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Hurricane

Presos de operação da PF no Rio devem ser levados a Brasília

Entre os detidos, há um ex-vice do TRF no Rio, delegados, advogados e bicheiros. Eles são suspeitos de envolvimento na máfia dos caça-níqueis

Fãs adoram o "estilo" Amy Lee | Divulgação/Seven Shows
Fãs adoram o "estilo" Amy Lee (Foto: Divulgação/Seven Shows)

A Polícia Federal deve levar de avião para Brasília os presos de uma operação contra jogo ilegal realizada nesta quinta-feira (13/4).

A operação, batizada de Hurricane (furacão, em inglês), resultou na prisão de 25 pessoas, entre elas desembargadores, delegados da PF, um procurador que já estava afastado, contraventores, um agente e um sevidor da PF, além de empresários e advogados.

A operação foi deflagrada de manhã no Rio de Janeiro, em São Paulo, na Bahia e no Distrito Federal (DF).

Segundo a PF, em Brasília, o presos ficarão na carceragem da superintendência da PF, onde vão prestar depoimento e ficarão à disposição da Justiça. Um jato EMB-145 está à disposição da PF no Rio de Janeiro para transportar os presos. Como foram efetuadas prisões em outros estados, a PF está estudando a melhor forma de fazer o deslocamento até Brasília.

Segundo a PF, ao todo, foram cumpridos 70 mandados de busca e apreensão e 25 de prisão. Em Brasília, a PF confirmou que as 25 pessoas já foram presas. As investigações foram coordenadas pelo Departamento de Inteligência da PF. Em Brasília, os policiais apreenderam documentos em dois endereços, entre eles um escritório de advocacia.

Na operação, foi apreendido um volume de dinheiro que a polícia afirma ser muito grande, mas que ainda está sendo contado e que será transportado em um carro-forte para uma agência da Caixa Econômica Federal. Trinta carros - a maioria importados - e uma moto foram levados para o estacionamento do Cais Porto, na Praça Mauá, no centro do Rio, e que fica em frente à sede regional da Polícia Federal.

Os detidos são suspeitos de envolvimento em exploração de jogos ilegais, corrupção de agentes públicos, tráfico de influência e receptação. Por envolver pessoas com foro privilegiado, o caso está sendo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, e o ministro Cezar Peluso decretou sigilo de justiça.

Na lista parcial de presos, estão o ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal, desembargador José Eduardo Carreira Alvim, o delegado da Polícia Federal de Niterói, Carlos Pereira, o procurador regional da República João Sérgio Leal Pereira, que está afastado e é o único preso na Bahia.

Também estão na lista Aniz Abraão David, o Anísio, presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, Aílton Capitão Guimarães, presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio, seu sobrinho Júlio Guimarães, e o banqueiro do jogo do bicho Antônio Petrus Kalil, também conhecido como Turcão.

O gabinete do ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal, desembargador José Eduardo Carreira Alvim foi lacrado na manhã desta sexta por agentes federais, no Rio de Janeiro. O presidente do tribunal, o desembargador federal Antônio Castro Aguiar não quis se pronunciar sobre a prisão dele.

"Estamos diante das maiores operações de combate a corrupção já realizadas no Brasil, pelo nível das pessoas detidas. Os delegados ganhavam para atacar determinados grupos", contou o Renato Porciúncula, diretor de Inteligência da PF.

Ao todo, 360 policiais de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, e 94 viaturas foram trazidos desses estados para o Rio em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Defesas

Na casa do desembargador Carreira Alvim, a informação é a de que ele convocará uma entrevista coletiva para esclarecer os fatos. Segundo parentes, Carreira Alvim já constituiu advogado.

O advogado de Antônio Petrus Kalil, o Turcão, informou que vai anunciar nas próximas horas quais os procedimentos que pretende adotar na defesa do seu cliente.

O advogado Nélio Machado, defensor do suspeito Aílton "Capitão" Guimarães, disse que o seu cliente está estarrecido com a prisão. Segundo ele, hoje em dia, Guimarães tem uma vida regular e não consegue entender porque foi preso.

Investigação

As investigações tiveram início há um ano, quando a PF descobriu contrabando de componentes eletrônicos para máquinas caça-níqueis. Na mesma época, o delegado da PF que foi preso nesta sexta-feira (13), Carlos Pereira, comandou a operação Vegas para reprimir o funcionamento ilegal de bingos e de máquinas caça-níqueis. A operação acabou deflagrando duas outras ações na seqüência, Vegas II e III.

A Polícia Federal identificou uma organização criminosa especializada na prática de múltiplos crimes, incluindo exploração de jogos ilegais, corrupção de agentes públicos, tráfico de influências e receptação.

Foi apurado durante a investigação o envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro, o que implicou no encaminhamento de Relatório de Inteligência Policial ao Supremo Tribunal Federal, que resultou no Inquérito nº 2424/2006 – STF, presidido pelo Ministro Relator Cézar Peluso.

De acordo com a assessoria de imprensa da PF, o inquérito embasou a manifestação do Procurador-Geral da República, Antônio Fernando de Souza, que culminou na expedição das buscas e prisões cumpridas nesta sexta-feira.

Os contraventores Anísio, Turcão e capitão Guimarães já tinham sido condenados em 1993 a 6 anos de prisão por envolvimento com o jogo do bicho. Foi o maior julgamento de bicheiros no país. Ao todo, 14 foram presos. Mas, três anos depois, favorecidos pela liberdade condicional, todos já estavam fora da cadeia.

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