurações ao lado dos petistas. E foi representado pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alberto Duque Portugal. Porém, outro Aécio presente, o prefeito da cidade, Aécio Jardim (PDT), não escapou das vaias da plateia todas as vezes que seu nome era anunciado. Na política local, o prefeito sofre oposição do PT e seu partido é aliado do governador tucano. Ao mesmo tempo, o público presente ovacionou a ex-prefeita, a petista Maria do Carmo Fer­­reira Silva, muito à vontade no palanque.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]