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O prédio da prefeitura de Curitiba, que fica na praça Nossa Senhora da Salette, foi usado como hospital. | EVERSON BRESSAN/Prefeitura de Curitiba
O prédio da prefeitura de Curitiba, que fica na praça Nossa Senhora da Salette, foi usado como hospital.| Foto: EVERSON BRESSAN/Prefeitura de Curitiba

No momento em que voavam bombas de gás e balas de borracha na tarde desta quarta-feira (29), no Centro Cívico, a prefeitura de Curitiba se transformou em base de resistência para os manifestantes e um posto médico para o atendimento de mais de uma centena de feridos. “Uma bomba de gás explodiu na minha cara”, contou o estudante Ícaro Moura, mostrando o curativo que cobria um corte profundo na testa e um menor no supercílio. No pescoço, ainda tinha a marca do sangue escorrido. A colega Emília Perez estava com um ferimento na perna, estilhaços da mesma bomba que atingiu Ícaro. “A gente falava para os policiais: nós podíamos ser filhos de vocês!”, disseram.

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A Guarda Municipal deu apoio no transporte de feridos – a maioria levados para o Hospital Cajuru e para as UPA Matriz e Boa Vista. A equipe de atendimento a grandes desastres foi acionada, contou o enfermeiro Eduardo Funchal. Mais de 50 pessoas trabalharam nos primeiros socorros aos feridos. Além de cortes por estilhaços de bombas e inchaços causados pelas balas de borracha, a maioria dos casos era de problemas respiratórios causados pelos gases. Uma mulher com crise de asma foi atendida deitada no saguão. Foram comuns também casos de torsões e fraturas ocorridas durante a correria.

Ao todo, 213 pessoas ficaram feridas na manifestação, segundo dados da Prefeitura de Curitiba. Destas, 150 foram atendidas em 12 ambulâncias ainda na praça. Sessenta e três feridos foram encaminhados para hospitais. Dois veículos da Ecco Salva e um da Unimed deram suporte ao serviço. Segundo o governo do estado, 40 pessoas ficaram feridas, entre elas, 20 policiais. Ao todo, sete pessoas foram presas.

  • Repórter fotográfico da Gazeta do Povo foi atingido por um estilhaço.
  • Deputado estadual Péricles de Mello (PT) transita entre os manifestantes.
  • Manifestantes ocupam o Centro Cìvico
  • Um cordão de isolamento de policiais na rua Lysimaco Ferreira da Costa fez com que os manifestantes passassem ao Centro Cívico em conta-gotas.

A cada avanço da polícia, manifestantes se refugiavam no prédio da prefeitura. A todo momento entravam pessoas chorando – ou pelos efeitos do gás lacrimogêneo ou desesperadas e amedrontadas. Boatos de mortos no confronto se espalharam, deixando mais gente apreensiva e em busca de informações sobre amigos e parentes. O cenário na tarde de quarta-feira foi bem diferente da vivenciada nos confrontos ocorridos nos protestos de junho de 2013: naquela ocasião os enfrentamentos aconteceram à noite, quando o prédio municipal estava fechado.

Visivelmente indignado com o que via, o prefeito Gustavo Fruet foi para a frente da prefeitura, reforçar aos servidores que a ordem era acolher todos que estivessem precisando de ajuda. Ele comentou que o cerco policial no Centro Cívico já havia se transformado em mal-estar quando, na segunda-feira, os servidores que chegavam para trabalhar passaram a ser revistados. “Já vínhamos alertando sobre a reação desproporcional da polícia”, comentou. Na opinião do prefeito, é necessário um recuo da polícia para trazer a tranquilidade de volta ao local. Os funcionários foram dispensados. Só ficaram os que estavam auxiliando às vítimas ou dando suporte aos manifestantes. Longas filas se formaram nos banheiros. Às seis da tarde, o prédio continuava cheio.

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