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 | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

O núcleo da campanha presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG) trabalha com o cenário de que o partido leva para 2014 o mesmo legado de votos de 2010, quando José Serra fez 43,95% dos votos válidos. "O PSDB tem um pouquinho menos da metade do eleitorado brasileiro. Precisamos de um dedinho a mais para ganhar", avalia o deputado federal paranaense Luiz Carlos Hauly.

Ex-secretário estadual de Fazenda, Hauly é um dos principais colaboradores da coordenação de campanha de Aécio na área econômica. Segundo ele, todos os trabalhos de articulação feitos até agora têm sido comandados pelo próprio Aécio. O parlamentar conta que o partido captou um "sentimento de mudança" entre a população e está preparado para uma disputa com Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB).

"A gente trabalha com uma série de indicadores favoráveis para essa vertente. Precisamos de algo de impacto. Eu defendo algo como um Plano Real 2, para uma nova etapa de desenvolvimento", diz Hauly.

Quem está no eixo da coordenação da campanha presidencial?

Tudo gira em torno da direção do partido. Como o Aécio Neves é presidente nacional do PSDB, ele acabou assumindo o comando, dividindo tarefas com a executiva nacional, os líderes e vice-líderes no Congresso. Eu tenho mantido contato [com Aécio], apresentado sugestões. Conversamos várias vezes ao longo desses últimos três meses.

Então é o próprio Aécio que dá as cartas?

Sim. Você leva um assunto para ele, conversa com a equipe mais próxima, como o Luiz Paulo Vellozo Lucas [ex-deputado federal pelo Espírito Santo], e a coisa começa a andar.

Como o senhor tem con­tribuído para a campanha?

Minha maior experiência é tributária, voltada para a micro e pequena empresa. Toda a legislação de proteção e estímulo desse setor é de paternidade do PSDB. Há também algumas questões econômicas e de desenvolvimento. Minha última experiência [como secretário de Fazenda do Paraná] também ajuda com o que fizemos com o programa Paraná Competitivo [de atração de investimentos privados]. Posso dizer que criamos no estado o melhor ambiente para a micro e pequena empresa do Brasil.

Qual deve ser o tom do dis­­curso econômico do PSDB na campanha?

Ainda não há uma formulação fechada. Só temos linhas básicas, aqueles pontos que o Aécio enfocou em dezembro, quando apresentou um documento com as 12 diretrizes de governo do PSDB para a campanha presidencial. A gente está trabalhando em cima deles e preparando as propostas efetivas que serão lançadas gradativamente por ele. O foco é o crescimento econômico sustentado, a questão fiscal, que não anda nada bem. O Brasil precisa crescer mais e com mais distribuição de riquezas. Há uma preocupação grande com energia e infraestrutura.

O que vai mudar na es­­tratégia do PSDB após três derrotas consecutivas na disputa presidencial?

O sentimento que a gente tem é que a população quer mudança. E o PSDB tem que fazer essa leitura e se apresentar como alternativa de mudança. Como é um partido mais consolidado, com mais credibilidade entre a oposição, é mais fácil para o Aécio concentrar esse sentimento. A gente trabalha com uma série de indicadores favoráveis para essa vertente. Precisamos de algo de impacto. Eu defendo algo como um Plano Real 2, para uma nova etapa de desenvolvimento.

Há uma impressão de que o Aécio está com dificuldades para achar um caminho. No ano passado, demitiu o mar­­queteiro que havia acabado de contratar [Renato Perei­­ra]. A campanha está mesmo sendo bem planejada?

Está tudo muito bem planejado. Você sente que há um sentimento de carinho, de respeito por todos os colaboradores. Há uma preocupação geral com cada detalhe, de cada evento. Quando ele veio a Curitiba, foi espetacular. Em todos os lugares que ele visita a sensação é de sucesso.

Está 100% apaziguada a re­­la­­ção entre Aécio e José Serra?

Eu acredito que sim. E acho que nem havia rusgas, apenas uma vontade dos dois de serem candidatos. Naturalmente, foi­ se abrindo uma preferência pelo Aécio. O Serra continua prestigiado por todos os lados. Há pouco tempo ele veio ao Paraná receber a Ordem do Pinheiro.

O quanto a candidatura de Eduardo Campos (PSB) tem prejudicado a busca por alianças do PSDB? Por en­­quanto, parece que só há um acordo firme com o Soli­­dariedade.

Essa disputa por aliados vai ser palmo a palmo até as convenções. Não dá para dizer que ninguém está consolidado com ninguém. O que o governo fez com o DEM ao estimular a criação do PSD foi, como se diz na economia de mercado, um dumping. Foi feito de tudo para quebrar o partido. Mas o DEM sobreviveu e, acredito, até lá na frente o PSD também pode vir conosco. Não há segurança para a Dilma no processo sucessório com nenhum aliado. Na hora em que o vento virar, adeus Dilma.

Quando houve as mani­­festações de junho de 2013, imaginou-se que a oposição poderia crescer com o des­­contentamento da popula­­ção, mas não é o que as pes­­quisas mostram. O que fal­­tou para capitalizar os pro­­testos?

A oposição ainda tem a participação no eleitorado que sempre teve. Não é algo extemporâneo ao processo eleitoral que vai mudar isso. O PSDB tem um pouquinho menos da metade do eleitorado brasileiro. Nas últimas três eleições foi esse o cenário e é com isso que trabalhamos. Precisamos de um dedinho a mais para ganhar.

É com essa premissa, de que é necessário captar uma pequena parte dos votos do PT para ganhar, que o par­­tido trabalha?

Exatamente. Tem muito do senso de oportunidade que você tem que ter em debates pontuais.

Há risco de um enfren­ta­­mento entre Eduardo Cam­­pos e Aécio "cani­­balizar" a oposição e abrir margem para uma vitória de Dilma no primeiro turno?

Vai haver uma tentativa do Eduardo, que está atrás, de utilizar algumas variáveis para deslanchar. Mas nós também sabemos nos defender. Vamos fazer de tudo para evitar que ele chegue perto.

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